Quando produzimos e gravamos o vídeo do BMW iX, em maio, listamos os 25 detalhes mais impressionantes do modelo. A autonomia do utilitário esportivo foi, sem dúvida, a maior surpresa. Afinal, com 630 km de alcance prometidos, esse SUV é o que vai mais longe entre todos os modelos elétricos disponíveis no Brasil.
Poderia, por exemplo, viajar de São Paulo ao Rio de Janeiro sem a necessidade de recargas pelo caminho. A ideia – verbalizada no vídeo disponível em nosso canal do YouTube – permaneceu no ar como uma possibilidade para um segundo encontro.
Teríamos então mais tempo com o carro, já que na primeira oportunidade foram apenas algumas horas ao nosso dispor. E esse dia chegou. A princípio, iríamos da capital paulista até a Cidade Maravilhosa, uma viagem de 460 km.
Com tudo armado, o desafio começou a parecer fácil demais, e resolvemos ousar: por que não viajar cerca de 540 km da sede da BMW do Brasil, em São Paulo, até a fábrica da marca, em Araquari, Santa Catarina? Ideia lançada, desafio aceito e lá fomos nós.
Antes de mais nada, reforçamos à BMW a necessidade de que o iX estivesse com as baterias cheias na retirada. Pedido atendido: com 100% de carga, o SUV marcava autonomia de 659 km às 8h28. Pelo horário, resolvemos parar para um café ainda em São Paulo antes de encarar a viagem.
A padaria ficava a 7,4 km do local de origem, mas com intensas subidas típicas do bairro do Morumbi. Foram gastos 5% da energia nesse trecho, o que já deu um frio na barriga. De São Paulo a Araquari pela BR-116 (Rodovia Régis Bittencourt), há apenas dois pontos de recarga, ambos em território paulista (Registro e Cajati) e com tomada rápida.
Após Curitiba (PR), todos os carregadores ficam em perímetro urbano e estão ou na capital do Paraná ou na catarinense Joinville, cidade vizinha a Araquari. Ou seja, contamos com a sorte e a eficiência do BMW iX.
A segunda parada para esticar as pernas e conferir o andamento da viagem foi no Graal Japonês, a 81 km da padaria do café da manhã e a 89 km da sede da BMW, entre as cidades paulistas de Juquitiba e Santa Rita do Ribeira. Por lá, o quadro de instrumentos marcava 87% da bateria e uma autonomia de ainda impressionantes 639 km.
Pausa e imagens feitas, seguimos viagem. Antes, mais um adendo: registramos os principais pontos do trajeto em stories no Instagram da Quatro Rodas, em tempo real. Visite o nosso perfil e veja os vídeos salvos em Destaques, com o nome “SP-SC de BMW iX”.
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Saímos do posto e logo iniciamos um longo trecho de descida de serra na Rodovia Régis Bittencourt. É o paraíso para carros elétricos: nesse cenário, o freio entrou em ação e a energia passou a ser regenerada.
Durante o trecho, o SUV conseguiu recuperar 1% da carga – bastante coisa para a enorme bateria de 111,5 kWh da versão topo de linha submetida ao teste – e ultrapassou os 800 km de autonomia projetada.
Criou-se um clima de empolgação e uma vontade de ir ainda mais longe, mas a felicidade durou pouco. Logo após a descida, havia retas e uma situação mais real. Vale dizer que mantivemos a velocidade da via, que varia de 60 a 110 km/h, sem acelerações bruscas. Além disso, trafegamos no modo de condução mais eficiente e com o ar-condicionado ligado.
Ao passar por Cajati, a aproximadamente 220 km do local de origem e com 347 km restantes, já havíamos voltado ao modo “a vida como ela é”. O carro marcava um alcance de 560 km e 73% da carga. Na divisa entre os estados de São Paulo e do Paraná, a autonomia era de 317 km. A capacidade da bateria estava em 53%, com mais 237 km pela frente.
A felicidade da descida foi substituída por momentos de tensão, já que, antes e depois da divisa, há trechos de subida de serra que elevaram (e muito!) o gasto energético. Também foi no Paraná a última parada antes do destino final, especificamente em um posto em São José dos Pinhais, logo após Curitiba.
Fizemos mais registros e abastecemos o nosso Chevrolet Onix de Longa Duração, que fez desta sua última viagem. Por sua vez, o BMW iX já marcava 34% restantes de carga nas baterias e 224 km de alcance. Eram 17h04, e havíamos percorrido aproximadamente 410 km. Já em território catarinense e sem a luz do sol, a carga da bateria parecia se aproximar do fim.
Havia 24% de capacidade quando chegamos ao último trecho de serra – uma íngreme descida com velocidade máxima de 60 km/h, muito trânsito e uma garoa fina, que nos colocava em estado de atenção e não nos permitia tirar o pé do freio.
O resultado? A regeneração de bem-vindos 5% de bateria, elevando o alcance para mais de 250 km. Pelo mapa, faltavam apenas 70 km até a fábrica brasileira da BMW.
Quase 11 horas após a saída de São Paulo, chegamos sãos, salvos e com 20% de bateria, além de impressionantes 196 km de autonomia restantes – suficientes para chegar, com algum esforço, até Florianópolis. Isso, é claro, se não houvesse trechos com longas subidas pelo caminho.
Na fábrica, uma funcionária nos aguardava para que pudéssemos entrar e, enfim, dar uma carga na bateria do iX. O carregador, vale dizer, oferecia carga rápida por meio de um sistema de captação solar e armazenamento de energia em baterias recicladas do monovolume i3, o primeiro carro elétrico da marca no Brasil.
Como não pudemos deixar o iX plugado na fábrica de um dia para o outro, outras pessoas ainda nos esperavam na concessionária Euro Import, em Joinville. Seria lá a noite de sono e de recarga do SUV para que, no dia seguinte, pudéssemos retornar a São Paulo com as baterias cheias, mesmo que planejássemos paradas para recarga no retorno.
No dia seguinte, um imprevisto: a concessionária passou por problemas elétricos durante a noite e o iX não recarregou.
Os responsáveis notaram apenas pela manhã e posicionaram o carro em outro carregador. O nível, porém, subiu apenas 40% e ficou em 63%, insuficientes para chegar ao carregador mais próximo no caminho para São Paulo, em Tabatinga (PR). Já a tomada de maior capacidade na estrada estava disponível apenas em Registro (SP).
Decidimos levar o SUV a um carregador rápido de Joinville para, aí sim, completar a carga e voltar às terras paulistanas.
Por fim, o BMW iX não apenas cumpriu sua missão com folga como deixou claro que, mesmo com certos imprevistos, o tempo de se viajar com carros elétricos chegou. O utilitário esportivo ainda fez isso com muita tecnologia, conforto e sem gastar uma gota ou um centavo de gasolina.
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