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A Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE) aprovou, nesta segunda-feira (21), os indicados para as embaixadas do Brasil em Israel, por 15 votos favoráveis e um voto em branco, e da Argentina, por 16 votos a favor. Também foi aprovada com 16 votos a indicação para o cargo de delegado permanente do Brasil junto à Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), em Montreal, Canadá. As matérias seguem agora para apreciação do Plenário do Senado.

Israel

O indicado para a embaixada do Brasil em Israel, o general Gerson Menandro Garcia de Freitas, destacou que o relacionamento bilateral se fortaleceu nas visitas presidenciais, na abertura do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) nesse país e na celebração recente de seis acordos estratégicos.

Gerson Menandro também ressaltou que Israel é um país com 43% de solo desértico e poucos recursos hídricos naturais. Em contraste, apontou, o agronegócio no Brasil é de escala mundial, o que faz do país um provedor de alimentos. O diplomata aposta no aumento dessa produtividade como fator de fortalecimento da relação entre os dois países — com foco nas áreas de irrigação, fertilização, reúso da água e dessalinização.

— Outras quatro áreas que eu citaria: defesa, segurança pública, setores cibernético e espacial. Israel é reconhecidamente um país muito avançado em seus meios, equipamentos, doutrinas, táticas e técnicas de defesa. E nós podemos avançar bem mais — avaliou.

Questionado pelo senador Fernando Collor (Pros-AL) sobre a situação política de Israel, o indicado apontou que, apesar da instabilidade interna, o ambiente externo é favorável, com mais países reconhecendo o Estado de Israel.    

Argentina

O relatório sobre a indicação de Reinaldo José de Almeida Salgado ressalta o conhecimento acumulado pelo diplomata no que se refere ao relacionamento entre Brasil e Argentina.

Durante sua sabatina, o indicado classificou o atual contexto como desafiador para as relações entre os dois países. Reinaldo destacou o grau de incerteza provocado pelos efeitos da pandemia nas áreas de comércio e investimentos. Apesar desse cenário, o diplomata diz estar otimista.

— Minha ampla experiência com o Mercosul e a Argentina, como diretor do Departamento de Mercosul do Itamaraty e como ministro-conselheiro da nossa embaixada em Buenos Aires, me traz confiança e otimismo. Saberemos superar os desafios do momento — afirmou.

A cooperação parlamentar, a qualidade do comércio com a Argentina e os investimentos mútuos também foram destacados por ele. De acordo com o diplomata, há 150 empresas brasileiras na Argentina, com estoques de investimentos de aproximadamente R$ 17 bilhões, gerando 53 mil empregos diretos. No sentido inverso, há no Brasil 60 empresas argentinas, com R$ 10 bilhões em estoques de investimentos e 43 mil empregos diretos.

— Nossa fronteira comum é de 1.261 quilômetros, e temos importante cooperação em áreas estratégicas, como a nuclear, a de defesa, a espacial, a de ciência e a de tecnologia, e todas elas são áreas que pretendo incentivar. Recebemos a cada ano, no Brasil, dois milhões de turistas argentinos e exportamos 1,5 milhão de brasileiros para a Argentina a cada ano — completou.

Questionado sobre a retirada da Argentina das negociações para o acordo Mercosul-União Europeia, Reinaldo respondeu que esse país já voltou à mesa das negociações, mas se reservando o direito de pedir certas flexibilidades.

Aviação civil

Norberto Moretti destacou a importância da OACI para a aviação internacional e a participação ativa do Brasil nessa organização. A mobilização para a superação da crise no setor aéreo, causada pela pandemia de covid-19, também foi ressaltada. O impacto econômico da covid-19 foi apresentado em números por Moretti, que os senadores consideraram “acachapantes”.

De acordo com o diplomata, a previsão para 2020 em todo o mundo é de uma redução do número de passageiros em 2,8 bilhões. A queda de assentos ofertados pelas companhias aéreas deve ficar entre 49% e 51%. No Brasil, em agosto deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado, a demanda por voos domésticos caiu 67,5%, e a diminuição do número de passageiros em voos internacionais foi de 92%.

— É uma crise sem precedentes. Não se compara nem com a que foi produzida depois dos ataques às torres gêmeas em Nova York. Globalmente, a perda de receita das companhias aéreas com transporte de passageiros pode chegar a US$ 393 bilhões. No Brasil, pode chegar a aproximadamente US$ 11 bilhões. O impacto sobre o emprego nesse setor, evidentemente, causa grande preocupação, inclusive no Brasil — completou Moretti.

A principal resposta da OACI à crise foi o estabelecimento de uma força tarefa para recuperação da aviação civil, que sugeriu dez princípios e várias medidas práticas destinadas.

Questionado pelo senador Fernando Collor sobre o impacto no turismo e sobre como recuperar a aviação civil brasileira, o diplomata mencionou medidas adotadas por governos como França e Alemanha para ajudar o setor aeroportuário, por meio de empréstimos.

— Essas medidas são similares. Evidentemente, elas guardam alguma relação com a profundidade dos bolsos dos governos. No caso do Brasil, o BNDES lidera um consórcio de bancos públicos e privados para oferecer empréstimos que podem somar até R$6 bilhões, além de várias outras medidas adotadas, sobretudo aquelas que visam aliviar o caixa das empresas e das concessionárias de aeroportos — disse Moretti.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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