Antes de dirigir o VW Meteor 29.520

Poderia ser apenas mais uma sexta-feira comum, mas ela começou sob o Sol escaldante de Resende (RJ). Na pista de teste da Volkswagen havia senhores experientes, que demonstravam conhecer cada milímetro de um caminhão como a palma da mão. 

Tanto eles como eu ganhamos a vida exercendo nossa profissão de jornalistas especializados no setor de veículos: eles avaliando os extrapesados, eu avaliando carros de passeios e variando entre um ou outro comercial leve. 

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É engraçado pensar como um segmento pode ter tantas facetas e possibilidades. Durante a apresentação, vários dados técnicos pareciam desconhecidos para mim. A cada pergunta que um daqueles senhores fazia, eu me sentia como se tivesse perdido algumas aulas daquela matéria. 

Mas o pior (ou melhor) ainda estava por vir: realizar a prova prática sem saber muito da teoria. A explicação foi simples: “É a mesma coisa de dirigir um carro, ele só assusta pelo tamanho”, me disse o instrutor. Foi uma frase aliviadora, até que percebi os cones na pista. Muita noção de espaço era tudo que eu precisaria. 

Com tanta tecnologia, experiência é quase como a de dirigir um veículo leve, mas a responsabilidade é de carga pesada

Outros caminhões que dirigi no dia da aventura: Constellation e Meteor 28.460

Só que não todo o espaço de sobra nas pistas que uma aprendiz necessita. A minha experiência ao volante nas avenidas e ruas apertadas de São Paulo era minha única chance de passar por aqueles cones sem tocá-los. E esse era o desafio: fazer a volta completa sem derrubar nenhum.

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“Gravando”, falou o cinegrafista. O meu cérebro apenas converteu a frase para “agora não tem mais volta”. Não passava pela minha cabeça desistir, mas se qualquer coisa desse errado, já haveria testemunhas demais ali. Aqueles senhores já seriam suficientes para eu virar uma boa piada no clube “carga pesada”. Mas o que poderia ser pior do que ter o registro dessa aventura? 

Dentro do VW Meteor 29.520

Com tanta tecnologia, experiência é quase como a de dirigir um veículo leve, mas a responsabilidade é de carga pesada

Bem, se for para virar piada, que seja pelo menos divertida e eu ria dela também. O VW Meteor 29.520 se mostra grandioso olhando de qualquer ângulo, mas nada valoriza tanto seu tamanho como quando se entra na cabine. Meus 1,70 m não são nada, minha gente. Lá dentro é possível entender um pouco de como é a vida de um caminhoneiro. 

A cabine é pensada não para uma viagem confortável, mas para uma estadia cômoda. Afinal, são semanas na estrada, algumas vezes até meses. Antes de se preocupar com o acabamento do painel, é preciso se certificar se a cama de 2,17 metros comprimento é confortável. Não tenho parâmetros, mas acho que é possível ter umas boas noites de sono ali. 

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E se sentir sede a noite, tem água gelada na geladeira portátil, menor que um frigobar. Mas está disponível apenas como opcional. Se não quiser dormir à luz do luar, é só fechar a cortina blackout das janelas e para-brisa, também conhecida como corta-luz. Capaz de impedir luminosidade até mesmo durante o dia. Afinal, há muitos caminhoneiros que viajam à noite e dormem de dia. 

Rádio e ar-condicionado são mais alguns itens disponíveis para melhorar o conforto. E quem tem até 1,80 m de altura pode até ficar em pé na cabine. Depois de perguntar a função de cada botão e conhecer quais as funções disponíveis ali no painel, hora de colocar o caminhão para rodar. 

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Depois de orar para não bater em nada e em ninguém, entendi a seriedade das frases religiosas nos caminhões estrada a fora. A quantidade de retrovisores é assustadora, não me recordo do número exato, mas eram pelos menos cinco.

Dirigindo o VW Meteor

Com tanta tecnologia, experiência é quase como a de dirigir um veículo leve, mas a responsabilidade é de carga pesada

Hora de testar o que o motor MAN D26 seis-cilindros em linha 12.4 turbodiesel de 520 cv de potência e 254,9 kgfm de torque é capaz de entregar. Eu já estava até agradecendo por aquela transmissão de 16 velocidades ser automatizada, para eu conseguir focar só no espaço e não ter que me preocupar com trocas de marchas ou uso da reduzida. 

E o mais provável aconteceu: não, eu não derrubei um cone, mas me senti dirigindo um carro gigante. Logo a confiança começou a dar o ar da graça. O instrutor me orientava para abrir mais as curvas e me encaixei na fileira de cones com uma direção precisa. Agora era só acelerar, e nos momentos críticos (curvas), os retrovisores me ajudavam como assistentes. 

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Atrás de mim, vinha em outro caminhão um daqueles senhores experientes. Ele não usou a buzina nenhuma vez, logo deduzi que estava me saindo bem, ou era um ato de cavalheirismo. Prefiro acreditar na primeira opção.

A sensação de dirigir um caminhão é das melhores, ainda mais um tão tecnológico. A visão é privilegiada, a direção é prazerosa. E apesar do conforto do banco ser ótimo, a responsabilidade de guiar uma máquina dessas pesa nas costas, principalmente nas estradas mundo afora. 

Recebi um elogio do instrutor, o que me animou ainda mais e me encheu de confiança. Até porque o melhor ficou para o final: como passei no teste dos cones, poderia fazer o teste dos freios, que consiste em “acelerar e depois frear secamente como se um cachorrinho distraído estivesse atravessando a rua”. 

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Desafio dado e cumprido. O VW Meteor tem um freio absurdamente preciso, parece um carro de passeio, mas o tranco deve ser semelhante ao de um trator (esse não dirigi ainda, quem sabe em breve…). O caminhão parou em um piscar de olhos, e meu corpo voltou a tocar o encosto tão rápido quanto foi para frente.

O instrutor ainda brincou: “Pensei que você não ia ter coragem de frear assim, nenhum deles (senhores experientes) teve”. Uns chamam de coragem, outros de falta de noção do perigo. Pelo menos a noção de espaço eu provei que tenho. 

[vídeo]

Ficha técnica caminhão – Volkswagen Meteor 29.520

Preço: R$ 590.000

Motorização e desempenho: motor MAN D26 seis-cilindros em linha 12.4 turbodiesel de 520 cv de potência (a 1.800) e 254,9 kgfm de torque (a 1.000 – 1.400). Transmissão a automatizada / eletropneumático de 16 velocidades. Velocidade máxima com Peso Bruto Total: 120 km/h. 

Dimensões:  distância entre-eixos (eixos extremos): 3.600 mm (5.000 mm), entre-eixos traseiros 1.400 mm, balanço dianteiro: 1.510 mm, balanço traseiro: 816 mm, comprimento total: 7.326 mm, altura do veículo – cabine leito teto baixo / leito teto alto: 3.207 mm / 3.491 mm, distância da quinta roda ao eixo traseiro anterior: 475 mm, altura da quinta roda ao solo 1.294 mm, distância do centro do eixo dianteiro ao final da cabine: 806 mm, largura máxima dianteira (sem retrovisores / com retrovisores): 2.545 mm / 3.036 mm, largura máxima traseira: 2.550 mm, distância entre longarinas (externa): 781 mm, vão livre dianteiro 213 mm e vão livre traseiro de 226 mm,  Peso Bruto Total (PBT) – homologado 23.000 kg, Peso Bruto Total Combinado (PBTC) – homologado 74.000 kg. 

Dados técnicos: direção Bosch/809, chassi tipo Chassi tipo escada de formato “Y” e superfície plana, rebitados e parafusados, longarinas de perfil “U” e reforços em “L” (na região da quinta roda), rodas de aço aro 8.25”x 22.5”, pneus 295/80R22.5, freios a tambor nas rodas dianteiras e traseiras. 

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