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Com a largada do Rally Dakar 2020 neste domingo (5), uma nova era começou na maior e mais tradicional competição do gênero no mundo. Depois de 10 anos na América Sul, a prova atravessou o Atlântico e está sendo disputada pela primeira vez na Arábia Saudita. Apenas três brasileiros estão na corrida: Antonio Lincoln Berrocal, nas motos, e a dupla Reinaldo Verela e Gustavo Gugelmin, que tem chances de pódio na categoria UTV.

Um território inédito, paisagens cinematográficas e muitos desafios. A largada aconteceu em Jedá cidade histórica as margens do Mar Vermelho. Até o dia 17 de janeiro, e a final em Qiddiyah, serão 12 etapas e 7.856 km de percurso, passando pelas praias, dunas e desertos sauditas e pela capital Riade.

A corrida acontece em vários tipos de terreno, mas terá mais de 65% de seu percurso em piso de areia. Ao todo, 351 veículos, entre motos, carros, UTVs, caminhões e quadriciclos disputam o Dakar 2020.

Os desafios são grandes, como as baixas temperaturas nas etapas montanhosas de deserto e uma navegação mais complexa. Por exemplo, em seis etapas,  o itinerário será entregue aos participantes no próprio dia, o que exige uma reflexão mais rápida. Mas traz ao mesmo tempo “mais equilíbrio” nas condições de preparação da prova, disse à RFI Antonio Lincoln Berrocal.

Alguns dos melhores pilotos do mundo estão na disputa, prometendo batalhas emocionantes, em todas as categorias. Uma das atrações é a participação do piloto espanhol, campeão de Fórmula 1, Fernando Alsonso que estreia no Rally Dakar.

Entre os favoritos, está a dupla brasileira Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin da equipe Monster Energy/Con-Am. Vencedores do Rally Dakar na categoria UTV em 2018, eles ficaram em terceiro lugar no ano passado.

O UTV é aquele veículo híbrido, entre um carro e um quadriciclo. Antes da largada, o piloto Reinaldo Varela falou à RFI e disse que apesar dos desafios e dos concorrentes de prestígio, a vitória na Arábia Saudita é possível:

‘Vamos defender nosso título de 2018. É um objetivo atingível. Estamos com um carro muito preparado. A nossa dupla é a mais afiada que tem de UTV, porque a gente já vem disputando um campeonato mundial e fomos campeão mundial. Nós estamos bem entrosados, carro, piloto e navegador. Temos tudo para fazer uma excelente corrida”, declarou Varela.

Brasileiro é o veterano do Rally Dakar

O piloto de moto brasileiro Antonio Lincoln Berrocal é o veterano do Rally Dakar. Com mais de 60 anos, ele participa da prova pela segunda vez. Durante os treinos, antes da largada, achou o piso de areia das dunas sauditas parecido com o que viu durante a corrida no Peru, e disse que a idade não é um obstáculo para participar da prova mais difícil do mundo:

“Sempre fui desportista. Continuo bem, fisicamente e tecnicamente. Eu sou um piloto classificado para o Dakar. A pessoa não pode apenas se inscrever e vir para o Dakar, ela tem que ser qualificada. E isso foi uma batalha que não fui muito fácil. Tive que fazer várias provas. Pelo fato de eu ser jovem espiritualmente, meu físico tem ajudado. Não vejo grande problemas, tenho que saber das minhas limitações, mas é um grande desafio. Meus amigos mais velhos me veem como um exemplo de determinação. É um orgulho para mim. “

O piloto Antonio Lincoln Berrocal, de 61 anos, é o mais velho competidor do Dakar 2020.
O piloto Antonio Lincoln Berrocal, de 61 anos, é o mais velho competidor do Dakar 2020. Foto: Arquivo Pessoal

Apesar da experiência, Antonio Lincoln Berrocal, que começou a treinar aos 14 anos de idade, espera pelo menos conseguir cruzar a linha de chegada do Rally Dakar 2020. “Resolvi encarar como um desafio pessoal. Provar para mim mesmo que tenho condição de terminar. Não tenho ambição de boas classificações porque estou disputando com os melhores pilotos do mundo. Quero curtir a pilotagem, pilotar de modo seguro e tranquilo e chegar no final com saúde e muito feliz”.

Recuo da participação brasileira

Nas últimas edições do Rally Dakar na América do Sul a participação de brasileiros na prova era muito mais expressiva. Este ano apenas duas equipes defendem o país na Arábia Saudita. Para o piloto Reinaldo Varela, a novidade desta edição 2020, a distância e a falta de patrocínio explicam essa queda na participação.

“A prova veio para um lugar muito longe, o que dificulta bastante para a vinda da equipe. Encarece um pouco para aqueles que não tem patrocínio e isso daí foi tirando um pouco os brasileiros da corrida. E por se tratar de uma prova nova, acho que para o ano que vem começa a chegar mais brasileiros.”

A escolha da Arábia Saudita, país acusado de desrespeitar os Direitos Humanos, para acolher o Rally 2020 pela empresa francesa que organiza o evento foi alvo de críticas. Antonio Lincoln Berrocal não viu até agora nenhuma dificuldade no tratamento dos sauditas com os turistas estrangeiros e o piloto Reinaldo Varela espera que os valores esportivos influenciem o país. 

“Nós temos que olhar pelo lado da divulgação do esporte. Eu acho que isso é a estratégia deles (da Arábia Saudita) para poder divulgar o país deles no âmbito mundial”, conclui o piloto.

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