A Locomotiva da Eletrificação e os Desafios para a Indústria Automobilística Global

A locomotiva da eletrificação começou a se deslocar a 2 km por ano há mais de 20 anos, impulsionada por movimentos ambientalistas europeus. Hoje, esse movimento se move a mais de 100 km/h, criando uma disrupção sem precedentes na indústria automobilística global.

A base desse movimento foi criar a demanda por carbono zero, vinculando a emissão de CO2 ao chamado aquecimento global, no qual se debita as grandes mudanças climáticas do planeta e suas consequências catastróficas. No entanto, este movimento começa a entrar em rota de colisão econômica na maioria dos mercados que apostaram seus investimentos na mobilidade chamada carbono zero.

A China, aproveitando sua rampa de escala de produção de veículos, soube criar um novo mercado tecnológico promovendo a corrida pela solução elétrica em todas as suas configurações híbridas e puramente elétricas. Com ajuda dos tradicionais fabricantes europeus e americanos, os chineses desenvolveram as melhores tecnologias de eletrificação e propulsão, produzindo em alta escala toda a cadeia de fornecimento tecnológico, incluindo as famosas baterias de lítio que dominam hoje o mercado mundial de baterias para carros elétricos.

Os altos investimentos internos da China, patrocinados pelo governo chinês, catapultaram a indústria chinesa automobilística a uma vantagem competitiva e tecnológica que dificilmente o ocidente terá chance de alcançar. Com uma capacidade produtiva perto de 30 milhões de veículos por ano, a China tem o parque fabril mais moderno do mundo em toda a sua cadeia de valor.

Os Estados Unidos, por sua vez, com 17 milhões de capacidade produtiva, tentam acompanhar essa corrida mercadológica e competitiva, mas ainda esbarram nas barreiras internas sindicais e nos passivos de sua indústria tradicional. A indústria americana ganha ainda certo tempo em seu mercado interno porque os chineses com suas marcas não podem, por barreiras geopolíticas, entrar no mercado americano. Porém, os Estados Unidos dificilmente vão conseguir fazer frente ao monstro tecnológico chinês e sua escala produtiva.

A Europa, com 15 milhões de capacidade produtiva, perde-se atualmente com suas metas ambientais para carbono zero, criando uma disrupção sem precedentes em sua famosa e tradicional indústria automobilística.

O pequeno mercado brasileiro, por sua vez, enfrenta o desafio de se defender com políticas que incentivem o mercado interno a consumir veículos com propulsão usando combustíveis alternativos, apostando na geração de hidrogênio verde. No entanto, a indústria local tem um grande desafio pela frente à estratégia definida pela indústria automobilística chinesa.

Mesmo com a reforma tributária em curso e o programa Mover recém desenhado, o cenário para a indústria automobilística brasileira é desafiador. É necessário um crescimento substancial do PIB brasileiro, desoneração da indústria local e geração de empregos qualificados para que a demanda cresça e a indústria brasileira possa competir no mercado global.

Em suma, a locomotiva da eletrificação está impulsionada a mais de 100 km/h pela gigante competitividade chinesa e dificilmente irá parar. A indústria automobilística global enfrenta desafios sem precedentes, e é crucial que os diversos mercados encontrem soluções inovadoras para se manterem competitivos. A transição para a eletrificação certamente transformará a indústria automobilística, e é fundamental que as empresas e os países se adaptem a essa nova realidade para garantir a sua posição no mercado global.

Fonte: Carro elétrico ou híbrido não é mais um tema ambiental. Virou mercadológico. – AutoIndústria

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