A BMW acaba de lançar no Brasil o i3 Full, com preço sugerido a partir de R$ 237.950. A novidade do hatch é a maior capacidade de armazenamento de energia das baterias, que passa a ser de 120Ah ou 42,2 kWh. Na prática, isso que dizer que, com a carga total, o alemão pode rodar até 335 km no ciclo NEDC (antes eram 300 km) e 285 km no WLTP. Veja abaixo as diferenças entre os dois tipos de medição.
Avaliamos a opção de entrada do i3 Full. Nesse caso não há o REX, sigla de Range Extender (alcance estendido, em tradução livre). O sistema inclui um pequeno motor a combustão, que atua como gerador de eletricidade. O dispositivo entra em ação automaticamente quando o nível de energia da bateria fica muito baixo.
Sem o dois-cilindros a gasolina do REX, o i3 ficou 95 kg mais leve e pesa 1.440 kg. Menos massa a ser movida se traduz em níveis mais baixos de consumo de eletricidade.
BMW i3 Full é bom de acelerar
Para quem gosta de acelerar forte, o i3 não decepciona. O motor elétrico, batizado pela BMW de eDrive, gera 125 kW, ou cerca de 170 cv de potência. O torque máximo é de 25,5 mkgf. O gerenciamento de potência e torque está a cargo do câmbio automatizado de relações continuamente variáveis.
A boa notícia é que o torque é enviado ao eixo traseiro de forma instantânea. Aliado à boa assistência ao sistema de direção, que tem respostas bastante diretas, o carro é muito gostoso de guiar. A sensação é de que a aceleração de 0 a 100 km/h ocorre de forma bem mais rápida que os 7,3 segundos informados pela BMW.
As baterias ficam sob o assoalho, entre os eixos do i3. Com isso o centro de gravidade baixo e bem distribuído contribui com a boa estabilidade em curvas. O bom trabalho de ajuste feito na suspensão fica ainda mais evidente quando se considera a largura dos pneus.
Os dianteiros têm medidas 155/60 e os traseiros, 175/60. Além disso, a frente do BMW não levanta em arrancadas fortes nem mergulha durante frenagens severas.
A velocidade máxima é de 150 km/h, de acordo com dados da marca. Durante a avaliação, realizada apenas em trechos urbanos, não foi possível passar dos 90 km/h. Esse é o limite das vias expressas das marginais dos rios Pinheiros e Tietê, na capital paulista.
Ampla lista de equipamentos
A lista de equipamentos do i3 Full é ampla. Há itens como faróis full-LEDs, teto pintado de preto, rodas de liga leve de 19 polegadas e freios a disco ventilados com sistema antitravamento ABS. Há um sistema que auxilia o motorista em manobras, por meio de câmeras e sensores de obstáculos na frente e atrás.
O pacote de segurança inclui ainda seis air bags. Há duas bolsas na dianteira, laterais dianteiras e do tipo cortina tanto para quem vai na frente quanto atrás.
Abertura e travamento das portas sem uso de chave, avisos sonoros e por meio de luzes em caso de tráfego cruzado, de risco de colisão e mudança involuntária de faixa de rolamento são outros destaques do modelo.
O i3 tem dimensões similares ao do modelo anterior. São 4,01 metros de comprimento, 1,77 m de largura e 2,57 m de distância entre eixos. O porta-malas tem 260 litros de capacidade.
Esses números são bastante parecidos com os do Polo. O Volkswagen tem, respectivamente, 4,06 metros, 1,75 m e 2,57 m. O hatch nacional leva 300 litros no bagageiro. O modelo leva quatro pessoas com conforto. Aliás, o assoalho plano atrás permite acomodar pessoas com mais de 1,80 m de altura sem aperto.
Carroceria tem linhas modernas
Também chamam a atenção no BMW i3 as linhas da carroceria, bem modernas, e as portas traseiras do tipo suicida. Diferentemente do sistema convencional, elas se abrem para trás. Não há maçanetas externas. As travas ficam do lado de dentro do carro. Trata-se da mesma solução utilizada na picape Fiat Strada de cabine dupla, por exemplo.
Na cabine, o acabamento é simples e muito elegante. Há revestimento de couro e madeira de eucalipto certificada, de acordo com informações da BMW. Além disso, cerca de 25% das peças plásticas presentes na cabine são feitas de material reciclável.
O quadro de instrumentos é totalmente digital e o sistema de entretenimento e informação inclui tela sensível ao toque. O acesso aos comandos de som, multimídia e navegador GPS, entre outros, também pode ser feito por meio de seletor no console central. É possível ainda acessar funções do carro à distância, por meio de smartphones com sistema Android e iOS.
O BMW i3 tem conexão com telefones celulares por meio de Bluetooth e porta USB. Outro recurso interessante é o que permite identificar pontos públicos de recarga da bateria.
Durante a avaliação, tivemos de “esticar” um cabo com quase 30 metros de comprimento para recarregar as baterias do i3. Portanto, quem não tem uma tomada de 220V com três pinos e aterramento (em casa ou no trabalho) terá dificuldade para “reabastecer” o i3. De acordo com informações da BMW, a recarga completa das baterias leva cerca de 6 horas.
Há cinco opções de cor de carroceria para o i3 oferecido no Brasil. A branca e a preta são sólidas. Quem prefere acabamento metálico pode optar entre azul, vermelha e cinza.
I3 Full tem preço de carro de luxo
O BMW i3 pode ser considerado um carro de nicho. Por R$ 237.950 na versão Full, é um dos elétricos mais caros à venda no País. Só perde para o Jaguar I-Pace, que parte de R$ 437 mil.
Pesa contra o i3 o fato de que o modelo deverá morrer na atual geração. A informação foi revelada pelo diretor de marketing da BMW, Pieter Nota, ao Financial Times (confira, abaixo, o posicionamento da empresa sobre o caso).
O carro elétrico mais barato é francês Zoe, que parte de R$ 149.990. O problema é que o Renault, além de ser ultrapassado, é menor e tem acabamento muito mais simples que o BMW.
Outra opção ao i3 Full é o Leaf. O hatch japonês da Nissan sai por R$ 195 mil, mas a autonomia é menor: até 240 km.
O mais recente lançamento elétrico no País é o Arrizo e. O sedã compacto da Caoa Chery começa a ser vendido neste mês (para pessoas físicas) por R$ 159.900.
A versão de topo do Corolla, que não é elétrica, mas híbrida, parte de R$ 124.990. O sedã combina motor a combustão e elétrico, e é maior tanto no espaço interno quanto no porta-malas.
Diferenças entre os ciclos NEDC x WLTP
A partir de 1º de janeiro de 2019, todos os veículos vendidos na Europa passaram a ter os níveis de emissões e consumo (de eletricidade e combustível) aferidos com base no WLTP. O Teste Mundial Harmonizado de Veículos Leves, em tradução livre, é feito em condições reais de uso. Portanto, seus números são mais próximos aos que o motorista irá obter no dia a dia.
O ciclo anterior, batizado de NEDC, embora signifique Novo Ciclo de Direção (ou condução), Europeu, em tradução livre, é “velho”. Utilizado desde 1997, apresenta grande diferença entre os dados aferidos (em laboratório, com situações controladas) e os obtidos pelo motorista. Mesmo no caso de o condutor ser extremamente cuidadoso.
Segundo informações do site português Circula Seguro https://www.circulaseguro.pt/veiculos-e-tecnologia/novo-calculo-de-consumos-mais-realista voltado à segurança viária, a diferença entre os resultados dois tipos de teste é brutal. Os números obtidos com a nova regra foram 11% maiores no caso de emissões de CO2 (gás carbônico) e 26% mais altos no caso do consumo de combustível.
Ficha técnica – BMW i3 Full 2020
Preço sugerido: R$ 237.950
Motor: elétrico
Potência: 125 kW (170 cv)
Torque: 25,5 mkgf
Tração: Traseira
Aceleração de 0-100 km/h: 7,3 segundos
Velocidade máxima: 150 km/h
Capacidade das baterias: 120Ah/ 42,2 kWh
Comprimento: 4,01 metros
Largura: 1,77 metro
Distância entre os eixos: 2,57 metros
Porta-malas: 260 litros
Tempo de recarga: Cerca de 6 horas (em tomadas convencionais)
Fonte: BMW
Prós – Dirigibilidade e equipamentos
Hatch é gostoso de guiar, responde prontamente aos comandos do motorista e vem recheado de itens de conforto e segurança.
Contras – Preço
Dos elétricos à venda no País, o i3 só não é mais caro que o Jaguar I-Pace e custa quase o dobro do preço de um Corolla híbrido.
Nota da BMW
A BMW enviou nota à redação do Jornal do Carro no dia 2/10 sobre as notícias acerca do fim da produção do i3. Confira a íntegra:
“Sobre a nota publicada recentemente no jornal Financial
Times, referente à possibilidade de o compacto elétrico BMW
i3 ter o seu desenvolvimento interrompido no futuro – com
base em uma entrevista concedida por Pieter Nota, membro
do Conselho de Administração da BMW AG responsável por
Clientes, Marcas e Vendas –, o BMW Group Brasil tem a
declarar o seguinte:
‘O BMW Group, obviamente, irá oferecer um veículo
totalmente elétrico para o segmento de modelos compactos
futuramente. Em seu sexto ano de produção, o BMW i3
desfruta de um crescimento em vendas na casa dos dois
dígitos e é um automóvel extremamente bem-sucedido, e que
estará conosco por mais alguns anos. Falar agora sobre um
sucessor ou seu nome seria, portanto, muito precoce”, afirma
Pieter Nota, membro do Conselho de Administração da BMW
AG responsável por Clientes, Marcas e Vendas. “Sendo um
verdadeiro pioneiro da eletromobilidade, o BMW i3 é um
agregador de tecnologia, que nos permite implementar a
eletromobilidade em todas as marcas e séries de modelos. A
partir de 2021, seguiremos com essa abordagem com o
nosso BMW iNext. Como um conjunto de ferramentas
tecnológicas para o futuro, este veículo também estabelecerá
novos padrões para modelos futuros.’
Até 2021, o BMW Group pretende ter um milhão de veículos
eletrificados nas ruas. E o BMW i3 contribuirá para isso. Até
hoje, já foram vendidos mais de 150 mil BMW i3. Até 2023
serão lançados 25 modelos eletrificados, sendo que, mais da
metade deles serão totalmente elétricos. Iniciaremos a
produção do MINI elétrico, à bateria, ainda este ano. Em
seguida, no ano que vem, produziremos o BMW iX3,
equipado com bateria elétrica. A partir de 2021, a fábrica do
BMW Group em Dingolfing, na Alemanha, será responsável
pelo nosso novo carro-chefe em tecnologia, o BMW iNEXT
totalmente elétrico. Neste mesmo ano, a produção do BMW
i4 começará em Munique.”
Atualizada às 16h20