Toytota Corolla CrossHybrid 2023

Foto: Toyota / Divulgação

Em discurso proferido na semana passada durante evento do setor automotivo em São Paulo (ABX 22), o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu o uso de etanol como um meio de transição para o carro elétrico. O Toyota Corolla e o Corolla Cross usam tecnologia híbrida com etanol.

Acompanhado de executivos do setor, como Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do Sul, Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, e de Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, Paulo Guedes disse que “ninguém vai para o elétrico do dia para a noite”, e que “a forma mais fácil e barata para chegar a isso (eletrificação) é passar pelo etanol”.

Esse discurso é uma clara referência aos argumentos utilizados por diversas empresas nacionais na defesa do etanol como combustível para veículos híbridos, solução que possui muitos defensores, mas que esbarra na limitação da produção do combustível de origem vegetal.

O ministro Paulo Guedes afirmou ainda que “esses caras (representantes das montadoras) vão exportar o flex para o Japão e para os Estados Unidos”, sem entrar em detalhes e nem explicar como ele acredita que os países (Japão, principalmente) vão fazer para garantir o abastecimento de etanol para os veículos.



Toyota Corolla Cross foi um dos primeiros híbridos com etanol

Toyota Corolla Cross foi um dos primeiros híbridos com etanol

Foto: Toyota / Divulgação

Na sequência, Paulo Guedes aproveitou para voltar a criticar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), afirmando que o tributo deveria se chamar ICPI, imposto contra produtos industrializados, já que ele “destrói a indústria brasileira” e voltou a dizer que planeja acabar com o imposto. 

O ministro só não revelou – mais uma vez – como pretende compensar a inevitável queda de arrecadação que essa medida provocaria não só para o governo federal, mas também para os estados. De acordo com especialistas, só existem dois caminhos: reduzir gastos do governo ou aumentar a dívida pública (que já é alta). 

Para se ter ideia, basta lembrar que a redução de 25% do IPI para automóveis, decretada no mês passado, vai causar redução de arrecadação prevista pelo próprio governo em R$ 15,6 bilhões neste ano. 

Além disso, o ministro da Economia não mencionou qualquer iniciativa de longo prazo que possa contribuir para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.

Paulo Guedes afirmou ainda – sem ser contestado – que a indústria brasileira “não está e não estará em risco”. Logo em seguida, contudo, o titular da Economia se contradisse, dizendo que “o processo de reindustrialização tem duas alavancas: reorganização das cadeias globais de produção e o custo da energia”.

Para o ministro, o Brasil se encontra em um momento decisivo. “A pandemia e a Guerra na Ucrânia desorganizaram as cadeias globais e o mundo nunca mais será o mesmo”, disse sobre a primeira alavanca que vai impulsionar a reindustrialização nacional.

O novo momento, nas palavras de Paulo Guedes, vai impor novos requisitos para a realização de investimentos, e um dos principais será a questão logística. “Ninguém mais quer correr o risco de ficar vulnerável, deixar 70% da produção de componentes em Taiwan”, disse, referindo-se à produção de chips e semicondutores.

Já sobre a segunda alavanca, Paulo Guedes afirmou que o Brasil tem a energia mais barata do mundo, “tirando os impostos”. Disse ainda que o Brasil vai deixar de ter uma economia cinza, para passar a verde, produzindo energia ainda mais barata, mencionando os exemplos de geração eólica e solar.

Investimentos e/ou incentivos para promover o desenvolvimento de ciência e tecnologia, infraestrutura e a tão defendida competitividade dos produtos brasileiros no exterior não foram mencionados durante a apresentação do ministro, que não falou também sobre a demissão de um terço dos funcionários da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP).

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