RIO – Esse carrinho deveria ter sido uma das principais atrações do Salão de Genebra, que começaria nesta quarta-feira. A mostra, contudo, foi cancelada por causa do surto de coronavírus e o jeito foi apresentar só as fotos.
Eis o novo Ami, com que a Citroën tenta retomar sua identidade revolucionária, após passar os últimos anos fazendo automóveis comuns. Fabricado no Marrocos para o mercado europeu, o modelo sequer é um carro ao pé da letra.
Um táxi para o Japão: Os peculiares modelos que dão duro nas ruas de Tóquio
Trata-se de um quadriciclo elétrico urbano com apenas 2,41m de comprimento — 28cm mais curto do que o Smart ForTwo. Pesa 485 quilos e não traz ABS, airbags ou ar-condicionado (só ar quente).
Na Europa, o Ami se enquadra na legislação dos microcarros: a máxima é limitada a 45km/h e não é necessário ter carteira de motorista para conduzi-lo — na França, basta ter mais de 14 anos de idade. Sua circulação é proibida em rodovias mas liberada no coração de grandes cidades.
De moto: Uma viagem de 400km com as novas Royal Enfield Interceptor e Continental
Compartilhar ou comprar?
A promessa da Citroën é garantir mobilidade individual para todos. O fabricante vai oferecer vários planos para quem quiser dirigir o novo Ami. Um deles é o aluguel de longo prazo, em que o usuário paga € 2.644 iniciais (o equivalente a R$ 13.100), e mensalidades de € 20 (R$ 100) ao longo de quatro anos.
Outra opção é o uso compartilhado, por meio da operadora Free2Move (a partir de € 0,24 (R$ 1,20) por minuto de uso. Quem ainda faz questão da posse pode até comprar o Ami: o microcarro custará € 6 mil na França (R$ 29.800) e será oferecido em lojas como a Fnac ou via smartphone. A pré-venda começará em 30 de março e as entregas — que serão feitas em casa — terão início em junho.
No país do Fusca: ‘besouro’ vira febre na classe média emergente da Etiópia
Como os originais Citroën do passado, o novo Ami traz várias soluções incomuns. Sua carroceria é uma evolução do conceito Ami One, mostrado no Salão de Genebra de 2019.
As duas portas são idênticas, incluindo as posições de maçaneta e trava — daí que se abrem em sentidos diferentes: são do tipo “suicida” no lado do motorista e convencionais no lado do carona.
Century: um passeio na carruagem imperial japonesa
Os para-choques dianteiro e traseiro, bem como os painéis laterais, também são iguais e intercambiáveis. O vidro da porta é dividido ao meio. Para abrir, empurre a metade inferior para cima (como no Citroën 2CV).
Essa carroceria simétrica, além de simplificar a produção, garante ótimo espaço para dois adultos, mesmo que altos. O banco do carona é fixo, abrindo um espaço para pequenas cargas diante dos pés do passageiro. Um teto de vidro ilumina o ambiente.
Com coronavírus:Vendas de carros na China caem 80% em fevereiro, maior queda mensal já registrada no país
O painel tem como principal elemento o smartphone do motorista. Vai em um suporte e serve como sistema de som ou GPS.
O topo do tablier pode ser personalizado com porta-trecos de diferentes cores. A carroceria é sempre cinza azulada com apliques coloridos.
Uma bateria de 5,5 kWh garante 70km de autonomia e, em 3 horas, pode ser recarregada numa tomada comum de 220V. O motor de 6kW (8cv) é dianteiro, com traction avant, como nos antecessores espirituais: o 2CV e o Ami original (1961- 1979).