Relatório da associação britânica “Transport & Environment” defende que os veículos híbridos plug-in (com ligação à tomada) emitem, em média, 120 gramas de dióxido de carbono por quilómetro, quando os testes “em laboratório” apontavam para 44. Greenpeace não tem dúvidas: são uma “farsa” e apenas servem interesses dos fabricantes.
As emissões de dióxido de carbono provenientes dos carros híbridos plug-in (PHEVs) serão duas vezes superiores ao que apontam os testes oficiais, defende um relatório da associação “Transport & Environment”.
Estes veículos, que representam 3% das vendas de novos automóveis, têm um motor de combustão interna e outro elétrico, sendo que a bateria pode ser carregada através da tomada elétrica.
No entanto, uma nova investigação, avançada pela BBC, indica que estes carros emitem, em média, 120 gramas de dióxido de carbono por quilómetro, quando os testes “em laboratório” apontavam para 44 g/km. Para a Greenpeace, os híbridos plug-in são, por isso, uma fraude, já que são vendidos como uma alternativa muito menos poluente do que os híbridos convencionais.
Os ambientalistas explicam que a investigação foi feita com dados do “mundo real” sobre eficiência energética recolhidos junto de mais de 20 mil carros híbridos plug-in pela Europa. Os resultados indicam que as emissões ao longo da vida destes automóveis são, em média, de cerca de 28 toneladas de dióxido de carbono.
Em termos comparativos, estima-se que um carro a gasolina ou diesel emita, em “vida útil”, entre 39 e 41 toneladas de CO2, sendo que um híbrido convencional emite, normalmente, cerca de 33 toneladas. Números que mostram que um híbrido plug-in proporcionaria apenas uma redução de emissões de cerca de um terço face a um carro a gasolina ou diesel: valor muito inferior ao das estimativas oficiais.
Embora reconheça que os testes de laboratório nem sempre refletem o mundo real, a indústria automóvel criticou o relatório da “Transport & Environment”, afirmando que foram usados dados de um teste efetuado há dois anos.
“Os PHEVs dão uma flexibilidade que poucas tecnologias podem igualar, com um longo alcance para viagens fora da cidade e energia fornecida pela bateria, reduzindo as emissões e melhorando a qualidade do ar”, afirmou Mike Hawes, diretor-executivo da Sociedade de Fabricantes e Comerciantes de Motores (SMMT).
Ainda assim, a ambientalista Greenpeace considera que os PHEVs são os “lobos em pele de cordeiro” da indústria automóvel. “Podem parecer uma escolha muito mais ecológica, mas as falsas alegações de emissões mais baixas são uma manobra dos fabricantes”, defendeu Rebecca Newsom, da organização não-governamental.
Segundo o relatório da “Transport & Environment”, um dos maiores problemas é que os proprietários raramente carregam a bateria através da tomada elétrica, fazendo com que o carro dependa do motor a gasolina ou diesel. Tudo dependerá, assim, do comportamento do condutor.
“Se carrega a bateria e tende a fazer muitas viagens curtas, terão emissões baixas. Se o condutor nunca carrega a bateria e conduz de uma forma agressiva pode ter emissões significativamente mais altas do que o modelo equivalente a gasolina ou diesel“, frisou Nick Molden, da “Emissions Analytics”, uma empresa especializada em avaliação de emissões de veículos.