Você já deve ter lido por aí aquele ditado de que dinheiro não traz felicidade. Balela. Não só traz felicidade, como traz automóveis bacanas para a sua garagem. A questão é que dinheiro não traz, obrigatoriamente, bom gosto. Basta ver o que tem por aí de carros caros e cafonas à disposição.
Justiça seja feita, muitas marcas também não ajudam. E não estamos falando de qualquer fabricante de veículos, não. Montadoras premium e de luxo contribuem para deixar as ruas esquisitas, com modelos de gosto duvidoso, desenho controverso e porte desproporcional.
Tudo bem, gosto não se discute e um carro ser taxado de bonito ou feio pode ser subjetivo. Mas aqui tem uns carros caros e cafonas para você ver se concorda, ou não.
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Bentley Bentayga
Talvez o maior exemplo de carros caros e cafonas, mas com certeza um dos automóveis mais feios não só produzido pela Bentley, como pela indústria automotiva como um todo. Lançado no Salão de Frankfurt de 2015, o Bentayga é um utilitário esportivo com motorzão e muito requinte, só que bastante desproporcional.
São 5,14 metros de comprimento e 2,99 m de entre-eixos em um estilo cuja frente não se harmoniza com a traseira. A frente, na verdade, não se entende entre si também. Os faróis redondos típicos dos modelos da marca britânica parecem perdidos em meio à grade projetada para fora e o capô com um ressalto ao centro.
Visto de perfil, a traseira do Bentayga parece vestir um saiote. O músculo na altura das portas e dos para-lamas de transformam em uma espécie de “culote” esquisito e abrutalhado. Pelo menos, o SUV de luxo esbanja também tecnologia e vontade: o motor W12 6.0 TSI gera 608 cv e 91,77 kgfm, com 0 a 100 km/h em 4,1 s.
O modelo ainda é equipado com suspensão pneumática e vários itens de auxílio ao motorista. Nos mimos, os quatro bancos individuais (que mais parecem poltronas) dispõem de seis tipos diferentes de massagem, além de ventilação e aquecimento. Melhor ficar lá dentro mesmo.
Kia Telluride
A Kia saiu da água para o vinho em termos de design. Graças ao projetista Peter Schreyer, os carros da marca sul-coreana deixaram de ser modelos esquisitos e datados, para se tornarem referências em estilo. Basta comparar modelos como Sportage, Sephia e Magentis de 20, 30 anos atrás, com os carros atuais.
Só que recentemente a Kia parece ter tido uma recaída. Na tentativa de ousar em seu utilitário esportivo mais topo de linha, errou a mão. O Telluride foi lançado em 2019 com uma solução bastante controversa já de cara.
Os faróis verticais nas pontas dianteiras estão meio “deslocados” em relação à generosa grade que remete ao tal “focinho de tigre”. Parece um robô de filme B dos anos 1980. A traseira ficou esquisita, com a tampa do porta-malas com contornos arredondados e os faróis que formam aspas.
Curiosamente, o SUV arrematou dois prêmios renomados. Um pelo North American Car of the Year, na categoria Utilitário. Depois, conquistou a principal premiação do World Car Of The Year 2020. Gosto não se discute… mesmo.
Porsche Cayenne
Esse vai provocar quizomba e facilmente o nome desse escriba vai ser costurado na boca do sapo. Mas, cá entre nós, o modelo da Porsche é esquisito até hoje. Tudo bem que esta geração é bem melhor resolvida que a primeira (aquela, um verdadeiro monstrengo), mas um SUV dessa marca alemã de esportivos de luxo, por si só, já é um exemplo emblemático de carros caros e cafonas.
Os faróis espichados com o capô abaulado continuam sem personalidade. A traseira, pelo menos, é melhor resolvida, com suas lanternas horizontais – ainda mais na variante cupê, com o caimento da terceira coluna. De qualquer forma, o Cayenne não consegue entregar nem a robustez que se espera de um SUV, nem o charme de um 911.
E de nada adiantam os argumentos de que o Cayenne salvou a Porsche da falência ou que o caminho inevitável para as marcas são os crossovers. Para fazer SUV temos marcas como Jeep, Land Rover e Mitsubishi. Aqui, estou com os puristas: deixa a Porsche fazer os 911!
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Mitsubishi Pajero Sport
Pois é, escrevi que para fazer SUV tem a Mitsubishi, mas até a marca referência em 4×4 está de mal com a cartilha do design harmonioso. A japonesa já tinha provocado torcidas de nariz com o Eclipse Cross, para logo depois causar espanto com a nova geração do Pajero Sport.
Vamos até relevar a dianteira com aqueles exageros de cromados e os faróis auxiliares desproporcionais em relação ao conjunto óptico. O problema maior está na traseira desnecessariamente elevada. E como a tampa é meio em curva, ao ver o SUV de perfil parece que falta uma peça na parte inferior de trás.
As lanternas verticais, que formam pontas triangulares nas laterais, pouco ajudam. O projeto causou tanta polêmica que o modelo mudou lá fora em menos de três anos – e mesmo antes de completar 12 meses de Brasil. O design na traseira foi até suavizado, com lanternas mais “curtas” e um novo acabamento traseiro. Mas continua esquisito.
Mercedes-Benz GLB
Quando você olha o GLA, que é (ou deveria ser) o SUV de entrada da Mercedes no Brasil, pensa de cara que o GLB é tão ou mais arrojado e estiloso que o irmão menor. Mas em prol dos sete lugares, a marca alemã de luxo fez um crossover sem qualquer appeal e que está entre os carros caros e cafonas.
O modelo já decepciona pelo capô e linha de cintura baixos, o que deixa o GLB sem aquela robustez que se espera de um SUV. A grade dianteira com contornos arredondados e bicuda nem incomoda, mas os faróis horizontalizados são pouco elaborados e nem mesmo as seções de LEDs contínuos empolgam.
A parte de trás também não tem qualquer sopro de ousadia. A tampa com corte chapado e as lanternas mais retangulares até remetem a uma Chevrolet Spin. Uma ausência de maior personalidade do carro que faz o GLB (que custa R$ 264.900 na versão 200) ser mais barato que o… o GLA (R$ 325.900 na 200), apesar de maior, com mais lugares e mais equipado.
Hyundai Palisade
Lembra que eu escrevi aqui sobre o Kia Telluride esquisitão? Esse aqui é o irmão de plataforma do modelo – e tão esquisitão quanto. Com 4,98 m de comprimento, 2,90 m de entre-eixos e oito lugares, chegou em 2018 para ficar acima do Santa Fe e ocupar o lugar deixado por anos pelo Vera Cruz. Só que a Hyundai parece também estar de mal com o mundo do design.
Basta ver o novo HB20 apelidado de “bagre”, e as soluções para os renovados Creta e Tucson. E a inspiração parece ter vindo deste Palisade aí. Repare que as referências a outros modelos da marca combinaram pouco no SUV de luxo, como a grade octogonal e os faróis divididos em pares nas pontas que “não conversam”.
Na traseira, ao contrário do parente da Kia, as lanternas aqui formam colchetes para as laterais da carroceria. A tampa do porta-malas abaulada confere mais um aspecto de minivan grande do que propriamente de utilitário esportivo.
BMW iX
A disputa para ver qual BMW ficaria entre os carros caros e cafonas foi dura. Isso porque o X6 está longe de ser um carro elegante. Mas a marca alemã recentemente apresentou o iX e acabou com qualquer dúvida. O crossover elétrico abusou do direito de ser controverso.
Tudo bem que o fabricante quer pontuar seus modelos zero emissões com um estilo diferente, mas precisava assassinar a tradicional grade frontal? O duplo rim mais verticalizado, estreito e com a moldura escurecida parece uma peça de minecraft colocada em um carrinho de brinquedo. E pouco harmoniza com os faróis finos e espichados.
A traseira, inclusive, parece a de outro carro. Bem melhor pensada, tem lanternas finas e retilíneas em um desenho que faz o iX insinuar uma largura maior do que realmente tem.
Rolls-Royce Cullinan
Outra marca de alto luxo que resolveu se aventurar entre os SUVs e criou um dos carros caros e cafonas que temos ao redor do mundo. Aqui sofre do mesmo mal do Bentayga. É um jipão que tenta seguir o estilo elegante dos sedãs da Rolls-Royce. Ficou bom não.
Isso porque a dianteira traz aquela grade e faróis retilíneos e sofisticados típicos do fabricante, e o indefectível espírito do êxtase na ponta do capô. O problema é quando a gente estica o pescoço para conferir o restante da carroceria.
Com 5,34 m de comprimento e 3,39 m de entre eixos em um estilo quadradão, o Cullinan decepciona e parece desproporcional. O caimento da terceira coluna e a traseira com lanternas verticais lembram até um Range Rover Vogue. Bem provável que o diamante que deu origem ao nome desse Rolls-Royce (considerado o maior do mundo e de posse da Coroa Britânica) seja mais bonito.
Cadillac Lyric
A divisão de luxo da General Motors também faz das suas – até porque norte-americano também se amarra em carros caros e cafonas. Mas o primeiro SUV elétrico da marca ficou bem pouco lírico. Na verdade, desafinou na tentativa de oferecer um design ousado e futurista.
A generosa grade com filetes assimétricos quis emprestar um efeito meio tridimensional, mas fracassou na tentativa. Os faróis em lentes finas e verticais com um acabamento cromado ao lado em forma de bumerangue mais remetem a um esquema de sinalização de obras na pista.
Calma que piora. Na traseira, as lanternas também em filetes de LEDs começam na margem da terceira coluna e se prolongam para baixo do vidro do porta-malas. As luzes de ré e auxiliares nas pontas do para-choque tentam imitar o estilo dos faróis dianteiros, mas nada feito.
Genesis G80 elétrico
A marca de luxo criada pela Hyundai já faz uns sedãs que estão longe de ser a unanimidade em termos de bom gosto. Aí resolvem fazer uma gama de elétricos com diferenças no visual e dá nisso. Com as entradas de ar fechadas, o G80 sem motor a combustão deixou ainda mais em evidência a falta de entrosamento no design dianteiro.
A grade – que parece um emblema de time de futebol – ficou ainda mais destacada da dianteira – já existe um ressalto no capô que converge para ela. E os faróis retangulares e divididos em duas seções ficaram ainda mais perdidos.
Mais uma vez, o restante da carroceria salva. O estilo cupê quatro portas agrada e, visto de perfil, o G80 lembra o Audi A5 Sportback. Na traseira, as lanternas retangulares funcionam melhor com o desenho do vidro e da tampa.
Fotos: Divulgação