Com as preocupações globais em torno das mudanças climáticas, questões sobre a escolha do veículo mais ecológico estão cada vez mais presentes na sociedade. A escolha por manter um carro atual ou comprar um elétrico ou híbrido é um tema em discussão. Afinal, como podemos decidir qual opção é a mais adequada para reduzir as emissões de CO2?

De acordo com Nick Molden, fundador e diretor executivo da Emissions Analytics, é necessário repensar de forma mais ampla como os veículos afetam o meio ambiente. Não devemos focar apenas na eliminação da emissão de gases poluentes pelo escapamento – precisamos considerar a produção e o descarte das baterias dos carros elétricos, o desgaste dos pneus e outros aspectos.

Uma das principais distinções entre a produção de um veículo elétrico e um carro com motor de combustão é a bateria. Segundo Nick, para produzir uma bateria de 80 quilowatts-hora são necessárias cerca de oito a dez toneladas de emissões de fabrico. Isso inclui os materiais extraídos e refinados na China, onde o carvão ainda é uma grande fonte de energia. À medida que o mundo se torna cada vez mais dependente de energia renovável, o número de emissões de carbono necessárias para produzir as baterias diminuirá.

Já um carro médio no Reino Unido, como o Nissan Qashqai ou Ford Kuga, pode emitir cerca de duas a três toneladas de CO2 por ano com um motorista que percorre cerca de 15 mil quilômetros por ano. Com base nesses números, seria necessário conduzir um veículo elétrico por cerca de quatro anos para compensar as emissões de um carro a combustão.

No entanto, essas baterias pesadas em carbono não duram para sempre – normalmente precisam ser substituídas a cada 10 a 20 anos. Para proporcionar reduções significativas de CO2, as baterias devem durar muito além do ponto de equilíbrio, segundo Nick. “Realmente, precisam chegar a cerca de 14 anos, que é a expectativa de vida média de um veículo típico”, explica ele. Se as baterias conseguirem durar tanto tempo, há uma chance real de proporcionar reduções significativas no ciclo de vida do CO2.

No que se refere a outros aspectos negativos dos carros elétricos, devido às grandes baterias, os veículos elétricos são cerca de 400 a 500 kg mais pesados do que os carros com motor de combustão. O peso extra das baterias exige pneus maiores, normalmente feitos com combustíveis fósseis de petróleo. Portanto, há muitos dos mesmos poluentes presentes em um cano de escape também nos pneus dos carros elétricos.

Porém, há ainda a questão dos carros híbridos. Embora tenham autonomia elétrica limitada, eles ainda são mais ecológicos do que os carros com motor de combustão. Os híbridos não plug-in têm baterias menores, o que significa que “não são muito mais pesados do que um veículo padrão”, diz Nick. Eles não dependem de infraestruturas de carregamento, o que pode reduzir os custos de manutenção e elimina a necessidade de tempo de espera para recarga das baterias. A venda de novos carros híbridos será proibida na UE e no Reino Unido em 2035, o que aumenta a necessidade de investir em soluções mais ecológicas.

No final, a escolha entre manter um carro atual ou comprar um elétrico ou híbrido não é tão simples quanto parece. É necessário considerar todos os aspectos que envolvem a produção, utilização e descarte dos veículos e das baterias, além dos custos e benefícios associados a cada opção. Cada um tem seu trade-off e, portanto, é importante avaliar e selecionar a alternativa que melhor atenda aos seus interesses e ao meio ambiente.

Fonte: Será a troca de um carro convencional por um elétrico a escolha mais ecológica?

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