Quando chegou ao Brasil em 2014, o BMW i3, primeiro veículo elétrico da marca, era praticamente uma atração turística. As pouquíssimas unidades vistas nas ruas eram apontadas pelo público que acompanhava o mercado automotivo: “olha, aquele carro é elétrico”. Em seguida vinham os olhares curiosos e admirados. O design com detalhes pouco usuais ajudavam a criar a atmosfera futurista.
Em 2016 – ano em que apenas 1.091 carros elétricos ou híbridos foram vendidos no país – o modelo ainda era novidade. Foi quando o administrador de empresas Leonardo Celli decidiu que era hora de tê-lo na garagem. Desde então, já rodou 130 mil quilômetros apenas com energia elétrica. Descontando o valor do carro – na faixa de R$ 180 mil, na época – e o investimento em uma usina de energia fotovoltaica em sua residência, Leonardo estima que tenha economizado cerca de R$ 65 mil com combustível.
“Não comprei o carro pensando se ele se pagaria, mas ele se pagou há muito tempo. A sensação que tenho no dia a dia é de economia. O quilômetro rodado com energia – mesmo que eu não tivesse energia solar em casa – é 70% mais barato do que com gasolina. Gasolina é um gasto que não existe na minha rotina”, opina o administrador.
O i3 é um hatch de 170 cv de potência e 25,4 kgfm de torque, com autonomia para percorrer 140 quilômetros com uma recarga. Ele também é equipado com um extensor de autonomia à combustão, que permite que percorra mais de 150 km. No entanto, Leonardo sempre evitou usá-lo. Seu carro já fez – e ainda faz – inúmeras viagens de Jaguariúna, cidade onde mora, a São Paulo. Um percurso de 120 km.
“O extensor de autonomia deve ter sido utilizado em 10% dos 130 mil km que rodei com o carro. É o carro que uso no meu dia a dia, para tudo. Uso postos de abastecimento públicos ou nos locais que frequento, qualquer tomada vira posto”, conta.
Economia com manutenção
Até hoje, com seis anos de uso, as baterias que alimentam o motor elétrico não precisaram ser substituídas. Celli também conta que a necessidade de manutenção do carro é baixíssima, limitando-se basicamente à troca de óleo do gerador e de pneus.
Tudo isso se deve à condução diferenciada do carro elétrico. O sistema “one pedal”, que permite que o carro seja conduzido somente com o pedal do acelerador, reduzindo a velocidade quando o motorista tira o pé, evita o desgaste de peças como pastilhas de freio e amortecedor.
“As pastilhas de freio, amortecedores e molas são as originais, em uso desde 2016. É um carro que mal freia, por isso a mecânica segue preservada. O meu gasto com manutenção nesses anos foi mínimo. Sei que um dia terei que trocar a bateria ou de carro, mas não está perto”, avalia.
Com seis anos de uso, o i3 teve uma redução de 14,2% na bateria, de 140 km para 120 km.
Vida adaptada
Para viver com um carro elétrico em uma cidade do interior, Leonardo Celli precisou adaptar a sua vida. Um dos passos foi colocar placas de captação de energia solar em sua residência – além de mapear os pontos públicos de recarga pelos locais onde circula.
“Por incrível que pareça, hoje é mais difícil achar postos de recarga vagos, devido à demanda e baixa manutenção, do que seis anos atrás. Mas qualquer pessoa que entenda um pouco de engenharia sabe que motores elétricos são mais eficientes do que a combustão. Esse é o futuro, não tem jeito”, afirma o entusiasta.