Os biocombustíveis são uma alternativa sustentável viável aos carros elétricos, de acordo com uma pesquisa recente liderada pelo pesquisador Marcelo Gauto e publicada na revista científica Energy for Sustainable Development. A pesquisa levou em conta a matriz energética brasileira e as emissões de diferentes tipos de energia, desde a fabricação dos veículos até a produção, distribuição e queima de combustíveis como gasolina pura, etanol, biometano ou eletricidade.

Embora os carros elétricos sejam frequentemente considerados a solução mais ecológica para a indústria automotiva, a pesquisa aponta que eles ainda têm questões de sustentabilidade a responder a longo prazo, como a disponibilidade suficiente de lítio, cobalto, níquel, terras raras, cobre e outros metais para a produção de baterias, cabos e motores elétricos. Além disso, a eletricidade para abastecer esses veículos ainda pode vir de usinas térmicas que queimam combustíveis fósseis como carvão, diesel ou gás.

Por outro lado, os biocombustíveis já provaram suas vantagens ambientais sustentáveis hoje e no futuro em diversos estudos. Os carros híbridos flex, produzidos no Brasil pela Toyota, combinam um sistema de propulsão híbrido convencional ou pleno com bateria pequena recarregável só pela rotação do motor flexível etanol-gasolina. Eles já demonstraram benefícios na redução de emissões, como mostra a pesquisa liderada por Gauto.

De acordo com os números da pesquisa, levando em conta todo o ciclo de vida da produção do veículo ao seu uso, um carro rodando com gasolina pura emite 269,3 gramas de CO2 equivalente por quilômetro (gCO2e/km), enquanto o mesmo veículo a combustão com etanol E100 emite menos da metade, 120,9 gCO2e/km, ou três vezes menos, 73,6 gCO2e/km, com gás biometano. Um híbrido HEV, que se autocarrega só com o motor a combustão, é a combinação mais sustentável e emite ainda menos quando usa só biocombustíveis: 77,5 gCO2e/km com E100 e 59,5 gCO2e/km com biometano – este foi o melhor resultado do estudo.

Os híbridos plug-in, recarregáveis na tomada, perdem parte da vantagem porque usam mais a propulsão elétrica e precisam de baterias maiores, que emitem mais CO2 na produção: com E100, um PHEV emite 91,4 gCO2e/km e com biometano 85,8 gCO2e/km. Ainda assim, esses são números melhores do que um carro a combustão com etanol, mas piores do que motores alimentados por biometano. Já um BEV, 100% elétrico a bateria, emite 104,8 gCO2e/km quando alimentado pela matriz energética brasileira, mais de 80% dela renovável. Ainda assim, o resultado é pior do que qualquer híbrido combinado com etanol ou biometano, ou mesmo um veículo a combustão abastecido só com biometano.

A pesquisa realizada na Unicamp mostra que os biocombustíveis são uma opção mais sustentável e viável para a indústria automotiva, ao contrário do que se acreditava anteriormente. Embora os carros elétricos possam ser eficazes em alguns países, a disponibilidade de biocombustíveis é um elemento importante a ser considerado para a transição para uma economia sustentável em outros países.

Fonte: Carro híbrido flex ganha por muito do elétrico em emissões de poluentes

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