Quando olhei pela primeira vez para esse carrinho aí das fotos, o Wee da paranaense Kers, e li que ele só tem três rodas, me lembrei imediatamente da Romisetta (abaixo) e do início da indústria automobilística no Brasil.

Anúncio da Romi Isetta, anos 1950

De certa forma, a transição da indústria, saindo dos motores a combustão para os elétricos poderia ser encarada quase que (para usar um termo da moda) uma espécie de reinvenção do automóvel. Vá lá que carros movidos a bateria já foram até populares no início do século passado, mas nos últimos 100 anos, foram os combustíveis fósseis os grandes donos do pedaço – quer dizer, das ruas e estradas. A mudança, agora, portanto, é bem radical.

Wee, carro elétrico da Kers, indústria paranaense

Daí que, além de grandes adaptações e alterações nas montadoras tradicionais, a migração para a tecnologia elétrica abriu, também, espaço para que novos empreendedores aparecessem, buscando, quem sabe, nichos de mercado inexplorados ou mal explorados pelos grandalhões.

Tal qual fizeram as Indústrias Romi, de Santa Bárbara d’Oeste (como grafa a propaganda da época), em meados dos anos 1950, ousando enfrentar grandalhonas como Ford, Volkswagen, General Motors etc.

Wee, carro elétrico da Kers, indústria paranaense

Espero que o destino da Kers seja mais auspicioso e menos sabotado – a Romi ficou de fora dos polpudos incentivos fiscais dados às montadoras multinacionais para que se implantassem no Brasil e, também por isso, acabou desistindo de produzir carros.

Wee, carro elétrico da Kers, indústria paranaense

Sobre o pequeno Wee, o que sabemos é que tem três rodas e dois lugares, tal qual a Isetta italiana original – a produzida aqui tinha quatro –, motor com 12 kw (pico de 24 kw) na traseira e baterias na dianteira e autonomia para até 200 km, podendo ter suas baterias inteiramente recarregadas em até 8 horas. Vem equipado com direção elétrica e ar condicionado. Pesando somente 600 kg, o pequenino pode, segundo o fabricante, chegar aos 100 km/h de velocidade máxima, limitados eletronicamente (nos elétricos, velocidades médias altas liquidam a carga da bateria muito mais rápido).

O preço dessa primeira versão será de R$ 95 mil, mas uma outra, com mais baterias sob os bancos, chegará em seguida, com autonomia de até 400 km.

Wee, carro elétrico da Kers, indústria paranaense

Com uma produção inicial de apenas cinco unidades mensais, a Kers não pretende nesse primeiro momento competir para valer com rivais como a JAC Motors – que, hoje, vende o elétrico mais barato de nosso mercado, o e-JS1, por pouquinho menos de R$ 160 mil. Na verdade, o Wee sequer chegará às lojas. Com foco em mobilidade urbana, a montadora pretende destiná-lo apenas a locadoras e aplicativos, embora tenha em seus planos a fabricação de outros modelos, maiores.

Torço para que dê certo.

Wee, carro elétrico da Kers, indústria paranaense



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