Apesar da demora, veículos com propulsão eletrificada viram realidade com novas tecnologias e lançamentos 

O Nissan Tama recolocou o carro elétrico na pauta das fabricantes, mas ainda levaria muitos anos para virar realidade. O assunto ficou adormecido até que, com a crise do petróleo de 1973, as fabricantes começaram a vislumbrar novas fontes alternativas de combustível. 

imagem: divulgação Nissan

Durante mais de duas décadas, as empresas passaram a modificar alguns de seus automóveis para funcionar com eletricidade. A iniciativa ganhou um aliado, em 1990, com o acordo ambiental Veículos Emissão Zero da Califórnia (EUA). Com ele, as montadoras que produzissem e vendessem carros elétricos obtinham benefícios.

No mesmo período, a General Motors preferiu iniciar um projeto do zero e criou o EV1, com autonomia de 128 quilômetros. Mas os altos custos de produção o inviabilizaram.

Marcas aceleram o desenvolvimento

Apesar do acordo da Califórnia, os estudos sobre veículos eletrificados seguiram a passos curtos e só engrenaram de vez no fim do século 20, graças ao lançamento do Toyota Prius, em 1997. Em 2006, a divulgação de que a empresa recém-criada Tesla Motors iria produzir carros elétricos acendeu a luz amarela para as demais montadoras. 

A partir disso, o desenvolvimento de veículos eletrificados alastrou-se como um raio. As fabricantes não podiam perder tempo na corrida, que começava a ser dominada pela Tesla. Assim, em 2010, a Nissan apresentou o elétrico Leaf e a Chevrolet atacou com o híbrido Volt. Dois anos depois, a Renault mostrou o hatch Zoe. 

Se não bastasse o fator Tesla, as fabricantes espantaram-se com a maneira agressiva como a China entrou na onda do carro elétrico, em 2008, estimulada pelo forte incentivo do governo, que quer se tornar cada vez menos dependente do petróleo. No Brasil, o primeiro veículo elétrico a chegar foi o JAC iEV40, em 2019. 

Os esportivos se rendem

Hoje, os motores elétricos ocupam os departamentos de engenharia de todas as montadoras. Quem imaginaria, tempos atrás, um superesportivo movido a bateria? Pois até os automóveis de alta performance se renderam à propulsão eletrificada. 

Ferdinand Porsche não avançou com o P1, mas valeu a longa espera. No ano passado, a Porsche lançou o Taycan, um bólido de até 761 cv de potência e que acelera de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos. Já a Ford prepara a chegada do Mustang Mach-E GT, com autonomia de 378 quilômetros. Até a mítica Ferrari, veja só, já tem o híbrido SF90 Stradale. 

Enquanto planejam mais lançamentos, as montadoras deparam com um grande desafio que diz respeito à “alma” do carro elétrico: a bateria. Ainda hoje, a meta é reduzir custos de produção e, ao mesmo tempo, melhorar aspectos como desempenho, autonomia e durabilidade desse componente.

A disseminação dos carros elétricos é um caminho sem volta. Os governos de vários países já estabeleceram prazos para o fim dos carros a combustão e as montadoras se preparam para virar a chave. Um exemplo é a Volvo, que decidiu substituir toda a sua linha de carros movidos a combustível fóssil pelos eletrificados. Mais de um século depois, fez-se luz em um cenário até então dominado pelos derivados de petróleo. 

Tesla revoluciona o segmento de elétricos

A trajetória dos carros elétricos pode ser dividida em dois períodos: antes e depois da Tesla Motors. Foi a partir do surgimento da marca americana – cujo nome homenageia o cientista sérvio Nikola Tesla – que as montadoras perceberam a urgência de ingressar no desenvolvimento de veículos eletrificados. 

Fundada, em 2003, por Martin Eberhard e Marc Tarpenning, a Tesla enfrentou uma série de problemas, como o desinteresse do público pelos automóveis elétricos e a dificuldade na produção de baterias de longa duração.

A situação melhorou quando o investidor Elon Musk injetou US$ 7,5 milhões na empresa, em 2004. Oriundo do mercado da tecnologia, o visionário Musk não demorou a tomar a frente de decisões importantes, como o design do modelo Roadster, em 2008. O segundo modelo, o Model S, fez mais sucesso. Lançado em 2012, o sedã 100% elétrico alcançava 250 km/h. 

Os fundadores Eberhard e Tarpenning se retiram da companhia e, em 2013, faltou pouco para ela ser absorvida pela Google, por US$ 6 bilhões. Musk seguiu em frente e, em 2015, lançou o SUV esportivo Model X, com autonomia de 474 quilômetros. O Model 3, de 2017, elevou a Tesla a outro patamar. Tido como carro popular da marca, ele custava US$ 35 mil e formou uma fila de espera de 18 meses.

Outro passo importante de Musk foi a apresentação da picape Cybertruck, que começará a ser entregue em 2021. O design quadrado do modelo gerou críticas, mas, mesmo assim, as unidades disponíveis para pré-venda se esgotaram rapidamente. Agora, as concorrentes – apressadas em lançar seus modelos elétricos – aguardam a próxima cartada da Tesla. 

Linha do tempo do carro elétrico

Veja alguns passos importantes para a consolidação do automóvel com propulsão elétrica nos dias de hoje

1800 – Inventores húngaros, holandeses e norte-americanos fazem estudos preliminares de veículos movidos a bateria

1890 – O químico William Morrison desenvolve um vagão eletrificado nos Estados Unidos

1901 – Ferdinand Porsche apresenta o Semper Vivus, considerado o primeiro modelo híbrido do mundo

1947 – Lançamento do Tama, da empresa Tokio Electro Automobile Company, que mais tarde seria comprada pela Nissan

1967 – Ford faz experiências com o protótipo Comuta

1975 – A montadora brasileira Gurgel inicia a produção do Itaipu, pioneiro dos carros elétricos na América Latina

1996 – GM apresenta o protótipo EV1

1997 – Toyota Prius é o primeiro automóvel híbrido produzido em série

2003 – Fundação da Tesla Motors, empresa que revoluciona o conceito de veículo eletrificado

2010 – Lançamento do Nissan Leaf, um dos carros elétricos mais vendidos no mundo

2012 – Renault lança os elétricos Zoe e Twizy, hoje também disponíveis no mercado brasileiro

2017 – Capitais como Paris, Atenas, Madri e Cidade de México determinam que, a partir de 2025, só permitirão a circulação de carros eletrificados

2020 – Volvo anuncia que, já em 2021, só venderá modelos com propulsão eletrificada no Brasil

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