A professora, socióloga e presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro, já esteve à frente da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo, presidiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e faz parte da Academia Brasileira de Educação e da Academia Paulista de Educação, além de ter publicado diversos artigos sobre educação e políticas públicas no Brasil. Na entrevista abaixo, ela fala sobre o processo de formação de professores no contexto da pandemia. Confira.
As mudanças trazidas pela pandemia vieram para mudar a educação de maneira definitiva?
Nós achávamos que o século 21 seria marcado pela tecnologia digital. A pandemia acelerou esses processos, trouxe mudanças do ponto de vista pedagógico e nós acreditamos que esse processo é irreversível. É algo positivo e necessário, porque, na verdade, a Educação Híbrida e o uso de tecnologia muitos países e escolas já utilizavam com muito sucesso e muita qualidade. Permite, por exemplo, que o aluno tenha de manhã a aula presencial e à tarde tenha atividades não presenciais, o que amplia o tempo de permanência dos alunos dentro da escola e o acesso a novas plataformas.
Quais os principais desafios que o contexto atual coloca às IES?
São grandes desafios. Em relação à formação continuada, é preciso que as redes de ensino ofereçam cursos de formação para que os professores consigam aprender o uso das tecnologias, como fazer para ajudar todo o processo de ensino e aprendizagem, é importante que os cursos de formação continuada para professores considerem também a importância de mostrar o conceito de ensino híbrido, que é o processo mediado por tecnologia que pode ser longe da escola ou até dentro da escola.
Qual o papel do Conselho Nacional de Educação e do MEC na Formação de professores das redes públicas?
O CNE tem duas resoluções novas, uma para formação continuada e outra para formação inicial, e as duas indicam a importância da formação de professores para o uso das tecnologias, adoção de novas tecnologias ativas que propiciem o desenvolvimento. O Conselho é um órgão normativo de diálogo e interação permanente com a sociedade e interação com o Ministério da Educação na formulação de políticas, e se manifesta por meio de pareceres e resoluções, normas obrigatórias que todos os conselhos estaduais e municipais devem seguir.
Qual o papel do Estágio Supervisionado na qualidade da Formação dos professores?
De acordo com as resoluções do ano passado, o estágio não pode ser presencial neste ano, até porque a maioria das escolas não abriu e as que tinham aberto voltaram a fechar. O estágio é uma maneira de os futuros professores aprenderem a metodologia dentro daquilo que é possível. Há um trabalho sendo feito por parte das faculdades de Educação no sentindo de explorar o uso das tecnologias e as estratégias que as escolas estão usando durante esse processo de pandemia por meio das metodologias ativas. Esperamos que isso seja transitório e que logo os estágios voltem ao presencial, que certamente têm mais efetividade na formação.
(Eduardo Melo é estudante de Jornalismo da UniAraguaia, sob orientação da professora Ana Maria Morais)