Às vésperas de completar meia década de vida, a divisão Motorsport da BMW – simplesmente M, para os íntimos – passa pela maior revolução desde a sua fundação, em 1972: pela primeira vez, seu clássico logotipo vermelho e azul é estampado em um carro totalmente elétrico, o i4 M50. Será que esse modelo honrará seu legado esportivo?
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O i4 é oferecido em duas versões, eDrive40 e M50, e ambas chegarão ao Brasil no segundo semestre deste ano. Para antecipar o que vem por aí, fomos até os Estados Unidos, a convite da fábrica, para conhecer o modelo e fazer um test-drive.
A aparência chamativa do i4 M50 é praticamente a mesma do Série 4 Gran Coupé, com óbvias alterações típicas de um elétrico: não há saídas de escape e a enorme grade dianteira é só decorativa. De fábrica, o sedã traz rodas de 19 polegadas, mas pode receber as de 20 polegadas, que aparecem nas fotos, como opcionais.
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Por dentro, o i4 se diferencia do irmão a combustão sobretudo pelas enormes telas curvas destacadas e apoiadas no painel. São 12,3 polegadas na que representa o quadro de instrumentos e 14,9 na da central multimídia, com sistemas Apple e Android.
A grande diferença está sob o capô, como se costuma dizer no caso dos carros equipados com motores a combustão, mas que nos elétricos não é necessariamente assim. O i4 M50 é equipado com dois motores elétricos, um em cada eixo, com potência combinada de 544 cv e até 81 kgfm de torque, ou seja, 34 cv e 14,7 kgfm a mais do que no M3 Competition.
A diferença de peso entre esses dois sedãs, no entanto, equilibra a comparação, já que o i4 é mais pesado por conta das baterias que precisa transportar: são 2.290 kg contra 1.805 kg do M3 Competition.
Assim, de acordo com os números da BMW, o elétrico leva exatamente os mesmos 3,9 segundos do sedã a combustão para ir de 0 a 100 km/h. A tração do M3 é traseira e a do i4 M50, integral.
Apesar do desempenho semelhante, as respostas dos carros ocorrem de formas muitos particulares. No elétrico, o torque instantâneo defere uma pancada de força aos passageiros, com uma arrancada abrupta. Depois, com o crescimento da velocidade, o motor parece se estabilizar e, finalmente, perder força.
É justamente o contrário do carro a combustão, no qual a entrega de torque cresce conforme o giro do motor aumenta. São sensações diferentes, embora igualmente empolgantes.
Vale lembrar, porém, que um esportivo não é feito apenas de um 0 a 100 km/h rápido, em linha reta. E a BMW sabe muito bem disso. Por isso, o i4 M50 consegue trazer o prazer ao dirigir típico de um M, mesclando tradição e mordernidade de forma muito afiada.
Mesmo com uma suspensão adaptativa que busca ajudar no conforto, o modelo parece colado ao chão, inclusive em curvas mais fechadas e a velocidades mais altas. Também apesar da suspensão, é possível sentir grande parte das imperfeições do solo, como divisões e rachaduras do asfalto.
A unidade dirigida estava equipada com as rodas maiores, calçadas com pneus 255/35, ou seja, de perfil extremamente baixo. As rodas de 19 polegadas têm pneus 255/40.
A dirigibilidade é um ponto alto do carro e reforça sua veia esportiva. A direção progressiva do i4 é muito direta e com peso certo para cada situação – a velocidades maiores, o volante ganha um peso extra. Os bancos esportivos em formato de concha ajudam a segurar o corpo nas curvas feitas com mais emoção. É como em um autêntico sedã da linhagem M.
Mesmo com essa pegada, no entanto, o i4 M50 não é um carro arisco ou difícil de se ter no dia a dia, pelo contrário.
Suas dimensões sem exageros, os modos de condução disponíveis (entre eco, conforto e sport) e a boa modulação do pedal do acelerador o tornam amigável também para enfrentar o caótico trânsito de Nova York, onde iniciamos nosso test-drive ou em qualquer capital brasileira.
Quem sentir falta do som de um motor pode ativar o ronco emitido, quando se seleciona alguns dos modos de condução. Segundo a fábrica, o ruído foi produzido pelo compositor alemão Hans Zimmer, conhecido por seus trabalhos com trilhas sonoras vencedoras de prêmios como Grammy e Oscar.
Aos mais afeitos à modernidade, o som pode agradar pelos timbres graves e futuristas, mas quem gosta da melodia raiz de um escapamento de verdade, torcerá o nariz para o som claramente fictício, e que só é reproduzido na cabine.
O i4 também pode ser um carro familiar, desde que para uma família com no máximo dois filhos. O espaço interno é satisfatório, com boa acomodação para as pernas dos passageiros traseiros laterais.
A tarefa de levar um terceiro ocupante central torna-se praticamente impossível com o altíssimo túnel central formado para abrigar as baterias, que tem as saídas e os comandos do ar-condicionado. O espaço para a cabeça pode ser um problema para pessoas mais altas no banco traseiro, já que o i4 se inspira nos cupês com uma angulosa (e baixa) caída do teto.
Já o porta-malas de 470 litros leva sem grandes problemas as bagagens de todos e permite a entrada de objetos maiores, graças à abertura no melhor estilo hatch, que eleva o vidro traseiro junto à tampa.
Caso a família queira cair na estrada para alguma viagem mais longa, o i4 também deverá ajudar. Isso porque sua autonomia de até 510 km já está acima dos atuais modelos do mercado, que dificilmente chegam aos 500 km.
Para ajudar na segurança e no conforto, há diversos sistemas de condução, como assistente de permanência em faixa, piloto automático adaptativo, leitura de placas de velocidade, assistente de estacionamento e alerta de colisão frontal. O veículo também é preparado para 5G, ainda em implantação no Brasil, e estreia a nova geração de multimídia da BMW.
Mesmo não sendo nervoso como um M3 Competition, até por ainda ser uma versão e não um modelo à parte, o i4 M50 prova que é possível inserir todo o DNA de esportividade de um BMW M em um carro elétrico sem que isso fique artificial. Na prática, é uma nova experiência de uma tradição já estabelecida há 50 anos.
Veredicto Quatro Rodas
Primeiro elétrico assinado pela M faz jus ao logo azul e vermelho, com pegada esportiva e muito prazer ao dirigir. Isso com uma autonomia acima do mercado.
Ficha técnica – BMW i4 M50
Preço: US$ 65.900
Motor: elétrico (dois), 544 cv, 81 kgfm; capacidade de bateria, 83,9 kWh/210,6 Ah
Câmbio: automático, 1 marcha + ré; tração integral
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Pneus: 245/40 R19 (diant.) e 255/40 R19 (tras.)
Dimensões: compr., 478,8 cm; larg., 207,2 cm; altura, 144,8 cm; entre-eixos, 285,5 cm; peso, 2.290 kg; porta-malas, 470 l
Desempenho: 0 a 100 km/h, 3,9 segundos; velocidade máxima de 210 km/h; autonomia, 510 km
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