Carro atravessando área de enchente (Foto: Lovro Rumiha)

Depois das fortes chuvas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, a tempestade da última segunda-feira pegou de surpresa os paulistanos. Muitos não esperavam que a água subisse tão rápido e acabaram perdendo seus carros, estacionados nas ruas ou mesmo em garagens e estacionamentos subterrâneos, que foram inundados.

Já demos dicas de como proceder caso o motorista esteja dirigindo em condições de temporal, mas e se o carro for elétrico? As recomendações são as mesmas? Há risco de curtos-circuitos, explosões ou de choques nos ocupantes?

Segundo Ricardo Takahira, da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil, o medo associado à combinação de água e eletricidade, algo que escutamos desde criança, não procede quando falamos de carros elétricos.

Autoesporte foi de São Paulo ao Rio de Janeiro com três carros elétricos: BMW i3; Chevrolet Bolt; Renault Zoe (Foto: Gustavo Maffei e Marcos Camargo)

“Esses veículos têm sistemas complexos de proteção, um conteúdo tecnológico muito maior. Não faria sentido os fabricantes de automóveis sacrificarem a segurança dos passageiros apenas para oferecer uma nova tecnologia de propulsão”, afirma.

Muitas das precauções devem ser as mesmas feitas para carros a combustão, mas os elétricos até levam vantagens em alguns casos. Os conectores e a bateria ficam em invólucros selados, projetados para que não haja contato com a água, portanto o risco de estrago é menor.

Por exemplo, em uma travessia de área alagada, o modelo a combustão precisa entrar com uma marcha mais forte engatada, normalmente a segunda, e manter o giro alto do motor e a velocidade constante para que a água não entre pelo escapamento – esse não é um dos problemas do elétrico, que não tem escapamento.

Mas para ambos, o ideal é que a água não ultrapasse muito a metade da roda, já que se o nível subir muito, pode haver perda de contato com o solo e o carro começar a boiar. Até nessa hora os elétricos levam vantagem. Como são mais pesados por conta da bateria, é preciso de mais força para tirá-los do chão. Ou seja, um elétrico tem menos chance de sair navegando sozinho.

SUV elétrico Toyota-Subaru (Foto:  Divulgação)

Takahira explica que existem vários módulos eletrônicos que detectam a fuga da corrente elétrica caso o sistema de vedação esteja comprometido, ou seja, se houver desgaste das borrachas – algo que ocorre com o tempo – a ponto de permitir que a água entre em contato com os componentes.

“Isso pode até causar um curto, mas não será sentido pelos ocupantes do veículo. Por projeto, os módulos e o motor têm um índice de proteção com pressão positiva, de onde só sai ar, e não entra ar ou água. Portanto se houver algum risco, o circuito desarma os polos da bateria e o carro para de funcionar.”

Caso o carro não tenha problemas de vedação dos componentes eletrônicos, a chance de recuperação de um veículo elétrico que ficou submerso até a altura do assoalho é até maior que a de um automóvel a combustão. É preciso levar modelo a um mecânico para secar terminais e eventualmente trocar borrachas, mas não há risco de fundir o motor, por exemplo.

A chance de recuperação diminui caso a água tenha entrado na cabine, uma vez que os módulos, fusíveis e relês internos não recebem a mesma proteção e selagem que os componentes do motor e bateria.

Carregador carro elétrico  (Foto: Divulgação)

Bônus: os híbridos

Para os carros híbridos, as recomendações são as mesmas de um carro a combustão, já que ele tem esse tipo de motor combinado a um elétrico. Ou seja, os riscos não mudam.

Apenas os híbridos plug-in (e os elétricos, claro, por terem carregamento externo) merecem uma dose extra de cuidado. O plugue em si não é energizado, a recarga só inicia depois que uma série de requisitos são preenchidos. Mas, se você estiver em um eletroposto carregando o carro e começar uma chuva forte, não tente tirar o plugue do carro: “a água é condutora de energia e seu corpo pode receber uma descarga elétrica”, finaliza o engenheiro. É o único risco real.



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