Tesla Roadster  (Foto: Divulgação)

Na 24ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em 2018, foi revelado que 25% das emissões de poluentes globais vêm dos automóveis. Mas esses dados alarmantes mudarão em breve graças aos três cientistas criadores da bateria de íons de lítio, que levou o Prêmio Nobel de Química de 2019.

Essas baterias são compactas, leves e tem alta capacidade de armazenamento de energia, resultando em menor tempo de recarga, longa durabilidade, podendo ser utilizadas em diferentes aplicações e posteriormente recicladas.

Elas estão maciçamente presentes no dia a dia, em celulares e notebooks.

Prêmio Nobel de Química 2019 (Foto: Reprodução/Internet )

O fenômeno mais recente envolvendo as baterias de íons de lítio são os automóveis, que tiveram um papel fundamental na premiação: os veículos mostraram que as baterias têm capacidade para suportar altas potências e, com isso, podem ser aplicadas em automóveis, revolucionando um mercado dominado por combustíveis fósseis.

A presença do petróleo na humanidade tem registros milenares, mas foi nos últimos dois séculos que a sociedade tornou-se totalmente dependente da exploração do recurso natural, que virou alvo dos grandes países e corporações, para controlar a economia mundial.

A utilização em larga escala começou justamente com produção dos motores a combustão interna, lá nos primórdios dos automóveis.

Madri já limita a 70 km/h a velocidade de algumas rodovias por causa da poluição (Foto: Denis Doyle/Getty Images News)

O uso do petróleo traz graves riscos ao meio ambiente, tanto no processo de extração, quanto no refino e no transporte até chegar ao consumidor. Depois, há ainda a emissão de diversos gases poluentes na atmosfera, fora as emissões industriais.

Foi na primeira grande crise do petróleo, ne década de 1970, quando descobriram que o recurso natural não era renovável, que os cientistas John B. Goodenough, M. Stanley Whittingham e Akira Yoshino começaram os estudos sobre as baterias de íons de lítio.

 “Eles lançaram as bases de uma sociedade sem fio e livre de combustíveis fósseis, e são de grande benefício para a humanidade”, escreveu o comitê do Prêmio Nobel deste ano.

O primeiro produto a entrar no mercado foi um telefone da Sony, em 1991. Nos automóveis, a tecnologia chegou somente em 2008, com o Tesla Roadster, um esportivo de luxo movido por baterias de lítio com capacidade de 53 kWh e autonomia para 350 km.

Conjunto de baterias de ion-lítio  representam 23% (435 kg) do peso do Bolt (Foto: Divulgação)

As baterias de íons de lítio carregam dobro de energia em comparação a uma de hidreto metálico de níquel (NiMH), e três vezes mais que uma de níquel cádmio (ou NiCd).

Além das baterias permitirem armazenamento de energia de fontes renováveis, como a solar e a eólica, elas suportam até 2.0000 ciclos de carga/descarga. Dessa forma, a sua vida útil pode ultrapassar um milhão de quilômetros rodados.

“A principal contribuição dos veículos elétricos para o Nobel foi que as baterias de íon lítio se mostraram competitivas para o mercado de carros, e isto foi o motivo da procura dos fabricantes por esta tecnologia. Isso fez com que as montadoras acelerassem o aprimoramento das baterias para chegar ao estágio atual”, explica Roberto Torresi, Professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo.

Tesla Roadster  (Foto: Divulgação)

Esse aprimoramento foi capaz de trazer diversas melhorias em termos de qualidade e durabilidade nas baterias. O Tesla Model S 100D, por exemplo, tem baterias de 100 kWh, o que rende mais de 600 km de autonomia com uma carga completa.

Um dos pivôs do reconhecimento das baterias é a reciclagem, o que é algo extremamente positivo por um lado e negativo por outro. A infraestrutura para o processo ainda é limitada, sobretudo para os veículos, que necessitam de baterias maiores e robustas.

“O conteúdo das baterias de íons de lítio é menos tóxico do que o de outros tipos, o que facilita a reciclagem. Porém, o lítio é um elemento altamente reativo. A alta demanda vai ter de vir acompanhada por políticas de reciclagem que vão desde os componentes das baterias até o grande consumo de água que requer a produção de lítio”, aponta Torresi.

De toda maneira, o reconhecimento do Prêmio Nobel colocou os carros elétricos equipados com baterias de íons de lítio em outro patamar.

A questão é o custo para a produção dessas baterias, que eleva o preço dos carros e torna inacessível para grande parte da população mundial. A expectativa é que, após o prêmio e o reconhecimento, este custo diminua para popularizar a motorização elétrica e reduzir cada vez mais o consumo de combustíveis fósseis e a consequente poluição do ar. 



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