O foco na economia para o condutor é o grande incentivo à compra de um carro elétrico. Mas até quando? 

Ninguém quer pagar mais e ninguém quer sentir que foi enganado. Foi, no fundo, assim que foi estabelecida a polémica, adensada pela reportagem da SIC, que provava que carregar um carro elétrico pode chegar a ser mais caro do que atestar um carro a combustão. 

O aumento na energia é parte do motivo a que levou a tal conta, mas o desconhecimento sobre a rede de carregamento, por exemplo, também leva a valores que podem ser evitados. Isto já acontecia e vai continuar a acontecer. 

Mais recente foi o aumento das tarifas para 2022 por parte da ERSE – a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos – que foi depois contrariado pelo Governo, ao pôr o Fundo Ambiental a pagar a diferença na fatura. 

O custo da medida não é conhecido, mas o Governo reforçou que é um apoio para um setor emergente “determinante para Portugal atingir os objetivos a que se vinculou”. A ERSE também quis justificar-se, diz que será mais adequado privilegiar o princípio “utilizador-pagador” do que a “criação de dívida”. 

Ninguém quer pagar mais e ninguém quer sentir-se penalizado. A premissa não se aplica só à mobilidade. Aplica-se a todas as áreas da nossa vida, e, como tal, não está aqui descoberta a pólvora. 

É certo que a motivação financeira é o grande argumento quando um condutor pensa em trocar um automóvel com motor a combustão por um elétrico. Mas tem de ser a única? Tem de ser a principal? 

Quero acreditar que não. 

Porque, no final, se pagarmos o mesmo para atestar o depósito e para carregar um automóvel elétrico, a fatura das emissões de gases sai mais leve. Pode custar-nos se olharmos para a troca da combustão pela energia elétrica única e exclusivamente como uma forma de poupar. Mas só faz sentido que a motivação ambiental também seja tida em conta. 

E não, não está nesta troca a chave para o fim da poluição. Aliás, se substituíssemos 100% do parque automóvel por carros elétricos, muito pior fazíamos. Mas em cada caso, na hora de trocar de carro, há mais do que um fator a ter em conta.  

O preço é o prioritário – e será sempre assim. É, para já, o que parece explicar que as motos elétricas não estejam a singrar. Porque simplesmente não há vantagem para a carteira do condutor. Mas na atual conjuntura, a poupança do ambiente é um fator emergente, a caminho de ser o fator lógico. 

O carregamento elétrico até pode ser tão caro quanto encher um depósito, mas o planeta agradece e isso também tem valor. 



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