Por Renato Romio, Chefe da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT)
Nos últimos anos, os carros elétricos têm sido o hit entre as montadoras e consumidores, principalmente nos países desenvolvidos. As principais feiras e eventos do setor automobilístico mostram todos os anos as novidades do gênero, indicando que o futuro da mobilidade será elétrico. Até este ponto há consenso entre todos que atuam no setor, porém as divergências e dúvidas começam quando surgem as perguntas sobre qual tipo de veículo elétrico.
Os veículos elétricos que utilizam apenas baterias para fornecer energia para o motor têm um grande problema: a própria bateria. O conjunto do veículo é mais simples em relação a um veículo convencional que utiliza apenas o motor de combustão interno, mas a bateria acaba prejudicando a ideia, pois ela é muito cara, demora para ser carregada e possui uma durabilidade menor que a do carro comum. Isso faz com que os veículos elétricos apresentem preços maiores e levam os fabricantes a considerarem diminuição no volume de vendas no futuro.
O problema do custo e da forma de operação estão sendo enfrentados, mas ainda não há previsão para que a tecnologia se torne popular, principalmente em países em desenvolvimento. Os cientistas e engenheiros estão incansavelmente buscando soluções e elas estão surgindo, como baterias melhores, células de combustível ou mesmo aquelas que consideram ainda a utilização do velho motor de combustão interna.
Veículos elétricos à bateria não emitem gases pelo escapamento, aliás nem possuem escapamento, porém, atualmente, ainda não são capazes de realizar longas viagens sem recarga, são caros e devem apresentar baixo valor de revenda em razão da necessidade de substituição das baterias. Eles estão se tornando o futuro por imposição da legislação de controle de emissões de gases estufa. A Europa e países de outras regiões estão seguindo por esse caminho e oferecendo incentivos financeiros para o consumidor adquirir este tipo de veículo. É claro que não é uma situação que pode persistir por muito tempo, se houver um crescimento da venda destes veículos.
O Brasil possui uma solução muito boa para redução das emissões de gases de efeito estufa nos veículos que é o etanol. Claro que estes veículos emitem C02 pelo escapamento, porém esse gás é capturado pela cana de açúcar em fase de crescimento e novamente se transforma em etanol. Muitos países procuram soluções similares à do Brasil, inclusive produzindo combustíveis sintéticos a partir de eletricidade.
Os países devem considerar todas as alternativas que envolvem os veículos elétricos e elas não são iguais para todo o planeta. O Brasil, por exemplo, poderia considerar a utilização de veículos híbridos, que misturam motor de combustão interna e motores elétricos, com a utilização do etanol. Esta seria uma solução acessível aos consumidores e, portanto, que não implica em redução de vendas e, consequentemente, permite a continuação da renovação da frota de veículos, garantindo a contínua redução da emissão de poluentes nos grandes centros.
O curioso é que falamos muito sobre veículos elétricos, mas nunca lembramos de um tipo de veículo elétrico no qual a bateria não é um problema e cuja tecnologia é mais que nossa conhecida: o trólebus. Esse tipo de veículo é uma opção espetacular e relativamente barata para utilização nas grandes cidades.
Enfim, estamos na direção correta que é a de diminuir a utilização de combustíveis fósseis. Ainda há muitas dúvidas sobre qual o melhor caminho, mas a direção está definida. Temos que considerar as alternativas para que isso ocorra o mais brevemente possível, pois, com as tecnologias que temos, e as que temos previsão de surgimento, as previsões é que ainda ficaremos algumas décadas consumindo muito petróleo.
Renato Romio – Possui graduação em engenharia mecânica pelo Instituto Mauá de Tecnologia e especialização em administração. Atualmente, é Chefe da Divisão de Motores e Veículos do IMT.
Sobre o Instituto Mauá de Tecnologia
O Instituto Mauá de Tecnologia – IMT promove o ensino científico-tecnológico há 59 anos, visando formar recursos humanos altamente qualificados. Com dois campi localizados em São Paulo e São Caetano do Sul, o IMT conta com um Centro Universitário e um Centro de Pesquisas. O Centro Universitário oferece cursos de graduação em Administração, Design e Engenharia. Na pós-graduação, são oferecidos cursos de atualização, aperfeiçoamento e especialização (MBA) nas áreas de Gestão, Design e Engenharia. O Centro de Pesquisas desenvolve tecnologias para atender às necessidades da indústria e atua como importante elemento de ligação entre as empresas e a academia.