Para depois disso, o decreto do governo determina a flexibilização das restrições. As aulas em modelo híbrido e atividades não essenciais, como o comércio, voltam a ser liberadas, com restrições. Confira as mudanças, mais abaixo.
O novo decreto foi anunciado pelo governador Ratinho Junior (PSD) e pelo secretário de Estado da Saúde, Beto Preto. O texto anterior, publicado na sexta-feira (26), tinha validade até segunda (8).
Com isso, fica prorrogado temporariamente o toque de recolher das 20h às 5h, o fechamento das atividades não essenciais e a suspensão das aulas presenciais no Paraná.
Também permanece proibida a venda de bebidas alcoólicas no estado no horário do toque de recolher, conforme o anúncio.
As medidas foram tomadas por causa do aumento expressivo do número de casos de Covid-19 e em razão da alta taxa de ocupação de leitos nos hospitais de todo o estado.
Governador Ratinho Junior anunciou prorrogação do decreto, nesta sexta-feira (5) — Foto: Reprodução
Nesta sexta-feira, a ocupação dos leitos de UTI para adultos, pela rede pública de saúde, é de 96%.
Na coletiva para anunciar o decreto, Ratinho Junior destacou a preocupação com aglomerações nas ruas e no transporte público das cidades com mais de 50 mil habitantes. No estado, são 36, de um total de 399 municípios.
“Queremos que as pessoas circulem de manhã, para evitar aglomerações no transporte coletivo. Continua o toque de recolher a partir das 20h, assim como a proibição de venda de bebidas alcoólicas no mesmo horário”, ressaltou o governador.
A Prefeitura de Curitiba, que está seguindo medidas semelhantes às do governo estadual, também prorrogou as restrições até quarta.
O que muda a partir de quarta?
Por uma semana, de quarta-feira (10) até 17 de março, o decreto prevê flexibilização de serviços e outras mudanças. Veja os detalhes:
- Serviços não essenciais: poderão abrir novamente mas devem fechar no fim de semana dos dias 13 e 14;
- Comércio de rua e galerias e outros estabelecimentos de serviços não essenciais: podem abrir em cidades com mais de 50 mil habitantes, das 10h às 17h, de segunda à sexta-feira, com limitação de 50% da capacidade;
- Aulas presenciais: escolas e universidades particulares, em modelo híbrido, podem voltar às aulas a partir de quarta-feira (10). Na rede pública, o retorno está previsto para a segunda-feira (15). A taxa de ocupação das salas de aula não pode ultrapassar 30% da capacidade;
- Academias: podem voltar a atender, das 6h às 20h, de segunda à sexta-feira, com limite de 30% de ocupação;
- Shoppings: podem reabrir, das 11h às 20h, de segunda à sexta-feira, com limite de 50% da capacidade;
- Restaurantes, bares e lanchonetes: podem atender entre 10h e 20h, de segunda a sexta-feira, com limite de capacidade de 50%. Podem atender 24h e aos fins de semana por modalidade de entrega;
- Igrejas e atividades religiosas: podem funcionar com até 15% da capacidade;
- Atividades com aglomeração – cinemas, eventos, museus, festas, reuniões com aglomeração, confraternizações familiares ou de empresas, reuniões, casas de shows e eventos, parques infantis: continuam suspensos;
- Atividades essenciais como farmácias, supermercados, clínicas médicas: continuam liberadas;
- Toque de recolher das 20h às 5h e proibição da venda de bebidas alcoólicas neste horário: continuam proibidos.
Beto Preto e Ratinho Junior apresentam a atualização das medidas de enfrentamento pelo estado à Covid-19 — Foto: Carolina Wolf/RPC
Beto Preto comentou que as medidas vão continuar sendo acompanhadas com muita atenção. O secretário disse que a tomada efetiva de posicionamento da população contra a Covid-19 e o cuidado devem ser rotina.
“Se porventura os números não começarem a descer, vamos ter que observar para um olhar um pouco mais clínico. Quero fazer um apelo aos paranaenses, o problema é grande, estamos com quase 100 óbitos por dia. Muitas pessoas que ainda não entenderam isso possivelmente não teve ninguém próximo com risco de perder a vida”, afirmou.
O secretário destacou que os jogos do Campeonato Paranaense podem voltar, com testes antes das partidas para garantir que os envolvidos estejam com resultado negativo. Entretanto, disse que a decisão depende da Federação Paranaense e da autonomia dos municípios.
Durante o anúncio do decreto, o governador informou medidas tomadas pelo governo do estado para amenizar o impacto econômico da pandemia:
- Suspensão do pagamento de empréstimos do programa Paraná Recupera para 40 mil empreendedores;
- R$ 10 milhões em linha de crédito para empreendedores informais e microempreendedores individuais;
- R$ 30 milhões de empréstimos com juros subsidiados (taxa de juros menor que a vigente no mercado) para o Banco da Mulher e Banco do Empreendedor;
- Suspensão, por dois meses, dos pagamentos de 40 mil empreendedores que adquiriram empréstimos no início da pandemia, pela Fomento Paraná;
- R$ 120 milhões em empréstimos subsidiados para o setor turístico.
Transferências de pacientes e estoque de oxigênio
O secretário de Saúde destacou que não há previsão de transferência de pacientes do Paraná para outros estados, por enquanto.
“Outros estados estão com dificuldades de leitos tanto quanto nós estamos neste momento. Neste momento queremos resolver a situação dos paranaenses aqui mesmo”, disse.
De acordo com dados da Sesa, o estado possui 858 pessoas esperando leito de UTI ou enfermaria. Beto Preto disse que estas pessoas estão recebendo atendimento.
“Os pacientes estão sendo assistidos, infelizmente esse número cresceu muito e o tempo médio de permanência destas pessoas internadas também aumentou 11%. Vamos continuar observando, o Ministério da Saúde se comprometeu a mandar mais respiradores ao Paraná, queremos ampliar os leitos”, afirmou o secretário.
Sobre a possibilidade de faltar oxigênio no estado, o secretário informou que acredita que isso não acontecerá: “Temos acompanhado a situação. Os hospitais do Paraná têm grandes contratos ou até usinas de oxigênio em suas instalações, então pode acontecer de faltar em pequenas unidades. Estamos acompanhando. Espero que, mesmo no maior pico da crise, não tenhamos falta de oxigênio no Paraná, como aconteceu no Amazonas”.
As medidas mais restritivas com objetivo de diminuir a circulação do vírus no estado entraram em vigor no sábado (27). Mesmo assim, o número de pessoas internadas com Covid-19 ou suspeita da doença bateu recorde por nove dias seguidos, chegando a 4 mil internações.
A fila de espera por vagas em hospitais também bateu sucessivos recordes no período. Na quinta-feira, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), 811 pessoas aguardavam leitos de UTI ou de enfermaria.
Os dados desta sexta-feira, divulgados pela Sesa, apontaram que o estado chegou a 96% de ocupação dos leitos de UTI Covid-19. Em todas as macrorregiões, a ocupação das alas de UTI Covid está acima de 95%.
“Já abrimos, em 13 dias, mais de 200 leitos de UTIs. As equipes estão se dedicando para tentar amenizar o problema”, disse Ratinho Junior.
Beto Preto destacou que, de cada 10 pacientes que vão para a UTI, quatro morrem. “É um número dramático. Por isso vamos nos dedicar para trazer mais vacinas”, comentou.
O índice de isolamento social no estado esteve entre 34% e 35% no Paraná, de segunda (1) a quinta-feira, de acordo com o monitoramento feito com dados de geolocalização pela empresa In Loco.
A proporção é maior do que nas duas semanas anteriores ao decreto, quando o isolamento, de segunda a sexta-feira, esteve entre 29% e 31%, mas é o mesmo índice alcançado na primeira semana de fevereiro e inferior ao atingido em janeiro, quando serviços não essenciais estavam funcionando e o toque de recolher valia das 23h às 5h.
Índice de isolamento social no Paraná
Proporção das pessoas que não saem de casa vinha em queda antes do toque de recolher
Fonte: InLoco
No domingo (1°), o índice de isolamento chegou a 53%, a maior marca desde 24 de janeiro.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), nesta sexta-feira, o estado chegou a 667.441 casos confirmados da doença. Desde o início da pandemia, 12,1 mil pessoas morreram vítimas da doença.
“No Paraná, todos os testes que foram feitos apontaram 70% da cepa P1. Isso demonstra que a sepa está circulando no Paraná e essa explosão de casos tem relação direta com a presença da cepa amazônica sim. É um contágio mais agressivo”, disse o secretário de Saúde.
Prorrogações do toque de recolher
O toque de recolher entrou em vigência no estado em 2 de dezembro. A media valeu por 15 dias, entre entre 23h e 5h. À época, o estado tinha o total de 285.837 casos confirmados e 6.188 óbitos.
A determinação foi prorrogada outras cinco vezes:
- Em 17 de dezembro de 2020, quando o Paraná atingiu 7.112 óbitos e 363.373 casos confirmados da doença. A medida valeu por 10 dias.
- Depois, em 28 do mesmo mês, quando o estado passou de 400 mil diagnósticos e registrou 7.671 mortes. Nesse documento, a medida não teve validade na virada de ano.
- No dia 7 de janeiro deste ano, toque foi prorrogado mais uma vez, mas com mudanças. O decreto ampliou o limite de 10 para 25 pessoas nas reuniões e eventos presenciais. Nesse dia, a Sesa relatou problemas técnicos e não divulgou dados diários da Covid-19.
- Em 29 de janeiro, houve nova prorrogação do toque de recolher no estado. Medida valeu por 10 dias. O boletim desse dia apontou que o Paraná estava com o total de 9.848 mortes e 539.442 casos confirmados.
- No dia 10 de fevereiro, foi prorrogada a medida das 23h às 5h até o dia 28. Entretanto, no dia seguinte, o Governo do Paraná reduziu em uma hora o período do toque de recolher, ficando entre 0h e 5h.
- Em 26 de fevereiro, o governo decretou o fechamento de serviços não essenciais e a ampliação do toque de recolher para o período entre 20h e 5h.