Não há como negar, os carros eletrificados (híbridos ou elétricos) já são realidade no Brasil. Ainda que, percentualmente, pareçam poucos, em setembro, tivemos 6,4 mil emplacamentos desse tipo de veículo no país, o maior desde 2012. Nos primeiros nove meses do ano, o total de carros elétricos e híbridos vendidos por aqui somam 34,2 mil unidades. Os dados são da Associação Brasileira de Veículos Elétricos.
Em um mundo ideal, para cada carro elétrico da frota brasileira existiria um carregador doméstico, mas não há como confirmar esse dado. Por outro lado, os carregadores público e semi públicos, instalados em estradas, postos de combustíveis, shoppings, estacionamentos e supermercados, estão cada vez mais disputados. Se antes ficavam ociosos, atualmente, já existe fila por recargas.
De acordo com dados da Elev, empresa de soluções de mobilidade, são 1.300 carregadores públicos no país, mas não são distribuídos igualitariamente, a maior parte deles está no Sudeste. São Paulo é a capital do país no setor, com 445 eletropostos, em seguida, está a cidade do Rio de Janeiro, com 120 eletropostos, Brasília, com 90, Belo Horizonte, com 70. Curitiba, com 69, Florianópolis, com 56, Porto Alegre, com 52, Salvador, com 30 e Recife, com 29.
São Paulo aderiu ao compromisso da COP 26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática) de eletrificar toda sua frota até 2035, mas ainda estamos muito atrás da China, por exemplo, onde o governo instalou mais de 800 mil eletropostos públicos pelo país.
No Brasil, quem investe na infraestrutura são empresas privadas, como montadoras, locadoras, companhia de energia, entre outras. Mas aí está uma questão: quem deve contribuir para melhorar a infraestrutura para carros elétricos, empresas interessadas em atuar no mercado (cobrando pelo serviço), montadoras quem vendem os veículos eletrificados ou o governo?
Entre as marcas que vendem elétricos no país, Volvo, BMW e Porsche atuaram ativamente na instalação de eletropostos públicos. A Nissan e Renault também anunciaram investimentos. Algumas, no entanto, acreditam no ponto de carregamento individual, quando cada um tem o seu eletroposto em casa, mas não supre a necessidade em uma viagem, por exemplo.
Carregadores “free” vão acabar?
Com a popularização dos veículos elétricos, é natural que mais empresas ofereçam o serviço de carregamento – principalmente o rápido – surjam no mercado. O número de carregadores deve crescer a um nível semelhante ao de países desenvolvidos.
No Estados Unidos, há um carregador para cada quatro modelos elétricos, mas boa parte deles são pagos, já que são de carregamento rápido ou ultra-rápido, que acontece em minutos. A questão é que o Brasil ainda precisa regulamentar a cobrança por energia para abastecimento de carros, o que atrasa a instalação dessas empresas.
Ricardo David, sócio-diretor da Elev, explica que a realidade de carregamento grátis não será infinita, mas em um futuro próximo poderá ser mais barato carregar seu veículos em eletropostos públicos e semipúblicos do que em casa. Além da enorme economia em relação aos combustíveis fósseis, é claro.
“Atualmente vemos o investimento de montadoras nos carregadores, mas isso não será para sempre e no futuro os usuários precisarão estar atento aos preços, que obviamente continuarão sendo mais baratos que os veículos a combustão. Porém, carregar o carro em um posto público e semipúblico poderá ser mais barato do que carregar em casa. Isso porque o custo da energia será mais barato nesses locais de recarga”, explica.
Redução de custos vai além do combustível
Além da redução de custos com combustível, os donos de carros elétricos economizam na manutenção. Modelos movidos a energia apresentam um custo 70% menor em relação às manutenções, principalmente porque contam com apenas 20% do total de peças em comparação aos carros movidos a combustíveis fósseis.
Somando as duas economias e os incentivos governamentais em alguns países, a eletrificação reduz consideravelmente o custo de uma frota de veículos. Não à toa, empresas como Mercado Livre e Uber planejam eletrificar completamente seus veículos em curto prazo em alguns países.
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