Possivelmente muitos não devem lembrar, mas, lá pelas duas primeiras décadas do século XX, quando os carros começavam a chegar às ruas dos EUA em maior número, boa parte deles era elétrico.  

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O país foi o primeiro a fabricar e vender carros em larga escala e, naquela época, pelo menos um terço dos modelos era empurrado por eletricidade armazenada em baterias.  

O curioso é que, já naqueles tempos, as qualidades mais alardeadas pelos vendedores dessas máquinas eram o seu silêncio, ausência de fumaça e cheiro e facilidade de usá-las. Para destacar isso, a publicidade costumava usar senhoritas elegantes e descoladas, como as que você vê nas imagens deste post.  

Afinal, diferentemente dos modelos com motores a combustão, esses carros não precisavam da força bruta masculina para girar manivelas que faziam com que começassem a funcionar pela manhã, nem costumavam pifar no meio da rua, custando uma ou duas mãozinhas sujas de graxa para recomeçarem a andar. 

Pelo que informam alguns desses anúncios, um modelo elétrico daqueles dias era capaz de rodar 100 km ou mais com uma carga, o que era – e ainda é – suficiente para uso urbano diário.  

Uma autonomia que não era lá muito menor que a das tecnologias concorrentes, movidas com gasolina ou a vapor – carros a caldeira era muito comuns, também. 

O que começava a fazer diferença eram o custo, o tempo e a facilidade para abastecer. A exploração e refino de petróleo nos EUA cresciam rapidamente, aumentando muito a oferta de combustíveis e reduzindo muito o preço de cada litro. Postos eram abertos aos montes e em todos os cantos. 

Já a distribuição de eletricidade, principalmente fora dos grandes centros, ainda levaria uns 30 anos. E foi essa a principal razão que fez com que tanto a indústria quanto os consumidores optassem pelos veículos com motores a explosão – apesar de eles fazerem barulho, fumaça, quebrarem mais e serem bem menos eficientes.  

Explicamos: em média, nos motores movidos a gasolina, álcool, gás ou diesel, apenas 60% da energia gerada é transformada em movimento, enquanto nos elétricos esse percentual é de até 95%. 

Uma das primeiras consequências da escolha pelo petróleo o desenvolvimento das baterias deixar de ser uma prioridade. Elas até evoluíram, mas, como seu foco passou a ser outro tipo de equipamento, peso e aumento da autonomia, por exemplo, talvez tenham deixado de ser tão importantes. 

Nos carros, a não ser por alguns – poucos – projetos e protótipos, as baterias passaram a servir apenas para fornecer energia para o arranque e fazer funcionar acessórios. 

Não por acaso, o grande avanço nesses acumuladores de energia veio de outras indústrias, como a dos gadgets eletrônicos. Primeiro, relógios digitais, depois, smartphones e notebooks, para os quais foram desenvolvidas baterias mais leves e duráveis a partir de íons de lítio. 

É claro que, se formos comparar um carro elétrico como os atuais modelos da Tesla com um Studebaker electric de 1905, as diferenças irão muito além das baterias. Mas se a comparação for com modelos mais simples – e acessíveis – como o nacional High Electric, por exemplo, a distância diminui bastante. 

O fato é que, quase 120 anos depois, o que parece ser uma tremenda inovação na indústria automobilística é, se formos olhar direitinho, uma retomada (com trocadilho) tecnológica no melhor estilo “de volta para o futuro”. 

 

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