Carro elétrico não é mais novidade no Brasil. Pode ser uma realidade distante para muita gente devido aos altos preços, mas há muitos modelos à venda no país atualmente. Quando o assunto é caminhão elétrico, o cenário é completamente diferente. Só que isso deve começar a mudar com a chegada do Volkswagen e-Delivery.

Justiça seja feita: o caminhão elétrico da Volkswagen não é o primeiro do mercado, há também modelos da JAC Motors, FNM-Agrale e BYD. Porém, o e-Delivery é o primeiro veículo elétrico desenvolvido e produzido no Brasil, na fábrica de Resende (RJ). Os preços variam entre R$ 780 mil, na versão com três packs de baterias, que entrega 110 km de autonomia, e chegam a R$ 980 mil na opção com seis packs de baterias, com 250 km de autonomia.

A Ambev é a principal compradora do e-Delivery até o momento: sua cerveja será transportada por ele — Foto: Divulgação

Autoesporte dirigiu o e-Delivery para saber como anda o caminhão elétrico que vai carregar a sua cerveja. Mas por que cerveja? Porque seu principal comprador até agora foi a Ambev, que já encomendou 1.600 unidades para transportar suas bebidas, principalmente nos perímetros urbanos.

O caminhão elétrico traz duas opções de carroceria para os clientes. A primeira. de 11 toneladas 4×2, tem 10.700 kg de Peso Bruto Total (PBT), sendo 6.320 kg de carga útil. Já o e-Delivery de 14 toneladas 6×2 pesa 14.300 kg, dos quais 9.055 kg são de carga útil.

Volkswagen e-Delivery é feito exclusivamente para o uso urbano — Foto: Divulgação

Independentemente da configuração, o motor fabricado no Brasil pela Weg entrega 408 cv e incríveis 219 kgfm, mais que o dobro de um Porsche Taycan Turbo S. O que não é feito no Brasil são as baterias. A VW Caminhões importa os componentes da China e a montagem é feita aqui pelas empresas CALT e Moura.

No ciclo de testes realizados pela Ambev foram rodados mais de 45 mil quilômetros. Comparado a um caminhão normal, o e-Delivery deixou de emitir mais de 34 toneladas de CO2, além de não ter consumido mais de 10 mil litros de diesel. O custo de rodagem em relação a um modelo convencional é de 60%. Esses dados são divulgados pela própria Volkswagen.

Devido a essas economias, o caminhão elétrico deve “se pagar” em cinco anos por conta dessa diferença com base no menor consumo. A manutenção mais simples também deve influenciar essa conta, uma vez que não há tantas peças de desgaste natural.

De acordo com a Volkswagen, em 45 minutos é possível carregar até 80% das baterias em uma conexão de recarga de alta capacidade (150 kW).

Como é dirigir o Volkswagen e-Delivery

Para dirigir o e-Delivery é preciso ter a CNH do tipo D, já que o veículo ultrapassa dos 6.000 kg. Como não tenho, o teste foi feito dentro de um circuito fechado no Jockey Club de São Paulo.

Assim como em todo veículo elétrico, o silêncio impera na cabine e o torque é instantâneo, então o motorista deve ter muito cuidado ao pisar no acelerador. Além de o pedal ser bem sensível, ele está conduzindo um veículo de carga. Mas, claro, a emoção da arrancada está longe de ser igual a de um carro.

Volkswagen e-Delivery tem botão que regula a regeneração da bateria — Foto: Divulgação

A direção elétrica é bem ligeira e responde muito rápido aos movimentos. Talvez pudesse ser até um pouco mais rígida. Em relação à visibilidade, o motorista não tem do que reclamar: o campo de visão é totalmente amplo e os espelhos retrovisores são grandes o suficiente para o motorista ver tudo o que acontece ao seu redor.

A sensação, na verdade, é de que estou dirigindo uma picape robusta, como a Amarok. Mas vale dizer que não havia carga no baú, então a agilidade foi maior que em uma operação do dia a dia com o caminhão carregado.

O primeiro botão ao lado do volante será o melhor amigo do condutor. Isso porque ele controla os três níveis de regeneração da bateria.

Painel indica a carga e outros dados da bateria, algo comum a outros elétricos — Foto: Divulgação

São três modos e o acionamento é um pouco diferente dos sistemas que vemos nos carros de passeio, pois não existe o chamado “one pedal”. Nesse caso, quando o motorista tira o pé do acelerador, precisa dar um leve toque no freio para começar a regenerar a bateria durante a desaceleração.

No nível 3, que é o mais intenso, é possível aproveitar até 40% da energia da desaceleração. O grau da intensidade vai aparecer no computador de bordo indicado pela seta na área verde: quanto mais para baixo, mais regeneração haverá.

O interior é muito parecido com o de carros de passeio: o painel de instrumentos veio da antiga geração do e-Golf — Foto: Divulgação

Há ainda no e-Delivery um controle térmico específico, desenvolvido exclusivamente para ele com base nas aplicações em países emergentes, por meio de um sistema de resfriamento a água com controle de temperatura para prolongar a vida útil.

O caminhão elétrico traz de série o RIO e-Fleet, serviço de conectividade para a gestão de veículo elétrico. Por meio do aplicativo, é possível ter acesso ao status de carregamento, autonomia, área de alcance no mapa com a posição atual do caminhão em tempo real, relatórios operacionais, histórico de localizações, programação de revisões e manutenções, entre outras facilidades.

Motor do Volkswagen e-Delivery entrega 408 cv e incríveis 219 kgfm — Foto: Divulgação

O contato com o e-Delivery foi rápido, mas deu para perceber que ele se encaixa muito bem na proposta de ser um veículo elétrico totalmente voltado para o uso urbano. O silêncio, por exemplo, é excelente para operações noturnas.

Ao contrário da infraestrutura para carros elétricos, que está crescendo — ainda que lentamente —, a dos caminhões está engatinhando. Ter veículos pesados elétricos cruzando o país transportando toneladas de cargas é uma realidade extremamente distante. Em centros urbanos, porém, essas operações são muito mais viáveis, então acostume-se com caminhões cada vez mais silenciosos rodando pelas cidades brasileiras.

Volkswagen e-Delivery é o caminhão elétrico com preço de Porsche

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here