carro elétrico


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Divulgação

O Corsa-e é um veículo totalmente elétrico da nova geração desse modelo que foi desenvolvido em conjunto com a PSA

Nem o mais pessimista dos analistas conseguiria imaginar o cenário global neste início de 2020. Em quatro meses, Estados Unidos e Irã quase entraram em guerra, uma disputa de poder entre Rússia e Arábia Saudita derrubou o preço do petróleo e o mundo viu-se tomado por uma pandemia sem data para arrefecer.

A indústria automobilística mundial já vinha, nos últimos anos, perdendo receitas por sucessivas quedas nas vendas, mas os carros elétricos eram sua grande aposta no futuro.
Com a recessão mundial que se anuncia e a queda nos preços dos combustíveis, será que esses promissores veículos limpos conseguirão manter seu acelerado processo de expansão?

Artigo de Edmar Bacha:
O vírus e a economia

Um relatório da consultoria britânica Wood Mackenzie, divulgado na semana passada, foi pessimista em relação ao futuro imediato dos elétricos. A previsão é de que haverá uma queda de 43% no setor, passando de 2,2 milhões de veículos vendidos em 2019 para 1,3 milhão em 2020 (contra uma estimativa de queda de 12% nas vendas de veículos com motor a combustão).

O documento ressalta que os carros elétricos
são particularmente expostos à crise por ainda serem considerados uma “compra premium” e porque sua rede de fornecedores de componentes é muito recente, portanto, mais suscetível a abalos econômicos.

Um táxi para o Japão:
Os peculiares modelos que dão duro nas ruas de Tóquio



Nissan Leaf


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Caue Lira/iG

No Brasil, a chegada de mais modelos elétricos também vai atrasar com a crise desencadeada pela pandemia

“As pessoas não estão comprando sequer carros convencionais no momento”, analisa Ram Chandrasekaran no documento da Wood Mackenzie. “Quem dará um grande salto para comprar seu primeiro carro elétrico justamente agora?”.

Primeiro país a ser afetado pelo novo coronavírus
e maior mercado de veículos elétricos do mundo, a China viu as vendas despencarem nos primeiros meses do ano. Como referência, a fabricante chinesa BYD vendeu 10.433 elétricos no mês passado, contra mais de 30 mil unidades em março de 2019.

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Inaugurada em janeiro, a chamada “gigafábrica” da Tesla em Xangai teve que ficar fechada por duas semanas, no auge da epidemia na China. Para direcionar recursos ao combate à doença e manter as atividades essenciais da economia, o governo chinês reduziu alguns dos programas de incentivo fiscal para a compra de carros “a bateria”.

Novidades adiadas

Lançamentos de veículos elétricos que ocorreriam neste ano ficarão para depois. Nos EUA, a GM dificilmente apresentará novidades em sua linha eletrificada. Já o Ford Mustang Mach E
, que chegaria às lojas em novembro, ficou para 2021. Inicialmente previsto para março, o Volkswagen ID.3, grande promessa europeia para este ano, vem tendo seu lançamento postergado não só pela Covid-19 como por problemas de software.

Há, contudo, esperanças.

— Com 3 bilhões de pessoas em lockdown
em todo mundo e redução da mobilidade
em todos os modais, há a previsão de queda nas vendas de veículos elétricos, mas espera-se que ocorram comportamentos diferentes, em diferentes mercados — diz Fernanda Delgado, professora e pesquisadora da FGV Energia.

Este ano, a Dinamarca, por exemplo, já registrou um crescimento de 90% nas vendas de carros elétricos em relação ao mesmo período em 2019, com 4.166 novos veículos emplacados.

Coronavírus:
Salão do Automóvel de Paris é cancelado por causa do coronavírus



Linha de elétricos da VW


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Divulgação

O grupo VW terá uma linha completa de carros elétricos e espera vender 1,5 milhão de veículos/ano no segmento

Esta semana, a China anunciou que os subsídios aos elétricos serão restaurados e mantidos até 2023.

A Plug In America, organização que promove o uso de veículos elétricos nos EUA, vai além: aposta que a crise sanitária e econômica pode motivar a indústria a encerrar de vez a produção dos modelos a gasolina em fim de linha e acelerar novos projetos de carros elétricos. Fábricas de automóveis, afinal, trabalham com perspectivas a longo prazo.

— Acredito que, quando começarmos a sair disso, muitas pessoas pensarão: “Eu não quero voltar ao ar poluído e a todo esse barulho”. Creio que haverá muito mais consciência e interesse em limpar nossa paisagem sonora e nosso ar, agora que experimentamos um pouco disso na quarentena — aposta Chris Nelder, diretor de mobilidade do Rocky Mountain Institute, organização americana dedicada a pesquisas de sustentabilidade e eficiência energética.

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