Contas de Instagram já vêm sendo usadas como canal de vendas por alguns segmentos. Por exemplo, a indústria de fast fashion. O interessado vê a roupa, clica na imagem e é direcionado para o e-commerce da marca. Mas isso acontece com peças que valem em torno de 50, 100, 200 reais. Não com carros que custam seis dígitos.
Na quarentena pela pandemia do coronavírus, com as concessionárias fechadas e sem data para reabrir, a estratégia começa agora a ser adotada pelo segmento automotivo. A pioneira é a marca alemã BMW. A partir de hoje, quem entrar na conta @bmwdobrasil encontrará lá uma foto com o anúncio de venda do novo 330e M Sport.
O interessado deve então fazer o cadastro no post do Instagram mesmo, e as informações serão encaminhadas para a rede BMW concluir as negociações. O preço: 297.950 reais. A estratégia será testada pela primeira vez pela montadora com o público brasileiro – um dos mais afeitos às redes sociais, cabe lembrar.
O modelo é produzido na fábrica do grupo BMW em Munique, na Alemanha. Trata-se da versão híbrida plug-in do automóvel mais vendido da história da fabricante alemã. A linha já conta no Brasil com as versões 320i Sport, 320i Sport GP, 320i M Sport e 330i M Sport.
Com condução semiautônoma, o modelo é capaz de seguir distância e velocidade do automóvel à frente, reconhecer e permanecer nas faixas de rodagem e até refazer percursos em marcha ré de forma automática. A autonomia do veículo em modo puramente elétrico é de até 66 quilômetros. O sistema plug-in híbrido desenvolve potência combinada de 292 cavalos e garante aceleração de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos.
“Aumentamos o poder de escolha do cliente com mais alternativas para este modelo, o sedã premium mais vendido no Brasil e um clássico da BMW”, afirma Roberto Carvalho, diretor comercial da BMW do Brasil. “Optamos por oferecer o carro em nosso canal do Instagram para dar comodidade aos clientes, que podem concluir o processo com a rede de concessionários sem sair de casa”.
Não é a primeira iniciativa inovadora da marca em meio à crise da pandemia. A BMW começou a vender carros diretamente pelo Mercado Livre, sendo a primeira marca a trabalhar com a plataforma de vendas online. A Chevrolet anunciou que venderá o Tracker pelo site, mas somente a apenas a partir da segunda quinzena de maio.
As marcas premium, até agora, parecem estar sofrendo menos os efeitos da crise causada pela pandemia. No Brasil, a Porsche registrou crescimento de 113% no primeiro trimestre. Somente o modelo 911 teve mais de 300 unidades emplacadas. No começo de maio, a McLaren completou dois anos de operação brasileira com 50 modelos comercializados – a meta era 40. Globalmente, a Ferrari superou o valor de mercado da General Motors e da Ford, após a montadora italiana reportar um bom resultado no primeiro trimestre. A Ferrari atingiu valor de 30,1 bilhões de dólares, enquanto a GM ficou em 29,3 bilhões e a Ford em 19,2 bilhões.
Os números do segmento automotivo como um todo, no entanto, são desanimadores. A venda de veículos se manteve em baixa na primeira quinzena de maio, com cerca de 30 mil unidades comercializadas. Em relação ao mesmo período de 2019, isso representa uma queda de 72%.
No acumulado do ano, a queda nas vendas chega a 31,4%. O cálculo inclui carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões. Os dados prévios do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) mostram, porém, uma pequena recuperação em relação à primeira metade de abril, devido justamente às vendas digitais. Essa é a aposta de montadoras como a BMW.