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Foto: Andy Wang / Unsplash

A Apple está negociando uma parceria com a Hyundai para o desenvolvimento de carros elétricos. A cooperação com a empresa sul-coreana faz sentido, mas ela pode não ser a única montadora interessada em desenvolver um relacionamento com a fabricante do iPhone.

Não é a primeira vez que a Apple é vista sondando o setor. Executivos da Apple visitaram uma fábrica da BMW em 2014 para verificar a produção de carros elétricos da empresa, mas as conversas não avançaram. Desde então, tem havido muita especulação sobre o “Projeto Titan“, a proposta secreta e destemida da Apple para entrar no setor automotivo.

Um iCar ainda está a anos de distância, sob quaisquer circunstâncias, mas agora pode ser um bom momento para a Apple acelerar seus planos.

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A pandemia provocou uma queda nas vendas mundiais, ao mesmo tempo em que as montadoras começam a enfrentar o enorme desafio de abandonar o motor a combustão interna para lidar com a crise climática. O investimento necessário para desenvolver carros elétricos ajudou a desencadear uma onda de parcerias em todo o setor, com empresas se unindo para dividir os custos.

Nesse ambiente, as montadoras, que antes dificultaram a vida das startups, as impedindo muitas vezes de ganhar tração, estão de repente mais abertas à colaboração. De acordo com analistas, a Hyundai está entre as empresas do setor mais abertas a unir forças com outras empresas, até mesmo da área de tecnologia.

A empresa sul-coreana, que também é proprietária da Kia, está trabalhando em carros autônomos com o gigante de buscas chinês Baidu e a fabricante norte-americana de chips Nvidia. Além disso, a Hyundai está fazendo parcerias em carros elétricos com a nova montadora croata Rimac e com Grab e Ola — rivais da Uber em serviços de mobilidade. Esse grande número de cooperações pode tornar a Hyundai uma parceira mais atraente para a Apple.

All-New Hyundai Kona Electric
All-New Hyundai Kona Electric
Foto: Hyundai / Reprodução

A montadora também é a joia da coroa de um dos conglomerados familiares (chaebol, em coreano) que dominam a economia sul-coreana, produzindo de tudo: de aço a elevadores. Fazer parte de uma rede industrial maior é uma vantagem, de acordo com David Bailey, especialista em automóveis e professor da Birmingham Business School, na Inglaterra.

A Hyundai já fez avanços importantes em veículos de última geração. Em dezembro, a montadora lançou uma nova plataforma de produção chamada E-GMP, que deve permitir a comercialização de veículos elétricos com mais de 450 quilômetros de autonomia e que podem ser carregados até 80% da carga da bateria em 18 minutos, semelhante a outros veículos elétricos no mercado hoje. A plataforma pode ser usada como base para sedans e SUVs, disse a empresa, que também desenvolveu um sistema de células a combustível de hidrogênio.

“A Hyundai fez a parte difícil: eles produzem bons carros. São confiáveis, de boa qualidade e com preços competitivos”, disse Peter Wells, professor da Cardiff Business School no País de Gales e diretor do Center for Automotive Industry Research. Uma parceria com a Apple seria “uma combinação interessante para abrir uma nova era na indústria automotiva”, acrescentou.

Outra razão pela qual a Hyundai faz sentido: a empresa é um player experiente na Ásia, que deve ser o centro do crescimento econômico global nas próximas décadas, e sua fábrica está perto da China, que é o maior mercado de automóveis do mundo e maior criador de demanda por veículos elétricos. Além disso, uma grande parte da cadeia de suprimentos da Apple já está baseada na região, com a Foxconn de Taiwan e outras produzindo iPhones na China e na Índia.

Os investidores reconheceram os possíveis benefícios na sexta-feira (8), fazendo com que as ações da Hyundai subissem cerca de 20% em Seul. Foi o melhor dia para as ações da empresa em pelo menos 20 anos. 

A Apple não quis fazer comentários ao CNN Business. A Hyundai apenas disse em um comunicado que está “recebendo propostas de cooperação de várias empresas, mas nenhuma decisão foi tomada”.

O analista da Wedbush Securities, Daniel Ives, disse em uma nota de pesquisa que os veículos elétricos “podem ser uma oportunidade mundial de um trilhão de dólares na próxima década, e o investimento pesado é um movimento estratégico inteligente para a Apple”. Mas construir carros em grande escala é muito difícil, e uma parceria é o caminho mais provável para um aspirante a ‘iCar’ ingressar no mercado”, acrescentou.

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“Acreditamos, com base em nossas conversas com investidores nas últimas semanas, que muitos em Wall Street prefeririam ver uma parceira da Apple no caminho [dos carros elétricos], em vez de começar a construir seus próprios veículos e fábricas”, disse Ives. “Uma possível colaboração estratégica maior com um player [de carros elétricos] estabelecido como a Tesla ou a Volkswagen seria uma parceria de ouro.”

A Apple também pode optar por entrar em diversas parcerias. Wells disse que a Honda “sempre foi mais aberta e fluida” do que outras montadoras japonesas, como a Toyota, e que a empresa vende milhões de carros todos os anos nos Estados Unidos. “Posso visualizar [a Apple] trabalhando com alguém como a Honda em termos de sua posição no mercado”, comentou.

A Volkswagen, a maior montadora do mundo, pode ser outra opção. A empresa alemã abriu sua plataforma de veículos elétricos Modular Electric Toolkit para outras montadoras e fechou um acordo com a Ford para desenvolver carros elétricos e autônomos. Os analistas também cogitaram a Tata Motors, dona do grupo Jaguar Land Rover, e a Geely, proprietária chinesa da Volvo, como potenciais parceiras da Apple.

Mas é pouco provável que a Apple se associe à maior fabricante de veículos elétricos do mundo, a Tesla. No mês passado, o CEO da Tesla, Elon Musk, afirmou que uma vez tentou vender a Tesla para a Apple, mas que o CEO da Apple, Tim Cook “não quis marcar uma reunião”.

A Apple se recusou a comentar as afirmações de Musk na época.

A perspectiva de uma injeção de dinheiro da Apple seria atraente para as montadoras, que buscam aumentar as vendas e se recuperar da pandemia do novo coronavírus. Mas fazer um carro com a marca de outra empresa pode ser um tiro no escuro para muitos, especialmente aqueles com marcas premium estabelecidas.

“Qual montadora vai ceder primeiro e se tornar uma fabricante terceirizada para uma empresa como a Apple? Essa é a questão”, ponderou Wells.

(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)

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