A versão híbrida do Toyota Corolla (com um motor elétrico e outro flex a combustão) já responde por 40% da produção do modelo no Brasil, diz o presidente da montadora, o peruano Rafael Chang. No início, em meados de 2019, eram 15 a 20%.
A procura pelo modelo, o primeiro híbrido a aceitar etanol, surpreendeu a montadora. A fila de espera, que chegou a 3 meses, agora está em 1.
A demora acontece porque o conjunto mecânico é importado do Japão; o restante é produzido e montado na linha de Indaiatuba (SP), que foi modernizada para receber a nova geração do Corolla.
Não há previsão de trazer a fabricação do motor para o Brasil. “A escala (de produção do Corolla híbrido) ainda é pequena”, diz Chang.
Segundo a marca, são emplacadas 2 mil unidades do híbrido por mês. Em dezembro, ao todo, foram 5,2 mil do Corolla, considerando a versão híbrida e as que só têm motor a combustão.
O preço parte de R$ 128.990 atualmente (versão Altis Hybrid) — R$ 4 mil mais caro do que quando o carro foi lançado. Na versão topo de linha, Altis Hybrid Premium, chega a R$ 135.990, que é R$ 5 mil a mais do que na época do lançamento.
“(O híbrido) tem atraído mulheres e um público mais jovem também”, diz Vladimir Centurião, diretor de operação de Vendas, Pós-Vendas e Marketing da montadora.
Além do Corolla, a Toyota oferece este tipo de tecnologia no SUV RAV4 — diferente do sedã, ele só é vendido na versão híbrida, que emplacou 664 unidades em dezembro passado. Importado, o carro agora custa R$ 176.990.
O terceiro modelo exclusivamente híbrido da Toyota é o Prius, que custa R$ 134.990 e também é importado do Japão. Ele começou a ser vendido no Brasil em 2013 — na época, a R$ 120.830 (sem correção) — e virou um carro de nicho, com seu visual pouco conservador. Teve apenas 39 unidades emplacadas em dezembro.
Toyota Prius 2019 — Foto: Divulgação
Mesmo assim, segundo o presidente da marca, ele não será canibalizado pelo Corolla porque tem um público diferente. Além disso, o Prius foi uma “escola” sobre híbridos “para nossos concessionários e até para nós”, diz Chang.
Com a crise na Argentina, maior compradora dos carros que o Brasil exporta, a Toyota tem buscado novos mercados. Vai vender o Corolla brasileiro para Colômbia e no Peru, e o Yaris na Bolívia, por exemplo. “Você pode dizer que são mercados pequenos, mas de um a um…”, diz Chang.
Em encontro com jornalistas na última quarta-feira (29), o presidente despistou sobre o SUV compacto que deverá começar a ser feito em Sorocaba (SP), em 2021, fruto do investimento de R$ 1 bilhão anunciado em 2019.
Disse apenas que seria preciso chegar ao segmento com o carro certo e o equipamento certo. É que a Toyota é a única entre as marcas que mais vendem no Brasil a não disputar este segmento. A expectativa é que a marca escolha o Raize, recém-lançado na Europa, para a linha de Sorocaba.
Toyota Raize — Foto: Divulgação
Perguntado se o carro faria sua estreia como um conceito, por exemplo, no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro próximo, Chang revelou ao G1 que a marca não participará do evento.
Vai investir em experiências próprias de mobilidade, com os clientes e potenciais compradores — de carros ou de serviços. A montadora lançou recentemente no Brasil o serviço de aluguel de curto prazo de carros em cerca de 30 concessionárias.
O plano é expandir a empreitada, permitindo que, com um mesmo aplicativo, clientes possam alugar carros em lojas da Toyota em toda América do Sul.
E, “num futuro próximo, ter contratos mais longos”, afirmou Chang. Isso indica que a marca poderá ser concorrente das locadoras, que já abocanham boa parte das vendas de veículos no país, também no segmento de carros por assinatura.
Novo chefe: ‘coração brasileiro’
A marca também busca uma maior regionalização. Recentemente, trouxe a diretoria comercial e de marketing, que ficava no Japão, para a Argentina. O Brasil, maior mercado da marca na região, continua sendo o centro de manufatura e engenharia. Isso, segundo Chang, vai facilitar a tomada de decisões.
Em abril último, houve a troca na chefia da Toyota América Latina. Com a aposentadoria do norte-americano Steve St. Angelo, assumiu o japonês Masahiro Inoue.
Falando a jornalistas em português, no evento de quarta, Inoue comemorou o segundo ano de recorde de vendas da Toyota no Brasil. Explicou que trabalhou no Brasil entre 2011 e 2013, como diretor comercial, e ajudou a lançar o Etios.
“Meu coração é 50% brasileiro”, brincou. Inoue disse que, ao voltar ao país, se surpreendeu ao tanta procura por patinetes e o Uber: “O brasileiro gosta de coisas novas, aceita coisas novas. Esse mundo da mobilidade, que ainda é pequeno aqui, vai crescer com velocidade alta”.