O Toyota Corolla Cross brilha nas vendas de SUVs médios e a razão é a sua versão Hybrid. O sistema híbrido do SUV nacional, que conta com um motor 1.8 aspirado e dois motores elétricos, permite ao Corolla Cross rodar mais de 600 km na cidade com um tanque de gasolina de apenas 36 litros. Na estrada, seu alcance é de 500 km. Para quem busca um SUV médio econômico, ele é matador.
A versão 2.0 do Corolla Cross, com motor a combustão, já tem um consumo melhor do que os rivais Jeep Compass 1.3 turbo e Volkswagen Taos 1.4 turbo (com exceção de etanol na estrada, onde há empate). Mas as diferenças são pequenas e a oferta de equipamentos pode acabar justificando a compra de um ou outro. Porém, quando o Corolla Cross Hybrid entra na disputa, a Toyota dá um banho de economia de combustível e humilha os rivais da Jeep e da Volkswagen. Veja os números abaixo.
Consumo (km/l) |
Corolla Cross |
Jeep Compass |
VW Taos |
Gasolina Cidade |
17,0 | 10,2 | 10,2 |
Gasolina Estrada |
13,9 | 11,7 | 12,5 |
Etanol Cidade |
11,8 | 7,2 | 7,0 |
Etanol Estrada |
9,6 | 8,3 | 9,0 |
Durante uma semana, rodamos com o Toyota Corolla Cross Hybrid para uma avaliação na cidade e na estrada, pois só havíamos experimentado o carro na pista de testes da montadora japonesa, e em velocidades controladas. Agora, não. O Corolla Cross Hybrid XRX (topo de linha) foi submetido a uma avaliação na vida real.
Primeiro, o SUV confirmou os números de consumo. Rodando normalmente, no dia a dia, ele não apenas cumpre os números oficiais como consegue ir além, dependendo da forma como é conduzido. Em condução bem moderada, o Corolla Cross conseguiu fazer 19,3 km/l de gasolina na cidade e 15,3 km/l na estrada. Entretanto, nem sempre é possível conseguir as melhores marcas de autonomia.
Há situações em que o consumo rodoviário sobe bastante e baixa para 12 km/l. Como a potência máxima do Corolla Cross Hybrid é de 123 cv (combinação dos três motores), até atingir uma velocidade de cruzeiro (100 ou 120 km/h) é preciso manter o pé mais pesado no pedal do acelerador.
Uma vez atingida essa velocidade, entretanto, o Corolla Cross Hybrid tem um rodar que até nos surpreendeu. Uma curiosidade sobre o carro é que ele não tem conta-giros. O quadro de instrumentos TFT de 4,2” mostra o velocímetro ao centro, acima do computador de bordo, o marcador de combustível do lado direito e um mostrador que substitui o conta-giros à esquerda. Ele tem três níveis: Charge (quando a bateria está sendo carregada), Eco (quando a condução é econômica) e Power (quando o giro do motor sobe para entregar mais potência).
Para quem saiu de outros SUVs, a experiência com o Corolla Cross Hybrid é bastante interessante. O motorista acaba se “policiando” para dirigir de forma mais econômica. É por isso, também, que muitos proprietários do Corolla sedã híbrido estão migrando para o Corolla Cross Hybrid. As duas versões híbridas, XRV e XRX, são muito parecidas. Por dentro, o Corolla Cross topo de linha (XRX) tem o quadro de instrumentos digital maior, ajuste elétrico dos bancos, ar-condicionado dual zone e o acabamento em creme, além de teto solar.
O motor 1.8 flex tem 101 cavalos. Ao seu lado, também na frente, ficam os dois motores elétricos, um em cima do outro, somando 72 cv. A potência combinada é de 123 cv. O torque é muito bom, pois os motores elétricos atuam nas acelerações. O Corolla Cross híbrido é totalmente silencioso quando a partida é dada. É preciso ficar atento ao sinal do painel que indica “Ready” (Pronto) para começar a acelerar. O rodar é bastante suave. A suspensão traseira é por eixo de torção. Este é um ponto no qual o Corolla Cross fica devendo em relação aos seus rivais, Compass e Taos, que têm suspensão independente nas quatro rodas.
A vida a bordo do Corolla Cross Hybrid XRX é agradável, mas não luxuosa. Há uma clara busca de economia de custos em alguns detalhes. É compreensível, pois a Toyota não conta com as regalias fiscais da Jeep, que produz na região Nordeste. A multimídia de 8” não é bonita, tampouco muito intuitiva, mas dá conta do recado. Não vale a pena deixar de comprar o carro por isso, pois ela tem muitos botões físicos (de girar ou apertar) e conectividade Android ou Apple. Além disso, o display também mostra o sistema híbrido em funcionamento e estatísticas de consumo.
Assim como o Taos, o Corolla Cross é “menos SUV” do que o Compass. Isso é ruim? Não necessariamente. Pelo contrário, pode até ser bom, para quem procura um carro com vocação mais estradeira ou urbana e menos off-road. Durante nossa utilização, rodamos muito pouco em estradas de terra, mas passamos bastante por ruas de piso ruim. Ele mostrou bom conforto na rodagem. O vão livre é de apenas 16,1 cm e isso, às vezes, exige atenção.
De todos os detalhes do Corolla Cross, o que mais incomoda é o freio de estacionamento a pedal. É difícil se acostumar a ele depois de dirigir carros com freio de mão eletrônico. O porta-malas, de 440 litros, perde para o do Taos (-58 litros) mas supera o do Compass (+30 litros).
Se o consumo é matador, o desempenho é o ponto fraco do Toyota Corolla Cross Hybrid. Sua aceleração de 0 a 100 km/h é feita em apenas 13 segundos (contra 9,4 do Compass e 9,3 do Taos). Há também desvio de trajetória para a esquerda em frenagens de emergência a 120 km/h. O Corolla Cross híbrido não é mesmo para correr muito, tanto que sua velocidade máxima é de apenas 170 km/h (contra 206 do Compass e 195 do Taos).
Até 120 km/h o Corolla Cross Hybrid tem um comportamento dinâmico muito bom. Em velocidades mais elevadas, entretanto, especialmente acima de 140 km/h, ele começa a ficar menos estável. De qualquer forma, quando está embalado, o sistema híbrido funciona de forma brilhante para deixar o carro bastante silencioso ao rodar, mesmo a 120 km/h. O câmbio CVT tem 10 marchas e foco na economia de combustível. Os pneus são largos, medidas 225/50 R18.
Vale dizer que o Corolla Cross não é um híbrido plug-in, ou seja, não pode ter a bateria carregada na tomada. Portanto, também é impossível conduzir no modo 100% elétrico por mais do que alguns metros em manobras de estacionamento. Quem decide se o carro vai usar o motor a combustão ou os motores elétricos é o próprio sistema híbrido. Para quem busca economia de combustível, é uma solução confortável e eficiente. Lembrando que estamos falando de um carro que pesa quase 1,5 tonelada.
Em termos de segurança, o carro é bastante completo e conta com seis airbags. De uma forma geral, o Corolla Cross Hybrid cumpre o que promete. Ele não veio para ser um campeão de arrancadas e sim um campeão de economia. Por isso, o SUV japonês, fabricado em Sorocaba (SP) conquista clientes com grande rapidez e já ultrapassou o Corolla sedã no ranking mensal. Para quem busca um SUV médio com a proposta de espaço, segurança, conforto e economia, é uma boa compra.
ITEM | CONCEITO | NOTA |
MOTOR | Muito bom | 8,5 |
CÂMBIO | Muito bom | 8,5 |
SUSPENSÃO | Muito bom | 8 |
FREIOS | Muito bom | 8 |
DIREÇÃO | Muito bom | 8,5 |
EQUIPAMENTOS | Ótimo | 8,5 |
ERGONOMIA | Ótimo | 9 |
PORTA-MALAS | Muito bom | 8 |
ACABAMENTO | Muito bom | 8 |
DESIGN | Muito bom | 8 |
VEREDICTO | Muito bom | 8,3 |
1 de 20
Toyota Corolla Cross Hybrid 1.8 XRX.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro
Os números
- Preço: R$ 184.490 (nacional) e R$ 191.190 (SP)
- Motor: 1.8 aspirado flex + dois motores elétricos
- Potência: 123 cv a 5.200 (e)*
- Torque: 142 Nm + 163 Nm a 3.600 rpm**
- Câmbio: 1 marcha CVT (transeixo)
- Comprimento: 4,460 m
- Largura: 1,825m
- Altura: 1,620 m
- Entre-eixos: 2,640 m
- Vão livre: 161 mm
- Peso: 1.450 kg
- Pneus: 225/55 R18
- Porta-malas: 440 litros
- Carga útil: 450 kg
- Tanque: 36 litros
- 0-100 km/h: 13s0
- Velocidade máxima: 170 km/h
- Consumo cidade: 17,0 km/l
- Consumo estrada: 13,9 km/l
- Emissão de CO2: 111 g/km (ou 0 g/km com etanol)
*101 cv do motor 1.8 + 72 cv dos motores elétricos MG1 e MG2. **Torque máximo não divulgado pela Toyota (não basta somar o torque dos três motores).