Se um motor já é sinônimo de problema, os dois motores de um carro híbrido significam problema em dobro, certo? Não é bem assim! Para começo de conversa, o motor elétrico raramente demanda manutenção.
E é justamente o menor uso do motor a combustão interna de um híbrido, em função da atuação do motor elétrico, assim como alguns sistemas auxiliares, que altera seus períodos de manutenção.
Conversamos com André de Maria, sócio do Autocentro Confiar Bosch Car Service, que acumula boa experiência na manutenção desses veículos. Além de engenheiro mecânico, o profissional já teve um híbrido como carro pessoal e experiência de sobra para falar sobre o assunto.
Onde o proprietário pode se dar bem
O primeiro exemplo de como a manutenção de um híbrido pode ser mais econômica que a de um carro convencional, André cita as pastilhas de freio. De acordo com o engenheiro, o sistema de regeneração da frenagem “absorve” tanta energia durante as desacelerações, que acaba alongando a vida útil das pastilhas.
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“Sei de um Toyota Prius que manteve as pastilhas originais até os 260 mil quilômetros”, relata André. Para o engenheiro, os manuais dos carros híbridos precisam estabelecer a manutenção de alguns componentes pelas horas de uso, e não por tempo.
A troca do filtro de ar, por exemplo, depende muito da forma como o veículo foi usado. Se rodou muito apenas no modo elétrico, ele vai demorar a sujar. Se for um híbrido plug-in, que carrega na tomada, vai demorar mais ainda. “Por este motivo, aqui na oficina a análise visual é soberana para determinar a troca”, disse o engenheiro.
O mesmo pode ser considerado a respeito das velas de ignição. Quanto menos o motor a combustão for usado, em favor do elétrico, mais elas vão durar. Segundo André, o componente pode durar até os 120 mil quilômetros. Outros sistemas, como a suspensão, tem a manutenção como a de qualquer carro convencional.
Manutenção corretiva dos carros híbridos tem pontos sensíveis
Um ponto sensível dos carros híbridos é o ar-condicionado. Em alguns modelos, o sistema de arrefecimento das baterias está associado à climatização. Por isso, para muito além do conforto dos ocupantes, é essencial que o sistema esteja em perfeitas condições.
O sistema não precisa de manutenção regular, e só costuma dar problema em caso de acidente. Nesse caso, é bom preparar o bolso. Enquanto o botijão do gás convencional custa R$ 1 mil, o botijão de um gás comumente usado no ar-condicionado de elétricos e híbridos custa R$ 13 mil.
André ainda destaca que, aplicado em carros híbridos ou não, os motores a combustão interna se tornaram caros de se manter. O motivo principal é a a adoção de tecnologias para reduzir as emissões. “Hoje, qualquer tipo de manutenção, mesmo a preventiva, deve ser feita com critério. Por exemplo, eu já não posso usar qualquer óleo com a especificação 5W30 na lubrificação de um modelo, mas somente o óleo que foi sido certificado e homologado pelo fabricante”, explica o engenheiro.