A divisão de aviação comercial é a grande joia da Embraer. Nos últimos 30 anos, a fabricante brasileira entregou mais de 2.000 jatos para companhias aéreas em todos os continentes. A especialidade da empresa são os jatos regionais, aeronaves com capacidade entre 70 e 140 passageiros para rotas de baixa e média densidade. Eles são mais competitivos onde aviões maiores, como um Airbus A320 ou Boeing 737, não seriam rentáveis.

Nessa área, a Embraer oferece os E-Jets, incluindo os modelos da nova geração E2. São jatos de passageiros equipados com o que há de mais avançado em termos de motorização e sistemas de controle. Os modelos E190-E2 e E195-E2, por exemplo, possuem comandos de voo 100% eletrônicos (full fly-by-wire), uma tecnologia disponível em poucos aviões comerciais. Algumas dessas raras máquinas são os avançados Airbus A350 e o Boeing 787.

Mas são tempos de pandemia. Poucas companhias aéreas estão se arriscando a comprar aviões e muitas encomendas foram adiadas ou canceladas. Em meio a essa turbulência do mercado, a carteira de pedidos da Embraer no segmento comercial vem se mantendo estável e sem baixas expressivas. Apesar disso, a fabricante brasileira continua inspirada e planeja seus próximos passos.

Conheça a seguir os novos projetos da Embraer que podem virar realidade no futuro.

 

Carro voador e aviões elétricos

eVTOL da Embraer
Foto: Divulgação

A era dos “carros voadores” está chegando, e a Embraer quer ser uma das principais marcas no segmento dos eVTOL, aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical. A fabricante brasileira iniciou recentemente a fase de testes com protótipos do veículo em escala reduzida e com simuladores de voo. O nome da empresa nesse novo mercado é “Eve”.

“As expectativas são muito boas. A Eve está avançando de forma considerável no desenvolvimento do eVTOL, realizando testes físicos com protótipos em escala e em simulador. Importante lembrar que a Eve Urban Air Mobility Solutions não é apenas o veículo, mas uma empresa nova e independente dedicada a desenvolver o ecossistema da Mobilidade Aérea Urbana (UAM), com um portfólio completo de soluções para preparar o mercado”, informou a Embraer.

EvTOl Embraer
Foto: Divulgação

O eVTOL da Embraer é um dos aparelhos que podem ser adotados na rede de “táxis voadores” da Uber. A ideia é parecida com o serviço de carros, mas com veículos aéreos: serão viagens compartilhadas com outros passageiros e todo o processo de agendamento e pagamento será realizado por aplicativos de smartphone. A estreia da “Uber Air” é aguardada para meados de 2025, começando por cidades na Austrália e Estados Unidos.

Avião Ipanema elétrico
Foto: Divulgação

Paralelo aos projetos de UAM, a Embraer deve voar em breve com seu primeiro avião elétrico, um protótipo baseado no avião agrícola Ipanema.

 STOUT (Short Take Off Utility Transport) da Embraer
Foto: Divulgação

Ainda na área de eletrificação, a empresa, em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB), estuda a viabilidade de uma aeronave de transporte com motorização híbrida, o projeto STOUT (Short Take Off Utility Transport – Transporte utilitário de decolagem curta).

Novo turboélice comercial

O desenvolvimento de um novo avião turboélice de passageiros era uma das grandes apostas para a joint venture que a Embraer formaria com a Boeing. A parceria com os americanos seria a chance de conseguir o investimento para avançar com o programa. Porém, o acordo entre as empresas acabou desfeito, em abril de 2020.

TurboProp da Embraer
Foto: Divulgação

Mas o impasse com a Boeing apenas adiou os planos da Embraer sobre o novo turboélice e a busca por parceiros e investidores. “Sobre o TurboProp, estamos em discussões sobre parcerias estratégicas para o desenvolvimento de uma aeronave de nova geração”, disse a empresa. O último avião da empresa nessa categoria foi o EMB-120 Brasilia, descontinuado em 2003.

Atualmente, o segmento dos turboélices comerciais é dominado pelos aviões da ATR, empresa franco-italiana. Outro nome importante desse nicho é De Havilland Canada. É uma categoria que não recebe uma grande novidade há quase 40 anos, dado que os produtos das duas fabricantes são projetos dos anos 1980. Não só isso, é um setor da aviação que deve apresentar um forte crescimento nos próximos anos, o suficiente para sustentar um novo produto da Embraer.

Drone militar

Neste mês, a Embraer e a FAB anunciaram a assinatura de um memorando de entendimento para um estudo sobre uma “aeronave não tripulada de classe avançada”. Esse processo pode ser o primeiro passo para a construção de drones militares no Brasil.

Drone Embraer - FAB
Foto: Divulgação

Aeronaves não tripuladas estão em alta no mercado militar. São meios de combate e vigilância eficientes e custam bem menos que uma aeronave convencional, tripulada. Também oferecem a vantagem de permanecer voando por muito mais tempo e podem ser equipadas com os mesmos equipamentos de busca e armamentos de caças e bombardeiros.

Em resposta ao CNN Business, a Embraer apontou que o projeto do drone militar é de “fundamental importância para a manutenção e a expansão das competências da Embraer no desenvolvimento de sistemas aéreos de defesa com alto teor tecnológico e grande complexidade de integração.”

E175-E2

Último integrante da nova família E2, o modelo E175-E2 para até 88 passageiros é um produto com grande potencial. No entanto, o sucesso da aeronave depende de mudanças nas regras da aviação regional dos Estados Unidos, que é o principal consumidor desse tipo de aeronave.

E175-E2 da Embraer
Foto: Divulgação

O novo jato da Embraer não se encaixa nos limites da cláusula de escopo dos sindicatos de pilotos de companhias aéreas regionais dos EUA. Por lá, essas empresas só podem operar aeronaves com peso máximo de decolagem de 39 mil kg. O Embraer E175 de primeira geração obedece esse limite, diferentemente do novo E175-E2, quase 6.000 kg mais pesado.

Nesta quinta-feira (29), a Embraer confirmou que empurrou em mais um ano o prazo de lançamento do E175-E2, agora programado para 2024. “Não esperamos mudanças de cláusula de escopo nos Estados Unidos no curto prazo e continuamos a otimizar nossos investimentos e avaliar as condições de mercado”, disse Antonio Garcia, CFO da Embraer, em teleconferência.

Enquanto o novo E175-E2 não chega, o modelo E175 da primeira geração continua em produção e segue como um dos aviões mais pedidos da Embraer.

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