Lançamentos de novos modelos elétricos, sejam veículos de passeio ou comerciais, têm sido cada vez mais recorrentes no Brasil. Porém, mesmo com o aumento na oferta, o preço ainda é um obstáculo bastante proibitivo. O Volkswagen e-delivery, por exemplo, é o mais recente caminhão elétrico lançado por aqui e tem preço mínimo de R$ 780.000, podendo chegar a R$ 980.000 com maior capacidade e autonomia.
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Com o alto valor para renovar a frota e os combustíveis com preços que não param de subir, uma empresa em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, oferece uma solução alternativa: converter os veículos para elétricos. A Eletra, responsável por trazer o trólebus (ônibus elétricos conectados a cabos de energia) ao Brasil e por desenvolver ônibus EVs para o transporte urbano, agora está convertendo caminhões a diesel em elétricos. O processo é chamado de e-retrofit.
“Desde o começo, nós nunca produzimos um trem de força elétrico. Sempre adaptamos os sistemas de tração já existentes, isso garante um ciclo completo de sustentabilidade, já que eliminamos um veículo poluente” explica Ieda Maria de Oliveira, gerente comercial da Eletra.
Os veículos eletrificados costumam ter entre 8 e 15 anos de uso. A idade, porém, não é um problema, já que a conversão também atualiza outras partes como eixos, suspensão e freios, que passam a ser regenerativos (ou seja, recuperam a energia gerada nas frenagens em energia elétrica para as baterias).
O foco da empresa está no transporte urbano de carga. Os veículos convertidos podem ter autonomia de 30 a 150 km e peso bruto de 3,5 a 54 toneladas. Comparados ao e-delivery, o alcance pode parecer pequeno, visto que no pacote com 6 baterias o caminhão da Volkswagen pode rodar até 210 km. Mas como o processo é customizável, tudo depende da necessidade do cliente.
“Estamos com um projeto novo, (…) ele consiste em ‘retrofitar’ caminhões enormes de matéria prima, que levam o material de um ponto a outro da fábrica. Nesse caso eles não precisarão ter uma autonomia tão alta, pois percorrem uma distância muito curta por dia”, conta Ieda.
Adesão no mercado
A ideia parece estar conquistando os empresários. A Ambev, por exemplo, já anunciou que terá 102 caminhões da sua frota convertidos pela Eletra. Os primeiros testes feitos pela empresa indicaram um consumo de 1kw/h por quilometro rodado – segundo a empresa, esse número representa uma economia de 70% em relação ao diesel. Outra vantagem apontada é que os EVs oferecem uma redução de manutenção e maior viabilidade de entregas em determinados locais, devido à ausência de ruído dos veículos.
O preço é outro grande atrativo do retrofit. Segundo a gerente, dependendo do projeto, os custos de uma conversão podem ser de 25% a 30% menores se comparados a compra de um veículo novo com o conjunto elétrico de fábrica. Além disso, por ser customizável, o cliente não precisa esperar lançamentos do mercado e pode reutilizar um veículo que já é de sua propriedade.
Além da Ambev, a empresa de segurança Protege também já trabalha com a eletrificação e possui primeiro carro-forte elétrico do mundo.
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