Híbridos e elétricos vão forçar oficinas a se modernizarem para não sumirem

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10/08/2021
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17h30

Diferenças nos conceitos de manutenção de veículos híbridos e elétricos vão obrigar mecânicos a se atualizarem para não fechar as portas

VITOR MATSUBARA, AB


A eletrificação é um caminho sem volta na indústria automotiva. Lançamentos não param de ser apresentados e várias marcas já confirmaram que vão vender apenas veículos híbridos e elétricos em um futuro muito breve.

A Volvo, por exemplo, já afirmou que apenas carros eletrificados serão importados para cá. O Brasil, aliás, é um dos dois únicos mercados em que a marca sueca tomou esta ousada decisão – ao lado da Noruega, um dos países que mais compram veículos 100% elétricos.

Só que a popularização dos modelos eletrificados já causa dor de cabeça para o setor de reparação. Isso porque os profissionais precisam reaprender praticamente tudo que sabem para acompanhar a migração dos motores a combustão para as baterias.

“Esta é uma questão que já é ‘para ontem’. Todos os lançamentos da indústria têm sido elétricos, e os futuros também serão. Então as coisas já estão acontecendo, embora (a transição) ainda vá demorar um pouco”, afirma Ricardo Takahira, vice-coordenador da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil.

Embora a frota de carros elétricos e híbridos ainda seja muito pequena em relação aos veículos a combustão, o cenário deve mudar rapidamente na próxima década.

A ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos) prevê que o ano de 2021 deve fechar com um total de 28 mil veículos eletrificados vendidos. Isso representaria um crescimento de 42% em relação às vendas de 2020.

O FIM DA ‘MANUTENÇÃO TRADICIONAL’

O problema é que o crescimento deste segmento vai atrair novos entrantes. E nem todos se preocupam em oferecer um serviço de pós-venda de qualidade.

“Hoje existem marcas conhecidas que já venderam muitos carros, mas não oferecem concessionárias nem oficinas credenciadas para assistência técnica. Temos marcas grandes e consolidadas ao lado de outras menores sem um futuro muito definido. E todas vão precisar de conhecimento”, afirma Takahira.

É importante ressaltar que os veículos eletrificados (sobretudo os 100% elétricos) apresentam problemas bem diferentes dos carros movidos a combustão.

Se por um lado um veículo elétrico permite que as revisões sejam realizadas em intervalos maiores por conta do menor número de componentes e pelo desgaste menos acentuado de algumas peças, por outro ele pode apresentar menor durabilidade da bateria com o passar dos anos.

Assim, o dono observa problemas com a queda na autonomia depois de um mesmo período de recarga, o que pode forçar a troca do componente. Aí o problema está no custo: em alguns casos, um pacote novo de baterias pode custar quase o valor de um carro 0km.

“A manutenção existe, mas ela é muito mais espaçada e é mais cara quando precisa ser realizada. Então todos os conceitos tradicionais vão mudar”, diz Takahira.

Ao término da garantia, a maioria dos consumidores procura um mecânico de confiança, e com os carros elétricos não será diferente. Só que, atualmente, a maioria destes profissionais ainda não está capacitada.

“Vejo até semelhanças com o que ocorreu na transição dos carros a carburador para os equipados com injeção eletrônica. Mas hoje é um pouco pior, já que, quanto mais elétrico e moderno, maior será a quantidade de equipamentos de diagnóstico que você vai precisar”.

Felizmente, algumas instituições já oferecem capacitação para quem deseja aprender mais sobre o mundo dos veículos eletrificados.

O Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) ministra cursos livres e de pós-graduação voltados exclusivamente para a manutenção de carros elétricos e híbridos.

“Algumas marcas utilizam a estrutura da escola para treinar a rede de concessionárias. São técnicos que repassam o conhecimento de treinamento e o Senai recebe os técnicos e profissionais de concessionárias. E isso funciona muito bem”, conta Ricardo.

Docente em várias instituições de ensino na região Sudeste (como o próprio Senai), Takahira alerta que o conhecimento também é essencial para evitar acidentes graves e até fatais.

Por isso, as fabricantes de veículos precisam assegurar que seus colaboradores sejam treinados adequadamente para realizar a manutenção nas oficinas da rede autorizada.

“Se o profissional não for treinado corretamente nem contar com EPIs, ele pode sofrer um acidente. É por isso que é de responsabilidade da própria empresa cuidar desse treinamento”.

Para Takahira, a manutenção dos veículos eletrificados pode ser mais simples, mas exige atenção especial a um componente em especial.

“O carro está ficando como uma televisão, em que você pode trocar alguns módulos e ela volta a funcionar. O problema está mesmo nas baterias”.

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Tags: eletrificação, oficinas, oficina, carro elétrico, carro híbrido.



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