Até pouco tempo atrás, os sedãs premium que ornavam as garagens em condomínios fechados ou prédios de luxo eram basicamente BMW Série 3, Mercedes-Benz Classe C ou Audi A4.
O Volvo S60, vendido no Brasil desde 2001, passava despercebido. A partir de 2015, o britânico Jaguar XE conquistou algum espaço, mas não uma vaga cativa. Agora, o viking sueco retorna com uma nova geração que promete fazer os compradores pensarem fora da caixinha.
Além do design arrebatador e tecnologia plug-in híbrida, o S60 T8 R-Design custa o mesmo que o BMW 330i M Sport: R$ 269.950. O vizinho vai morrer de inveja.
Os dois modelos apostam em receitas diferentes para merecer essa vaga na garagem. Enquanto o BMW recorre ao B48, um quatro cilindros 2.0 turbo com 258 cv e quase 40,8 kgfm de torque, o Volvo usa uma mistura híbrida plug-in.
A parte a combustão é feita por um 2.0 dotado de turbo e compressor. Gera 324 cv e 44 kgfm de torque. A parte elétrica fornece mais 88 cv. Ao todo, o S60 T8 produz 412 cv e 65,2 kgfm.
A diferença dos 154 cv e 24,4 kgfm fica mais nítida na pista — mesmo com o S60 sendo quase 600 kg mais pesado (culpa das baterias). O Volvo leva vantagem de 1 segundo no zero a 100 km/h — 5,2 s contra 6,2 s do BMW. Por ser híbrido plug-in, o sedã ainda roda até 40 km sem gastar combustível, e a recarga pode ser feita em casa. As retomadas são parelhas, assim como as frenagens.
Apesar de o S60 T8 ser mais rápido, o 330i M Sport dá mais prazer ao dirigir — a começar pela posição de guiar, encaixada no banco e com o ponto H bem baixo.
O sedã aponta e segue a direção de forma precisa, sem dramas. Na saída de curva, é bom dosar o acelerador; uma pressão a mais pode fazer a traseira dançar.
A direção elétrica deixa o motorista sempre a par do rumo que as rodas estão tomando. O equilíbrio do 330i ainda pode ser explicado pela rigidez estrutural da base CLAR. No dia a dia, por sua vez, a suspensão do sedã sueco é mais confortável. Não que seja macia, mas filtra um pouco melhor as imperfeições e dá menos batidas secas.
A nova geração do Série 3 é grande, chega a 4,71 metros de comprimento e 2,85 m de entre-eixos. O Volvo usa uma igualmente moderna estrutura, SPA, com 4,76 m e 2,87 m, respectivamente. Motorista e passageiro, em ambos, se acomodam bem. O espaço traseiro, no entanto, é grande pênalti desses sedãs. Nenhum recebe três ocupantes com conforto.
Pelo contrário, três adultos têm ressalvas na área. O túnel central do 330i ainda consegue ser mais robusto que o do S60 — no Volvo cabe um passageiro central, mas fica difícil alocar as pernas. O porta-malas sueco também é maior que o alemão.
Um quesito em que os dois se destacam é a segurança. Ambos trazem o sistema de manutenção de faixa de rodagem, que faz correções involuntárias no volante para manter o carro no traçado.
O Volvo, entretanto, vai além. Tem alertas de colisão frontal e de ponto cego e o recurso da mitigação oposta, que freia automaticamente para reduzir o dano de colisão com um carro na contramão — o funcionamento se dá entre 60 km/h e 140 km/h.
O City Safety freia sozinho para evitar colisões com pedestres, ciclistas, veículos e animais grandes, além de ter assistente de direção para ajudar nos casos em que o motorista começa a esterçar o volante para desviar de uma iminente colisão, tornando a manobra mais eficaz.
O recurso mais século XXI é o Pilot Assist. Conjugado com o controle de cruzeiro adaptativo, propicia ao sedã rodar praticamente sozinho, controlando aceleração, frenagem e distância do carro à frente. O 330i M Sport tem uma função peculiar: registra os últimos 50 m percorridos e consegue fazer o mesmo caminho em marcha à ré.
O BMW traz ainda o Intelligent Personal Assistant (IPA), sistema de inteligência artificial que, por comandos de voz, possibilita executar muitas funções do veículo e também obter informações externas. Como se fosse a Siri, da Apple. O Volvo? Bom, só falta falar.
Volvo S60 e BMW Série 3 são bem completos em termos de equipamentos. No pós-venda, os custos são salgados — ao menos das peças. Os faróis de ambos os modelos ultrapassam os R$ 17 mil. As revisões até 30 mil km têm valores discretos perto do preço dos carros. Já o seguro do Volvo é cerca de R$ 400 mais caro que o do BMW.