Faltando pouco mais de dois meses para terminar o ano e fechar as contas que vão permitir apurar se os fabricantes de automóveis cumpriram os limites de emissões de dióxido de carbono (CO2), fixados em 95g/km para a média de novas unidades transaccionadas na Europa em 2020, a Ford decidiu-se a fazer negócio com a Volvo, preferindo pagar ao construtor sueco pelos seus créditos de CO2, ao invés de pagar a multa em que incorreria por ficar acima dos limites.
Recorde-se que as penalizações definidas podem ser milionárias, tudo dependendo da gravidade do desvio face à meta, pois a multa é de 95 euros por cada grama excedido, multiplicado pelo volume total das vendas. Não são conhecidos os termos do negócio fechado com a Volvo, nem o valor envolvido na transacção. Mas, a avaliar pelo tom de satisfação com que o construtor sueco divulgou a operação, o negócio é uma fonte de receita “interessante”.
“A Volvo Cars, a Polestar e a Volvo Car Corporation estabeleceram um acordo com a Ford, disponibilizando as suas emissões de CO2 excedentes. Esta troca é potencialmente extensível a outros fabricantes automóveis”, refere o construtor de Gotemburgo, aproveitando desde já para informar que “a receita resultante deste negócio será reinvestida em novos projectos de tecnologias verdes”.
Enquanto a Volvo tem excedentes que lhe permitem “resolver” o problema da Ford e até de outros construtores de automóveis, a marca da oval azul ressente-se do seu atraso na electrificação e dos problemas que os seus modelos electrificados acusam. Tanto assim é que a Ford teve de comprar a arquitectura específica para veículos eléctricos à Volkswagen (a MEB) e deu prioridade à Europa para vender o seu primeiro modelo exclusivamente a bateria, o Mustang Mach-E.
Mas o que “arruinou” as contas de 2020 do fabricante americano, conforme a explicação avançada pela própria Ford, foi o desaire com o Kuga híbrido plug-in (PHEV), cujas vendas foram suspensas depois de a marca ter de chamar à oficina todas as unidades entregues. O carro corre o risco de se incendiar, se recarregar a bateria, que é precisamente o propósito de um PHEV para consumir menos e poluir menos.