O tão falado — mas pouco conhecido — nióbio poderá se tornar protagonista na corrida por um dos mercados mais promissores da próxima década: o de baterias para carros elétricos. Para isso, a mineira CBMM, que detém 90% da produção global de nióbio, está investindo cifras vultosas para desenvolver baterias que prometem carregar o veículo elétrico em apenas 6 minutos.
Ricardo Lima, vice-presidente da CBMM, afirma que a empresa vem investindo cerca de 50 milhões de reais por ano no negócio de baterias automotivas, com um time de 11 pessoas dedicadas para pesquisa e desenvolvimento na área, das quais 5 têm doutorado em eletroquímica.
Atualmente, são 40 projetos em baterias automotivas sendo desenvolvidos pela CBMM. Em parceria com a Toshiba, a companhia de Araxá irá produzir 1.000 células que devem começar a ser entregues ao mercado para testes em 2021. Para isso, a empresa mineira está negociando com cerca de 20 montadoras globais, entre elas a Tesla, de Elon Musk.
“A expectativa é que em 2023 já tenhamos esse material sendo comercializado no mercado global”, disse Lima em entrevista exclusiva à EXAME.
Além disso, durante o ano de 2021 a companhia tem a previsão de outras 10.000 células entrarem em processo de homologação da tecnologia no mercado global.
Os projetos mais avançados na área são de um carro “familiar” e outro de alta performance. Lima destaca que a Tesla já está ciente da proposta da CBMM para o segmento. Segundo o executivo, o óxido de nióbio pode ser uma alternativa ao cobalto: Musk já afirmou publicamente sobre o seu desejo de reduzir a utilização do insumo na produção de baterias, devido às condições de exploração nas minas de cobalto.
Diferenciais
As tecnologias e insumos disponíveis hoje ainda resultam em baterias mais pesadas, o que acaba prolongando o tempo de carregamento.
Atualmente, os carros elétricos ficam em torno de 8 horas carregando na tomada para obter autonomia completa. A proposta da bateria a base de óxido de nióbio é de carga total em apenas 6 minutos, com autonomia de 350 quilômetros.
Além disso, a bateria a base de nióbio promete oferecer menos riscos de explosão na recarga rápida, uma grande preocupação da indústria automotiva.
Os estudos para baterias estão sendo feitos dentro de casa, mas a mineira também quer cortar caminho: está negociando a compra de três startups do ramo de baterias automotivas, uma americana e duas britânicas.
A CBMM também adquiriu, recentemente, a startup 2DM, de Singapura, referência em grafeno, que tem grande sinergia com o nióbio.
“Com estas aquisições, vamos acelerar o conhecimento. O nosso principal desafio é a corrida contra o tempo para viabilizar a bateria em larga escala e, neste quesito, temos obtido resultados excelentes”, garante Lima.
Hoje, 90% da receita da companhia é proveniente da siderurgia, mas a expectativa é que, até 2030, de 35% a 40% do faturamento venha de novas aplicações, especialmente do setor automotivo.