A eletrificação dos carros veio para ficar e o Brasil não está fora dessa. Algumas montadoras já comercializam veículos elétricos e híbridos em nosso mercado, mesmo com as inúmeras dificuldades por conta do preço e da infraestrutura que, na maioria do país, ainda é bem precária quando pensamos no abastecimento desses veículos.

O mercado nacional possui muitos modelos de carros híbridos, sejam eles plug-in, aqueles em que podemos carregar em uma estação de recarga ou na corrente elétrica; ou os híbridos leves, que têm sua bateria preenchida com a energia do próprio carro com as frenagens e aceleração do propulsor a combustão.

Caso o Brasil já estivesse no patamar de outras praças no quesito infraestrutura, seria fácil dizer que, para o uso urbano, os carros elétricos são, sem qualquer dúvida, os mais vantajosos em diversos aspectos. Mas, diante da nossa realidade, os híbridos acabam sendo uma opção mais viável. Entretanto, há muitas variantes a serem observadas.

No Canaltech já tivemos a oportunidade de avaliar modelos dos dois estilos e suas respectivas propostas estão bem definidas. Mas qual será a que vale mais a pena: híbridos plug-in ou híbridos leves?

Autonomia: Híbridos Plug-In

Os carros híbridos plug-in possuem, via de regra, baterias maiores e com maior capacidade. Tomemos como exemplo o Volvo XC40 Plug-in Hybrid, que avaliamos no Canaltech em 2020. Sua bateria é de 10,7 kw/h, o que lhe dá a capacidade de rodar apenas no modo elétrico, sem gastar uma gota de combustível, por até 40 quilômetros a uma velocidade máxima de 100 km/h. Ou seja, desempenho suficiente para ir ao trabalho e voltar com apenas uma carga.

Já quando vamos para o híbrido leve, como o Toyota Corolla, o motor elétrico age apenas em situações de arrancada ou condução mais tranquila, de modo que economizemos ainda mais combustível.

Volvo XC40 T5 Hybrid R-Design (Imagem: Felipe Ribeiro/Canaltech)

Volvo XC40 T5 Hybrid R-Design (Imagem: Felipe Ribeiro/Canaltech)

Além disso, outro ponto que deve ser observado no comparativo é a autonomia total. Com uma média de 20 a 25 km/l, o Volvo XC40 pode andar pouco mais de 1.000 quilômetros com um tanque de combustível. Isso é possível porque, mesmo sem termos estações de recarga à disposição em uma estrada, por exemplo, a própria frenagem e o motor a combustão são capazes de carregar o carro e reabastecer a bateria.

Já com os híbridos leves, a depender do tamanho do tanque de combustível e da bateria, a autonomia total é bem parecida com a de um carro flex convencional, muito embora demore bem muito mais para esgotar o tanque.

Portanto, se você pensa em autonomia, pura e simplesmente, o híbrido plug-in é a escolha certa para você.

Carregamento: Híbrido Leve

A menos que você tenha uma wallbox em sua residência ou planeje bem o uso do modo elétrico do seu híbrido plug-in, é bem complicado carregá-lo sem uma infraestrutura competente. Isso acontece porque, mesmo que seja possível deixar a bateria cheia apenas usando o motor e a frenagem, o consumo de combustível, em especial na cidade, vai para o espaço.

Ainda que o modo híbrido do carro plug-in esteja ativo, sem bateria suficiente não é possível utilizar o modo que alia os dois motores. Enquanto isso, no híbrido leve, é praticamente impossível ficar sem bateria, já que seu tamanho é pequeno, algo na casa de 1,3 kWh, o que ajuda com o carregamento via frenagem ou energia cinética.

Toyota Prius (Imagem: Felipe Ribeiro/ Canaltech)

Toyota Prius (Imagem: Felipe Ribeiro/ Canaltech)

Além disso, caso você tenha uma wallbox, por mais que os custos de energia elétrica não sejam exorbitantes, eles impactam, de certa maneira, no orçamento, enquanto os híbridos leves não necessitam de carregamento pelas estações ou energia elétrica externa.

Portanto, pensando na recarga das baterias e na infraestrutura disponível no Brasil, o híbrido leve tem vantagem.

Desempenho: Híbrido Plug-In

Aqui, ao menos nos modelos disponíveis no Brasil, a vantagem para os híbridos plug-in é enorme. Isso acontece porque, por terem a bateria maior, são capazes de movimentar motores mais potentes e bem elaborados, casos dos carros da Volvo e alguns BMW disponíveis no mercado.

Volkswagen Golf GTE/ Imagem: Felipe Ribeiro/ Canaltech

Volkswagen Golf GTE/ Imagem: Felipe Ribeiro/ Canaltech

O híbrido leve mais potente avaliado pelo Canaltech é o Toyota RAV4, um SUV médio com 220cv de potência combinada e que vai de 0 a 100km/h em 8,1 segundos. Nada mal, é verdade. Mas, se o compararmos com um modelo equivalente de outra montadora, como o Volvo XC60, por exemplo, a diferença é brutal. No modelo sueco, a potência combinada é de 407cv, tudo graças a bateria de 10,4 kWh, com 0 a 100km/h em 5,7 segundos. Um deboche.

Custo-benefício: Híbrido Leve

Desempenho e autonomia maiores fazem com que os preços dos híbridos plug-in sejam muito maiores do que os híbridos leves. Se levarmos em conta os benefícios que os modelos mais caros e equipados oferecem, faz todo o sentido, mas se a ideia é analisar ponto a ponto, nos valores, vale mais a pena um híbrido leve.

Toyota Corolla Hybrid/ Imagem (Matheus Argentoni/Canaltech)

Toyota Corolla Hybrid/ Imagem (Matheus Argentoni/Canaltech)

O híbrido mais barato do Brasil hoje é o Toyota Corolla Hybrid, que pode ser encontrado a partir de R$ 149.090 em sua versão “de entrada” Altis. Além de ser um dos únicos híbridos flex do mundo (ao lado do SUV Corolla Cross), o Corolla dispõe de inúmeros equipamentos de tecnologia e segurança, como o piloto automático adaptativo, frenagem automática de emergência e assistente de permanência em faixa.

Enquanto isso, o posto de híbrido plug-in zero quilômetro mais acessível do mercado brasileiro hoje fica dividido com a versão inicial do Volvo XC40, que sai por R$ 259.950. Por R$ 40 a mais, você leva seu principal concorrente, Mini Countryman S E All, que é vendido a partir de R$ 259.990. Não podemos nos esquecer, no entanto, do Volkswagen Golf GTE, que saiu de linha há pouco tempo e custava R$ 199.990 em sua versão única.

Este ano, porém, são esperadas versões híbridas plug-in dos Jeep Compass e Renegade, que devem custar por volta dos R$ 200 mil. Além disso, a Honda trará o novíssimo Honda Accord híbrido, que apresentará uma nova tecnologia de divisão de motores, uma espécie de meio termo entre o plug-in e o leve.

Veredicto

Por mais que a oferta de carros híbridos plug-in seja superior em desempenho e autonomia, o preço desses modelos é menos convidativo que o das opções híbridas leves. Então, se levarmos em conta todo o investimento que precisaríamos ter para “sustentar” um carro híbrido plug-in, as versões leves acabam se tornando mais vantajosas dentro do mercado brasileiro.

Isso, claro, pode mudar. Montadoras como Volvo e BMW investem pesado em infraestrutura para fazer com que seus clientes se sintam confortáveis em adquirir um desses modelos híbridos plug-in. Com o passar dos anos, a oferta de postos de carregamento será bem maior.

Por outro lado, a Toyota, que domina sozinha o mercado de híbridos leves, deve ganhar a companhia de suas concorrentes japonesas em breve, com o Nissan Kicks híbrido e o Honda HR-V híbrido (além do Accord).

E para você, amigo leitor? Qual vale mais a pena? Deixe nos comentários!

Fonte: Canaltech

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