Se hoje eles dominam as tendências e discussões sobre o futuro do automóvel na sociedade, os carros elétricos ainda exigem atenção e devem ser analisados com muita cautela, sobretudo quando levamos em consideração um de seus componentes principais: a bateria.

De acordo com Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências pela USP e professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie, as baterias pesam geralmente entre 250 e 400 quilos. Em sua construção, são usados metais como níquel, cobalto e lítio. Para obtenção de uma tonelada desse último, são necessários cerca de dois milhões de litros de água.

Além disso, para separar o lítio da rocha em que está contido são necessários produtos químicos altamente tóxicos que acabam poluindo o ambiente.

A busca pelo lítio gera outro tipo de problema: a Bolívia detém a metade das reservas conhecidas desse metal, fato que, segundo alguns, tem gerado instabilidade política no país.

Indo além, o professor destaca que algumas mineradoras já desenvolvem escavadeiras de grande porte, capazes de retirar grandes quantidades de material do fundo do mar, enviando-o para terra firme, onde será processado para retirada dos metais desejados. Os rejeitos, entretanto, serão devolvidos ao mar.

Mercúrio e chumbo são alguns dos subprodutos desse processo e, ao serem devolvidos ao mar, envenenarão as águas. O ruído dos equipamentos e o fato das águas se tornarem turvas também causarão danos à fauna. 

Essas corporações pressionam governos no sentido que seja criado um marco regulatório que lhes garanta o acesso legal ao fundo do mar. A International Seabed Authority (Autoridade Internacional do Fundo do Mar), órgão ligado à ONU, trabalha no assunto com a intenção declarada de apenas mitigar os danos que a mineração causará e não de proibi-la.

Ainda não se pode prever a extensão dos danos causados pela mineração no mar, mas a Real Academia Sueca de Ciências, em uma estimativa que se diz conservadora, afirma que apenas um desses equipamentos é capaz de mandar para terra firme quantidades tão grandes de material que podem encher um trem de carga, relata o professor.

E esse é apenas um dos problemas envolvendo as baterias. Com o crescimento da frota global de carros eletrificados (considerando híbridos e elétricos), milhões de toneladas de baterias deverão ser sucateadas a cada ano a partir da próxima década. A reciclagem desse item, realça Breternitz em seu artigo, ainda é antieconômica, ou seja, tem um custo elevado. 

Logo, apesar da melhoria da qualidade do ar que podem promover em especial nos grandes centros urbanos, infelizmente, conclui o professor Breternitz, os carros elétricos ainda não são uma solução totalmente boa, ao menos em termos ambientais. 

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Bateria presente nos carros elétricos ainda tem reciclagem cara e a obtenção de matéria-prima traz desafios
Imagem: Divulgação



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