Os automóveis híbridos – que combinam motores a combustão com elétricos – também exigem mão de obra especializada. “Dos 1.500 técnicos das 276 concessionárias da Toyota, 500 já foram capacitados, em um total de 15 mil horas de treinamento”, revela Vladimir Centurião, diretor comercial da Toyota. “Embora os veículos com motorização híbrida sejam mais simples que os 100% elétricos, é nossa missão conhecer em detalhes seus dispositivos.”

Os treinamentos são periódicos e anualmente o time de pós-venda passa por um curso para se atualizar sobre as evoluções de Prius, RAV4 e Corolla Hybrid, os representantes híbridos da marca. “O conteúdo fica guardado em um portfólio digital e, quando há necessidade de treinar um funcionário novo, a concessionária recorre a esse material”, diz Centurião. 

Infraestrutura adequada

O segundo pilar para encarar a realidade dos carros eletrificados é a preparação das instalações das concessionárias. A estrutura para expor, vender e fazer as revisões dos modelos com propulsão híbrida ou integralmente elétrica precisa ser aprimorada. Em 2016, a Porsche alertou sua rede com quatro anos de antecedência: “Teremos automóvel elétrico no Brasil”.

O Taycan foi lançado no ano passado, mas a sinalização prévia valeu a pena. “As lojas se adequaram com calma e se prepararam com a infraestrutura necessária. Afinal, as mudanças demandaram obras, cabeamento e digitalização nas operações de vendas e serviços”, ressalta Leandro Giacon. 

“As lojas seguem um padrão mínimo de fachada e mobiliário e cada uma possui oito carregadores de até 22 kW, instalados no showroom, na oficina e na área de entrega. Uma das concessionárias, em São Paulo, se dá ao luxo de oferecer um carregador de 350 kW, de carga ultrarrápida. 

Mas nem todas as concessionárias já são capazes de trabalhar com essa tecnologia, que ainda é novidade no Brasil. Apenas sete autorizadas da Nissan estão habilitadas para receber o Leaf, número que deverá chegar a 30 até o fim de 2022. Elas investiram na digitalização de processos, postos de serviço e reformulação de layout. O carro elétrico também precisa de uma área isolada para garantir a segurança contra descargas elétricas durante a manutenção.

As mudanças são mais simples quando se trata de um veículo híbrido, que, ao contrário do elétrico, não deve ser tratado de maneira diferente em comparação a um automóvel com motor a combustão. “Ao chegar à concessionária, basta identificá-lo como híbrido e, se o problema é mais complexo, basta desligar o sistema de alta tensão dele”, salienta Vladimir Centurião.

Ferramental específico

As oficinas das concessionárias que fazem manutenção de veículos elétricos usam instrumentos e ferramental específicos, como aparelhos para remover módulos da bateria, gancho de emergência para casos de choque elétrico e elevador com base livre. “Os carregadores são essenciais na oficina, mas há outros itens importantes, como baias de energia e ferramental para trabalhar com alta tensão”, diz Leandro Giacon, da Porsche. 

Os investimentos para deixar as concessionárias totalmente preparadas para atender aos carros eletrificados podem chegar a R$ 200 mil. O montante inclui a digitalização das operações, com direito a uma rede de computadores e tablets para que toda a permanência do automóvel dentro da oficina seja acompanhada pela equipe técnica de forma online e integrada. 

Já os gastos com adaptação de oficinas que recebem veículos híbridos são menores, cerca de R$ 30 mil, que contemplam medidores de alta tensão e voltímetro.

As oficinas das sete concessionárias Nissan que dão suporte ao Leaf dispõem de, ao menos, dois carregadores – um wallbox e um portátil, que é conectado a uma tomada comum. “Há também uma área especial, com ferramental apropriado para reparos mais pesados”, afirma Rodolfo Possuelo. “E o melhor de tudo é que a adaptação do showroom e das oficinas não ocupa espaço maior que o de um automóvel convencional.”

Números

R$ 200 mil
é o valor para adaptar uma oficina aos veículos elétricos

R$ 30 mil
é a quantia para preparar uma oficina para os híbridos

15 mil horas
foram dedicadas aos treinamentos dos técnicos da Toyota 

350 kW
é a capacidade de um carrregador ultrarrápido da Porsche
 

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