O Chevrolet Bolt, primeiro carro elétrico da marca no Brasil, chega às lojas com preço sugerido de R$ 175 mil. É dinheiro suficiente para comprar um luxuoso Audi, BMW ou Mercedes —e R$ 50 mil a mais que o pedido pelo Toyota Corolla Hybrid, referência atual em eficiência energética.
Apesar do alto valor, a montadora norte-americana usa a calculadora para afirmar que seu lançamento oferece bom custo-benefício.
De acordo com os cálculos da Chevrolet, o Bolt consome o equivalente a R$ 98 em energia para percorrer mil quilômetros. O valor é 51,5% inferior aos R$ 202 necessários para percorrer a mesma distância com o Corolla Hybrid abastecido com gasolina.
A conta considera o consumo de 20,5 km/l (cidade e estrada) do Toyota aferido pelo Instituto Mauá de Tecnologia. O cálculo se baseia no valor médio de R$ 4,14 para o litro do combustível em São Paulo durante outubro, segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
A Chevrolet também diz que os gastos com manutenção são menores no Bolt. Faz sentido: carros elétricos têm menos itens que exigem substituição frequente. Não há troca periódica de lubrificantes e de seus filtros.
Por outro lado, há novas preocupações. Apesar de a autonomia do Bolt chegar a 416 km em condições ideais de uso (trânsito moderado, poucas subidas pelo caminho e velocidade baixa), a escassez de pontos recarga assusta. Há cerca de 170 tomadas para carros elétricos pelo país, número pífio diante dos mais de 40 mil postos de gasolina.
Quem quiser —e puder— recarregar o Chevrolet em casa pode adquirir um aparelho que custa R$ 8.300. Com esse equipamento, a bateria atinge o nível máximo em dez horas. É bem menos que as 40 horas necessárias para completar a carga em um plugue comum de 220V.
Em um uma análise além das cifras, o Bolt tem seus atrativos. É bem equipado e ágil, característica comum aos elétricos. Seu espaço interno lembra o de uma minivan, com folga para as pernas no banco traseiro. A cabine tem acabamento bem cuidado, de plástico cinza.
É curioso ver executivos da Chevrolet, historicamente reconhecida por carros com motor V8, enaltecerem um veículo movido a eletricidade. Na apresentação feita nesta sexta (1°), representantes da marca destacaram a potência de 203 cv, número próximo ao oferecido pela picape S10 2.5 flex (206 cv).
Essa exaltação ao mundo sem queima de combustível se torna cada vez mais comum.
Com a chegada do Bolt, já são 12 as marcas que oferecem veículos híbridos ou 100% elétricos no Brasil: BMW, Chery, Chevrolet, JAC, Jaguar, Lexus, Nissan, Porsche, Renault, Toyota, Volkswagen e Volvo. Por enquanto, nenhum dos veículos disponíveis custa menos de R$ 120 mil.