O Brasil e a Noruega são os únicos dois países onde a Volvo vende apenas carros com algum tipo de eletrificação, ou híbridos ou totalmente elétricos. Nada de motor a combustão. Nem a Suécia, terra natal da marca, adotou essa estratégia. Ousado? À primeira vista sim, levando-se em conta os altos preços dos modelos elétricos e a escassez de postos de recarga pelo país.

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A aposta tem se mostrado acertada, conta Luis Rezende, head do Latin America Hub na Volvo Cars, na entrevista a seguir. No Brasil, a Volvo fechou maio na vice-liderança do segmento premium, com 17,4% no mês e 17,8% no acumulado do ano. Juntos, os três SUVs da marca – XC40, XC60 e XC90 – estão entre os mais vendidos desse segmento, com 25,4% no mês de maio e chegando a 26,4% no acumulado do ano.

No mundo, a Volvo vendeu em maio um total de 64.111 carros, contra 44.830 unidades no mesmo período do ano passado. O crescimento aconteceu principalmente por uma forte demanda nos Estados Unidos e, na Europa, à recuperação da queda nas vendas em maio do ano passado relacionada à pandemia. Na China, onde as vendas voltaram a crescer nesta época do ano passado, a empresa relatou um aumento constante de 11,7%.

Confira a seguir a conversa com Luis Rezende.

Os bons resultados da Volvo

A Volvo apresenta bons números aqui e lá fora. Os motivos são os mesmos?

A Volvo está apresentando uma performance no mundo muito bacana. O mercado americano está superaquecido, a China acabou passando rápido pela covid, a Europa passa por sobes e desces, mas entramos lá com um portfólio muito forte de carros híbridos. Imagina que por lá, no segundo trimestre, a gente deve fechar em 40% das nossas vendas com carros plug in. Esse é nosso direcional, em 2025 a gente quer vender 50% de carros eletrificados, os outros 50% com algum tipo de eletrificação, e até 2030 com 100% de elétrico. Essa é nossa missão, e a gente vai cumprir.

E no Brasil?

No Brasil e América Latina tivemos alguns fatores de sucesso. No México, no ano passado, a única marca que cresceu foi a Volvo. Este ano, tudo correndo bem, 20% do nosso portfólio lá será de carros plug in, e teremos o maior número de vendas na história. Temos recorde de vendas na Colômbia, no Peru a gente disputa a liderança junto com BMW e Mercedes. Tem mercados que estão explodindo de vendas e eu não estou conseguindo atender, como Porto Rico. No Brasil nossa estratégia foi muito acertada. Tivemos uma desvalorização cambial, em torno de 35% desde janeiro de 2020, mas decidimos proteger os nossos parceiros, os concessionários, então fomos fazendo aumento de preços paulatinos, não foi de uma vez como outras marcas.

Essa decisão não trouxe prejuízo para a Volvo?

Fomos aumentando os preços ao longo do período, e vamos repor essa perda cambial em setembro do ano que vem. O que está por trás dessa estratégia? A gente conseguiu manter a cadeia funcionando, os concessionários, os fornecedores continuaram trabalhando, conseguimos manter os empregados. Foi uma ação de proteção para ter uma rentabilidade este ano e também em 2022. Dentro dessa estratégia ficou muito clara a aceitação do mercado dos carros pulg in. Tem dois países no mundo onde a Volvo vende só carros 100% elétricos. O primeiro é Noruega, o segundo é Brasil. Conseguimos implementar agora toda nossa frota 100% de vendas carros plug in. É um orgulho a gente continuar vendendo os produtos mais modernos, de alta gama. Nossos carros são mais caros que os da concorrência, e ainda assim conseguimos ser vice-líder no mercado geral e liderança absoluta no mercado premium. O brasileiro entendeu nossa estratégia, aceitou nosso tipo de produto, e isso encoraja bastante a gente.

No Brasil, a Volvo está então sacrificando a margem agora para recuperar mais adiante, pelo que você diz. É uma estratégia a médio prazo, portanto?

Sim. Não temos produção local, eu dependo de produtos importados. Toda vez que tem uma variação cambial, positiva ou negativa, isso me afeta diretamente. Eu sou economista, eu sei que nesse momento não podemos tomar decisões baseadas no que acontece na hora, é preciso levar em conta as perspectivas e as expectativas. A perspectiva no Brasil sempre foi muito boa, construímos a marca ao longo de cinco anos e não queríamos colocar a perder. No fim do dia, se você toma a decisão de passar esse câmbio, os seus fornecedores vão decidir com quem vão trabalhar, os concessionários vão decidir quem vão representar. Nesse caso a gente quis mostrar que a Volvo quer sim estar aqui, o pensamento sueco é a médio e longo prazo.



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