A Ford já tem um SUV do Mustang para chamar de seu.
A fabricante revelou ontem (16) o Mustang Mach-E. O carro será lançado primeiramente nos EUA, onde custará de US$ 44 mil a US$ 60 mil.
Curiosamente, apesar de ser baseado em um ícone nacional, o Mach-E será fabricado no México, o que aumenta muito as chances de o carro ser vendido no Brasil.
“No primeiro Salão de Detroit, Henry Ford disse que estava trabalhando em algo que teria o impacto de um raio, e era o Modelo T. Hoje, a Ford se orgulha de novamente apresentar um carro que tem a potência de um raio: o novíssimo Mustang Mach-E elétrico. Um carro rápido, empolgante e um símbolo de liberdade para a nova geração de fãs do Mustang”, afirmou Bill Ford, presidente do conselho da Ford.
Um GT elétrico
O Mustang Mach-E terá cinco versões de acabamento: Select, Premium, California Router 1, First Edition e GT.
A versão First Edition será a primeira a estrear nos Estados Unidos, no fim de 2020. Até a metade de 2021 será a vez da configuração Select chegar às ruas norte-americanas.
“Muita gente gosta do Mustang, mas precisa de um carro mais espaçoso para levar a família. E foi o que buscamos com esse carro, que não pode apenas parecer com um Mustang, mas deve ser prazeroso de dirigir como um Mustang. A Ford precisava participar dessa mudança e vencer, e para isso fizemos algo totalmente diferente”, afirmou Ted Cannis, diretor global de eletrificação da Ford.
Haverá configurações com tração traseira ou integral e opções de baterias de 75.5 kWh e 98.8 kWh. A Ford afirma que a autonomia do veículo pode chegar a pelo menos 480 quilômetros nas medições do padrão EPA.
O SUV terá duas variações mais esportivas. De acordo com a assessoria de imprensa da Ford Brasil, o Mach-E GT deve acelerar de 0 a 100 km/h em menos de quatro segundos. Já o GT Performance Edition deve reaizar a mesma tarefa em aproximadamente três segundos. Nos dois casos a potência estimada é de 465 cv e 84,6 kgfm.
São oferecidos três modos de condução: Whisper (“Sussurro”), Engage (“Engajado”) e Unbridled (“Desenfreado”). Cada um deles modifica as respostas do veículo, iluminação ambiente, gráficos do painel digital e até sons. O modo Whisper, por exemplo, possui menor regeneração dos freios e condução mais suave, que pode se transformar caso o motorista pise fundo no acelerador.
Design impressiona
O Mustang Mach-E impressiona bastante ao vivo. Diferentemente da maioria dos SUVs cupês que vemos por aí, ele não apela para traços musculosos e linhas até rebuscadas. No lugar disso vemos um carro imponente, mas com estilo esportivo e harmonioso.
Alguns detalhes remetem ao Mustang cupê, como o desenho dos faróis e as lanternas com lentes triplas na traseira. Outros, porém, foram reinterpretados para deixar claro que o Mach-E é um veículo diferente do modelo no qual é baseado. A grade frontal, por exemplo, reproduz os contornos da peça do cupê, mas é totalmente fechada – sem esquecer do clássico cavalo galopante.
Uma característica curiosa do design é a pintura em dois tons da carroceria: a parte superior do teto é tingida de preto, fazendo com que as seções inferiores das laterais imitem a curvatura do teto do cupê. As portas não possuem maçanetas, substituídas por pequenos botões que podem ser tocados antes de entrar no carro. Entretanto, o veículo reconhecerá a presença de um passageiro por meio de um aplicativo no smartphone, destravando as portas sem a necessidade de pressionar este botão.
A cabine é muito bem acabada e dá destaque para a gigantesca tela vertical de 15,5 polegadas da nova geração da central multimídia SYNC. Ela traz uma interface bastante moderna e intuitiva, nitidamente inspirada nos smartphones.
“O SYNC se adapta ao seu uso, aprendendo rapidamente as suas preferências e fazendo sugestões personalizadas. Ele pode sugerir ir para a academia se aprender que segunda-feira é dia de treinar ou ligar para casa se você fizer isso todos os dias depois do trabalho”, disse Darren Palmer, diretor global de Veículos Elétricos da Ford.
O porta-malas traseiro do Mach-E tem 821 litros, podendo chegar a 1.687 litros com o banco traseiro rebatido. Na frente existe um segundo compartimento de carga com 136 litros, capaz de acomodar uma pequena mala de mão e algumas sacolas. Este “porta-malas adicional” conta com um dreno, permitindo que o usuário lave o local e até acomode gelo para resfriar as bebidas caso queira fazer um churrasco.
E na recarga?
Todo Mach-E será vendido com o carregador convencional A Ford oferece uma estação de recarga, a Ford Connected Charging, que adiciona 35 quilômetros de autonomia por hora de carregamento em uma tomada de 240 volts.
Se o cliente desejar ele pode encomendar uma estação de recarga rápida para ser instalada em sua garagem. Com ela o veículo ganha 51 quilômetros de autonomia por hora de recarga. A fabricante firmou uma parceria com a Amazon Home para realizar a instalação da estação na casa do cliente com eletricistas licenciados.
Além disso, o Ford Pass (aplicativo para proprietários de veículos da marca que também existe no Brasil) contará com uma funcionalidade bastante útil em viagens longas. Ele analisa o trajeto planejado pelo motorista e indica onde há pontos de recarga pelo caminho.
Fora isso, o app também consegue estimar quantos quilômetros o condutor precisará para chegar até cada estação de recarga e quanto ganhará de autonomia de acordo com o tempo que permanecer no local.
Plugado em uma estação de carga rápida com corrente contínua de 150 kW, o Mustang Mach-E pode ganhar 75 quilômetros de autonomia em 10 minutos, no caso da versão com bateria de autonomia estendida e tração traseira. No caso dos veículos com autonomia padrão é possível atingir até 80% da carga em cerca de 38 minutos.
Como anda?
UOL Carros participou de uma apresentação quase secreta realizada dias antes do Salão de Los Angeles, que abre as portas para a imprensa apenas na próxima quarta-feira (20). Por conta de todo o sigilo envolvido, a Ford não permitiu que os jornalistas dirigissem o Mach-E. Mas levou a imprensa para um rápido test-drive em veículos camuflados pelos arredores de uma pequena base aérea ao lado do Aeroporto de Los Angeles.
Conduzido por pilotos profissionais da Ford, o Mach-E mostrou ter desempenho de carro esportivo. As acelerações são extremamente rápidas no modo mais esportivo, mas a falta do ronco do motor V8 cria uma sensação de estranhamento inevitável. E olha que a Ford se esforçou para explicar que desenvolveram um som que incluiu até simulações com o barulho do Batmóvel dos filmes mais recentes do homem morcego.
Experiências sensoriais à parte, vale destacar também que o Mach-E demonstrou estabilidade incomum para um SUV. Quase não se nota rolamento da carroceria nas curvas mais fechadas e nem na prova de desvio sequencial de trajetória, conhecida como slalom.
A Ford investirá mais de US$ 11 bilhões no plano de eletrificação de sua gama de veículos até 2022, incluindo projetos atuais e futuros. Se você não gostou do Mach-E, acho bom se acostumar: mais coisas virão por aí.
* Viagem a convite da Ford