Como diz a “Música Urbana” do Capital Inicial, “as ruas têm cheiro de gasolina e óleo diesel. Por toda plataforma, toda a plataforma”. Mas isso pode (e deve) mudar nos próximos anos, com a chegada dos carros elétricos. Portanto, é melhor você começar a rever os seus conceito sobre eles.
Depois de ter passado um final de semana com o Chevrolet Bolt
(R$ 223.890) mudei os meus. Mesmo quem é entusiasta do volante e curte trocas de marcha, ronco grave pela saída de escape, entre outros detalhes dos carros a combustão, não ficará decepcionado.
Já parou para pensar que aquelas filas de caminhões-tanque, o tempo gasto para reabastacer nos postos de combustíveis, a emissão de gases tóxicos e toda a parafernália de correias, velas, pistões, eixos e tudo mais fazem cada vez menos sentido hoje em dia?
Ainda não tinha andado tanto na estrada quanto na cidade com Chevrolet Bolt 2020, que chegou ao Brasil com mais autonomia, de até 416 km, conforme a fabricante. Meu breve contato com o carro até então foi apenas há três anos, com uma unidade que veio ao Brasil antes do lançamento oficial, no final do ano passado.
Agora sim deu para saber o que é ter um carro elétrico como o Bolt. E como o Brasil está atrasado na implantação nesse novo mundo elétrico sobre rodas que está em curso em vários países do mundo. Em primeiro lugar, esqueça a ideia de que não vai conseguir se entusiasmar ao volante de um modelo que liga na tomada e não gasta uma gota de combustível.
Não há regime de torque máximo ou escalonamento de marchas, como nos modelos a combustão. No Bolt, basta encostar o pé no acelerador que está tudo certo, o carro responde imediatamente.
São 203 cavalos e 36,7 kgfm de torque disponíveis o tempo todo, números de dar inveja a muito esportivo por aí (o Golf GTI tem 35,1 kgfm a 1.500 rpm). Conforme a GM
, para acelerar de 0 a 100 km/h são necessários apenas 7,3 segundos, mas a velocidade máxima é limitada em 146 km/h. Ao pisar fundo no acelerador, o máximo que se ouve é um zunido discreto e o ruído dos pneus rodando.
Com baixo centro de gravidade e as baterias ajudando na distribuição de peso, outro ponto positivo do elétrico da GM é a firmeza nas curvas. Em contrapartida, vale ter certa cautela ao passar por valetas e rampas para não danificar a parte de baixo do carro. Além disso, o ajuste de suspensão é um pouco mais firme que o ideal para piso lunar da maior parte das vias em São Paulo, o que acaba causando alguns solavancos.
Outro ponto que chama atenção é a possibilidade de poder guiar apenas com o acelerador, ao selecionar o modo “Low” do câmbio. Com isso, ao tirar o pé, o carro elétrico
recarrega mais rapidamente as baterias e freia com suavidade ao mesmo tempo, o que pode ser visto pelo computador de bordo por meio do monitoramento do fluxo de energia.
Dirigir o Bolt no dia a dia também agrada também pela boa visibilidade, inclusive a proporcionada pelos retrovisores, que vêm com luzes de aviso de ponto cego. Só faltou o rebatimento automático, cada vez mais útil em tempos de vagas apertadas de shoppings e condomínios.
Nos dias chuvosos e frios que fizeram durante a avaliação, o limpador de para-brisa também funcionou bem, mas não não há sensor. A intermitência precisa ser regulada manualmente por um botão giratório na alavanca da coluna de direção.
Por dentro, o volante é o mesmo do Cruze
, revestido de couro e com boa empunhadura, mas exige um tempo para se acostumar com os comandos. A tela do sistema de mutimídia é grande, de 10,3 polegadas, mas não conta com internet a bordo. Há compatibilidade com Apple Car Play e Android Auto e duas entradas USB entre os bancos dianteiros e outra para quem vai sentado atrás. Também chamam atenção os porta-objetos, inclusive o mais espaçoso, no centro, debaixo do painel.
Os bancos são revestidos de couro, mas as regulagens são todas manuais, nada elétrico. Os filetes de LED no painel também agradam, como um toque de sofisticação do carro. Cinco ocupantes viajam com certo conforto e no porta-malas vão bons 478 litros. Bom também é que a lista de equipamentos de série é longa, com faróis de xenônio, alerta de colisão frontal, monitoramento da pressão dos pneus, carregador do celular por indução, câmera de ré com visão de 360 graus, freio de estacionamento elétrico, entre outros itens.
Como em um veículo elétrico a questão da recarga é importante, o Chevrolet Bolt precisa de 9h para ser abastecido em uma tomada normal. Já nos eletropostos da Dutra, em 30 minutos é possível obter um alcance de 160 km. Quem preferir comprar o wallbox residencial será necessário desembolsar R$ 8.300.
A novidade da Chevrolet estará disponível em nove Estados e 12 cidades do nosso território. De acordo com as contas do fabricante, o custo de posse do Bolt é o mesmo do Toyota Corolla Hybrid
.
Conclusão
Depois de um fim de semana com o Chevrolet Bolt
ficou claro que o modelo é mais disrruptivo do que se imagina. Com boa autonomia, ágil, compacto, seguro sem precisar de precupar com combustível e uma série de itens de manutenção dos carros a combustão, entra-se em um mundo novo sobre rodas. Pena que ainda é caro no Brasil, com cotação do dólar nas alturas e poucos incentivos fiscais.
Ficha técnica
Chevrolet Bolt EV
Preço: R$ 223.890
Motor: Elétrico, alimentado por baterias de 66 KWh
Potência: 203 cv
Torque: 36,7 kgfm
Transmissão: automático, de uma marcha, com traçao dianteira
Suspensão: braços sobrepostos (dianteira), eixo de torção (traseira)
Freios: discos ventilados nas rodas dianteiras e sólidos nas traseiras
Porta-malas: 478 litros
Autonomia: 416 quilômetros
0 a 100 km/h: 7,3 segundos
Vel. Máx: 146 km/h