Por exigir uma técnica mais apurada e a desenergização do carro, blindagem de eletrificados pode demorar até 50% do tempo normal.

Por exigir uma técnica mais apurada e a desenergização do carro, blindagem de eletrificados pode demorar até 50% do tempo normal.

Foto: Divulgação

Com o desempenho positivo e a tendência de crescimento da venda de veículos eletrificados no país, o mercado brasileiro prepara-se para a aceleração na procura da blindagem de carros elétricos e híbridos. De acordo com a Abve (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), foram emplacadas 19.745 unidades eletrificadas no país em 2020, 66,5% a mais do que em 2019 (11.858).

Esses números se tornam ainda mais impressionantes ao considerarmos que o mercado automotivo como um todo caiu 26,6% no ano passado, segundo a Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores). No entanto, apesar de estarem em alta, ainda não há dados específicos sobre blindagem desses veículos no país. Com isso, consumidores já se questionam sobre o tema: há diferenças no serviço e no resultado final de blindagem de um carro eletrificado em relação ao tradicional?

De acordo com Marcelo Fonseca, líder de vendas do segmento de defesa da DuPont para a América Latina, há diferenças sim. “A blindagem de veículos elétricos e híbridos exige maior atenção e especialização no quesito de segurança do serviço, uma vez que a carga elétrica das baterias é muita alta e pode gerar até risco de danos físicos aos operadores”, afirma o executivo.

Buscando evitar possíveis danos aos colaboradores e ao próprio carro, todo o processo é feito com o veículo desenergizado. Para isso, ele chega à blindadora sobre patins, empurrado por operadores. Após o serviço, técnicos reenergizam o carro na própria concessionária, onde ele é testado.

Blindagem de carros eletrificados exige uso de materiais variados como a fibra Kevlar para reduzir o peso.

Blindagem de carros eletrificados exige uso de materiais variados como a fibra Kevlar para reduzir o peso.

Foto: Divulgação

Outra mudança é em relação ao tempo de serviço, que pode demorar até 50% a mais do que o normal. Dentre os motivos, está o fato dos carros elétricos e híbridos serem mais pesados do que os comuns por conta das baterias. Por isso, a blindagem deve ser feita com o uso de materiais diferentes — dentre eles alumínio, fibra de carbono e fibra de vidro — o que requer uma técnica mais apurada e cuidados diferenciados para não afetar os componentes do veículo.

“A adoção de materiais mais leves no projeto é uma tendência para compensar aumento de peso proporcionado pelas baterias, portanto, a blindagem vai minimizar o uso do aço e usar materiais mais leves para maximizar a eficácia do transporte e não sobrecarregar sistemas de freios nem comprometer o prazer ao dirigir com eventuais sobrepesos”, acrescenta Fonseca.

Com isso, o uso de materiais como a fibra de aramida Kevlar deve crescer ainda mais com a blindagem dos carros eletrificados. Já utilizado na blindagem de frotas militares ao redor do mundo, o material se destaca por ser cinco vezes mais forte que o aço e também pelo baixo peso da fibra. Além disso, o uso do aço tende a se tornar cada vez menor por conta da possível corrosão galvânica do material, que pode ocorrer em contato com outros metais.

Pelo menos por enquanto, quem se interessou pelo serviço, será preciso gastar um pouco mais pela blindagem em um carro eletrificado. “Por exigir um conhecimento técnico inovador e diferenciado, mais pessoas trabalhando e mais tempo, o serviço de blindagem de veículos elétricos acaba tendo um custo maior para uma proteção balística tão segura quanto a de um veículo comum neste primeiro momento. Mas isso é também questão de escala: muitíssimo em breve elétricos e híbridos deixarão de ser nicho e o mercado diluirá isso”, conclui Marcelo Fonseca.

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