Um carro com motor movido a energia elétrica e etanol, simultaneamente. Um futuro mais sustentável e com um olhar para um mercado promissor e abundante por aqui.
O professor doutor Pedro Teixeira Lacava, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, explica que a tecnologia “hibrida” já existe no exterior, mas sem o compromisso com fontes limpas e sustentáveis.
“Os veículos híbridos estão entrando no Brasil para serem utilizados com gasolina e isso, do ponto de vista ambiental, você não está potencializando a redução de gases do efeito estufa. Em um país como o Brasil, com capacidade de uso de etanol seria muito mais interessante se pudéssemos utilizar o hibrido a etanol. O hibrido resolve questões técnicas, pois consegue abastecer com eletricidade você pode utilizar o combustível líquido, de autonomia e de ter disponibilidade rápida do veículo”, defendeu.
Este foi o tema do evento “Híbrido Etanol: o motor do futuro” realizado hoje (6), em Araraquara. Pesquisadores, universidades e o setor empresarial participaram de um ciclo de debates sobre o desenvolvimento de uma nova fonte de energia limpa para automóveis.
O diretor do Instituto de Química da Unesp, Sidney Ribeiro, fala em “utilização consciente do etanol”, e que este processo passa pela contribuição acadêmica.
“O que está se propondo aqui é uma nova tecnologia, na verdade conhecida há muitos anos, mas que se propõe a aproveitar a energia do etanol de uma maneira mais eficiente. Então o primeiro evento nesse sentido, a importância de desenvolvermos essa tecnologia é a opção para o carro do futuro”, apontou.
A discussão foi dividida em três painéis:
“Carro híbrido a etanol (desafios e oportunidades da academia ao mercado)”
“Carro híbrido: Um conceito sustentável – Carro elétrico é mesmo sustentável?”
E “o novo ciclo do etanol: Qual o caminho para o etanol se consolidar como principal fonte sustentável de energia para o futuro?”.
O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Antônio de Pádua Rodrigues destaca a importância da produção de cana de açúcar na região, e o potencial de produzir muito mais, utilizando a mesma área.
“A garantia que haverá um mercado futuro para o etanol, como já existe para o açúcar vai fazer com que o produtor agrícola invista e acreditem nessa atividade que vai ter mercado e diria que isso vai dar um plus para a atividade na região”, disse.
O pensamento sustentável já existe. Matéria-prima e tecnologia também. Então, o que falta para que este modelo chegue ao mercado? O professor doutor Pedro Teixeira Lacava destaca a participação da indústria automotiva para levar este conhecimento para o consumidor.
“O veículo elétrico é muito caro, então não tem demanda e quando não tem o preço não cai para que você comece a ganhar escala de veículos elétricos, além do preço, você tem também a questão da autonomia, o veículo hibrido se coloca nessa posição de conseguir aumentar a autonomia, acelerar abastecimento e tira a insegurança do comprador, que hoje é de alto nível, pois o valor é muito alto”, considerou.
Hoje, carros híbridos custam caro, ainda não se popularizaram. A expectativa é que isso mude num horizonte não muito perto. Carros com melhor eficiência energética, consumo e menor emissão de poluentes.
Quando teremos esse carro circulando por ai? O diretor do Instituto de Química da Unesp responde brincando.
“Essa é a pergunta de US$ 1 milhão. É claro que daí a chegar ao consumidor tem uma distância grande e isso vai depender também da decisão política, todos são obrigados a pensar em alternativas mais amigáveis para o ambiente. É difícil prever, mas alguns anos para termos alguns protótipos e ter um início de produção em escala”, finalizou.