Pagani Huayra

A nova edição da MOTOR SHOW acaba de chegar e mostra dois mundos em colisão: carros elétricos vs. a combustão. Os elétricos são cada vez mais realidade, mesmo em mercados emergentes como o Brasil. Mas para poucos, com preços proibitivos para a maioria. Mesmo nos mercados europeu e norte-americano, têm preços atraentes só onde há forte incentivo do governo. Aqui, a tributação ainda é demasiadamente alta, e os outros incentivos, tímidos. Há isenção do rodízio de veículos na cidade de São Paulo, e descontos no IPVA em alguns estados.

Assim, por mais que o Chevrolet Bolt avaliado mostrado nesta edição seja ótimo para o uso urbano, suas vendas são insignificantes. Só 82 unidades foram emplacadas no primeiro semestre – isso porque foi o elétrico mais vendido do Brasil. Afinal, ele custa quase o mesmo que um sedã de luxo alemão ou um SUV a diesel como o Chevrolet Trailblazer. Outro carro que testamos, o VW e-up!, pode chegar mais barato, na faixa de R$ 130 a 150 mil, mas ainda seria muito pelo que oferece, ao menos para o consumidor comum.

Já para quem pode pagar meio milhão em um carro, a história é outra. Nessa faixa, comparamos nesta nova edição da MOTOR SHOW os primeiros SUVs elétricos de nosso mercado: Jaguar I-Pace e Audi e-tron. Não ficam devendo aos modelos a combustão em desempenho, espaço e, até de capacidade off-road.

Só na autonomia, já que temos uma infraestrutura limitada de carregamento, mesmo nos centros urbanos, onde seu uso deveria ser mais estimulado. Por isso, na sequência, avaliamos o Audi Q7, que é o equivalente a eles do mundo a combustão. Independentemente de poder comprar ou carregar os movidos a bateria, para os entusiastas há um choque entre os mundos — carros a combustão vs. elétricos. Que vai além dos números. Afinal, no 0-100 km/h, esportivos elétricos – e híbridos – têm com frequência, dadas suas características técnicas, superado os tradicionais (mas não os superam nas máximas).

A diferença de mundos entre os carros a combustão e elétricos fica clara em dois esportivos desta edição: o tradicional Mercedes-AMG C 63 S, com seu V8 4.0 turbo, e o Volvo S60 Polestar, com seu 2.0 e um motor elétrico traseiro, que ajuda a garantir um desempenho parelho – mas sem a mesma “alma” (já fomos criticados por falar carros com alma, mas basta dirigir os dois para ver do que falamos).

Será que um dia os elétricos terão a mesma alma do Pagani Huayra (leia aqui), da capa desta edição? Com um V12 biturbo, ele pode não ter o mesmo 0-100 km/h de um Tesla Model S na sua versão mais insana, mas, na pista, superou até o hipercarro híbrido Porsche 918 Spyder. É uma verdadeira declaração de resistência do mundo do motor a combustão – o Huayra pode até ser sujo e pouco eficiente, mas tem um som furioso e trocas de marcha que parecem coices, enquanto os elétricos são mais “frios”, e nem som ou mesmo uma transmissão “de verdade” têm.

Então, por mais eficiente que seja, será um elétrico capaz de instigar o motorista como um carro a combustão? Um Volkswagen e-up! circulando silenciosamente pelas metrópoles, sem poluir, somos capaz de entender, e faz sentido. Mas, no mundo dos esportivos, dirigir um elétrico ainda não é a mesma coisa. Não dá a mesma emoção. O Porsche Taycan (leia aqui) pode ter chegado perto, mas, para muitos, nunca será igual. De qualquer modo, não adianta. Na disputa carros a combustão vs. elétricos. teremos um vitorioso. O futuro é dos elétricos. E isso é inevitável.

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