Henderson Martins é um apaixonado pela Ford Ranger. Mais precisamente pela segunda geração, lançada nos Estados Unidos em 1993 e importada para cá já no ano seguinte.
Foi após comprar uma delas que Martins teve uma ideia: transformá-la em um carro elétrico.
“Durante uma viagem à Alemanha para participar de uma feira de energia solar em Munique, nós fomos ao museu da BMW e lá vimos projetos de carros elétricos. Aí pensamos em fazer um projeto assim”, afirmou, em entrevista a UOL Carros.
A Ranger XL 1995 foi adquirida em um leilão em estado deplorável. Depois de realizar uma lavagem completa e desmontar o veículo por inteiro, a picape voltou a funcionar.
Henderson ficou alguns meses utilizando a Ranger com o motor 4.0 V6 original antes de ser novamente desmontada para realizar uma restauração completa. Enquanto isso, juntamente com seu irmão e sócio Hewerton, o engenheiro começou a estudar como realizar a conversão.
Feita no Mato Grosso do Sul
No começo do ano passado, os irmãos trouxeram um motor elétrico dos Estados Unidos refrigerado a água.
A partir daí vários detalhes precisaram ser estudados, desde a escolha de um radiador para realizar a refrigeração correta até a escolha das baterias para proporcionar uma autonomia adequada ao uso do carro.
Como não existe um kit próprio para picapes, vários componentes foram construídos e instalados com mão de obra local, além da ajuda dos amigos do grupo “Os Mecânicos 67”, que reúnem apaixonados por carros da marca Ford.
Hoje, Henderson estima que a potência da Ranger chega a 160 cv. Atualmente, a autonomia é de 50 quilômetros, mas estima-se que, com a instalação das baterias de íon-lítio (que serão instaladas no assoalho da Ranger), o veículo possa rodar até 300 quilômetros. O canal “AutoNewsTV” fez uma matéria mostrando os detalhes do projeto.
O engenheiro estima que a conversão custou aproximadamente R$ 80 mil. Segundo Martins, não foi preciso realizar nenhuma adaptação na estrutura da picape para a instalação do motor elétrico.
Agora, Henderson trabalha para oferecer o serviço de conversão a partir de 2021, inclusive para carros antigos.
E onde recarregar?
Depois de transformar sua Ranger em uma picape elétrica, Henderson se deparou com um problema importante: a falta de pontos de recarga no Mato Grosso do Sul.
Dono de uma empresa de energia renovável chamada Solar Energy, o engenheiro construiu a primeira estação de recarga para veículos elétricos. Alimentada por painéis de energia solar, ela pode ser utilizada por qualquer carro. A estimativa de tempo é de até uma hora e meia para recarregar as baterias de um carro elétrico.
A procura, porém, ainda tem sido baixa: apenas dois veículos já utilizaram o posto de recarga.
Se depender do engenheiro, porém, essa realidade deve mudar nos próximos anos: Henderson conversa com uma empresa para construir um corredor elétrico ligando Mato Grosso do Sul a São Paulo.
“Nossa ideia é criar uma rota de Campo Grande a São Paulo com uma estação de recarga a cada 100 km. Assim, o usuário poderia programar sua viagem por meio de um aplicativo no qual o usuário poderá programar suas paradas sem correr o risco de ficar sem bateria”, concluiu.