É possível viajar com um carro elétrico? Quais as chances de ficar parado na estrada, sem bateria? Para responder essas perguntas, resolvemos fazer um teste da vida real: até onde chega um veículo movido a eletricidade. Para isso, usamos o Audi e-tron, carro elétrico mais vendido do Brasil em 2020, que tem autonomia de 436 km segundo o novo padrão global de medições.

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A missão era simples. Rodar com o e-tron normalmente na cidade, e, depois de alguns dias, viajar com ele para o interior de São Paulo até o limite da bateria.

Como não queríamos ficar a pé ou ter que chamar um guincho, planejamos a rota de forma que sempre haveria um ponto de recarga a uma distância razoável. Assim, o destino final seria a cidade de Holambra, a 150 km da capital paulista.

Audi e-tron em Holambra

Em tese, é possível fazer um trajeto de ida e volta com sobras. Mas, na prática, a teoria muda um pouco. Retiramos o e-tron no centro técnico da Audi com as baterias de 95 kWh totalmente carregadas. Só que o quadro de instrumentos digital do SUV indicava autonomia total de 350 km.

Assim que o ar-condicionado foi acionado, a autonomia caiu para 320 km. Ou seja, as contas deveriam ser feitas com mais cuidado.

A velocidade com que a autonomia cai também depende dos modos de condução escolhidos.

O e-tron tem sete deles:

  • allroad
  • offroad
  • comfort
  • efficiency
  • dynamic
  • individual
  • auto

Na maior parte do tempo, usei a configuração Auto, que estabelece os melhores parâmetros para aquele momento, de acordo com o comportamento do motorista.

Não resisti à tentação, e, mesmo sabendo que isso “drenaria” a bateria, em alguns momentos, usei a opção mais esportiva, Dynamic.

É claro que o peso do pé do motorista também influencia no alcance de um carro elétrico. E, por mais que as acelerações do e-tron sejam surpreendentes, com seus 408 cv e 67,3 kgfm, na maior parte do tempo, dirigi buscando recuperar o máximo de energia. E devo dizer que me diverti fazendo isso.  

Audi e-tron
Audi e-tron tem 408 cv

Esse é um dos pontos mais interessantes de um carro elétrico. Eles mudam sua forma de dirigir. Você fica mais relaxado ao volante.

Esse estilo de condução ainda traz benefícios ao próprio veículo. As aletas atrás do volante, normalmente usadas para trocar marchas, no e-tron servem para gerenciar a regeneração dos freios. Assim, sempre que o trânsito dá sinais de que vai parar, basta pressionar a tecla da esquerda para aumentar o nível de recuperação de energia, reduzir a velocidade do veículo e ganhar um pouco mais de autonomia.

Dirigindo dessa forma, depois de um final de semana, a autonomia do e-tron no dia da viagem era de 260 km, com o ar-condicionado desligado. Assim, o trajeto de 150 km podia ser feito sem sustos.

No entanto, é preciso considerar que o uso em rodovias exige mais das baterias, já que as velocidades são mais altas, e as oportunidades de regeneração da energia em frenagens são mais escassas.

Autonomia de 436 km segue padrão global

Nas rodovias dos Bandeirantes e Anhanguera, onde a maior parte do trajeto é feito, a velocidade máxima é de 120 km/h e 100 km/h, respectivamente.

Sem trânsito, depois de 1 hora de estrada, nos aproximamos de Campinas com autonomia restante de cerca de 160 km.

Isso nos deu um indicativo de que chegaríamos a Holambra, 50 km adiante, com alguma sobra de bateria.

Pensamos em seguir viagem para alguma cidade mais próxima da divisa com Minas Gerais.

Porém, ao consultar o aplicativo PlugShare, o mais indicado pelas fabricantes para encontrar pontos de recarga, descobrimos que, naquela rota, o ponto de recarga mais próximos estava a 130 km dali, em uma empresa de Poços de Caldas (MG).

Outra possibilidade era seguir 78 km na direção noroeste até Araras, onde há um único ponto de recarga. Ou seja, sem margem de erro caso o local estivesse inoperante. Nesse caso, a autonomia restante não seria suficiente para voltar até uma cidade com melhor estrutura.

Único local de recarga em Holambra é em doceria
Audi e-tron após recarga em Holambra

Dessa forma, preferimos manter a programação original e seguimos para Holambra, onde chegamos com autonomia de 120 km (110 km com o ar-condicionado ligado). Na pequena estância turística, o único ponto de recarga fica na tradicional doceria Martin Holandesa. Enquanto o e-tron era carregado no aparelho de 22 kWh, aproveitamos para tomar um café e dar uma volta na cidade. Esse vídeo foi gravado durante a fase amarela de restrições, então o comércio podia funcionar normalmente.

Depois de 40 minutos, recuperamos o equivalente a 40 km da autonomia, chegando a 160 km – suficiente para a volta até São Paulo praticamente sem sobras.

Viagem de 150 km terminou em Holambra
Audi e-tron em Holambra

No trajeto, já na hora do almoço, decidimos fazer uma parada em um posto na Rodovia dos Bandeirantes com carregador rápido de 50 kWh. Enquanto almoçávamos, deixamos o e-tron carregando. Uma hora depois, a autonomia havia subido mais 130 km. Assim, a viagem foi concluída sem qualquer susto.

No fim das contas, o e-tron passou 1h40 com um plugue de recarga. Isso foi suficiente para recarregar as baterias e fornecer 170 km de autonomia. E o melhor de tudo, sem custos.

No total, gastamos 1h40 para carregar o e-tron, e isso não nos custou um centavo sequer

Conclusão

A conclusão é de que, sim, é possível viajar com um carro elétrico como o Audi e-tron (ou qualquer outro) sem ficar na mão. Hoje, o estado de São Paulo tem cerca de 300 pontos de recarga. Muitos deles, públicos, estão localizados em postos na beira de rodovias. Assim, é possível aproveitar aquela pausa para um café e ganhar alguns km extras de autonomia.

A única ressalva é que ainda não dá para sair sem se planejar ou pensar em alternativas, caso algum ponto de recarga esteja quebrado, ou mesmo sendo usado por outro usuário.

Ficha técnica – Audi e-tron

Preço: R$ 531.990 (mar/2021)

Motor: 2 elétricos, um em cada eixo

Potência: 408 cv

Torque: 67,3 kgfm

Câmbio: 1 marcha

0 a 100 km/h: 5,7 s

Velocidade máxima: 200 km/h

Autonomia: 436 km (padrão WLTP)

Dimensões: 4,90 m (comprimento) / 1,63 m (altura) / 2,04 m (largura) / 2,93 m (distância entre eixos)

Porta-malas: 600 l

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