Presidente e CEO da Volkswagen América Latina desde outubro de 2017, o argentino Pablo Di Si concedeu uma longa entrevista ao jornal Diário do Grande ABC publicada nesta semana na qual abordou diversos temas, desde o cenário econômico do país até algumas iniciativas da marca para nosso mercado. 

Entre suas declarações, o executivo revelou que a Volkswagen conta com um “plano bem robusto” que contempla o lançamento de seis modelos no Brasil englobando modelos elétricos e híbridos. De acordo com Pablo Di Si, a maior ênfase da companhia será em modelos híbridos por conta das dimensões territoriais do Brasil e a consequente dificuldade em criar a infraestrutura para recarga de veículos elétricos em um país tão grande. Esses modelos devem chegar ao Brasil no decorrer dos próximos seis anos.  

Ainda nas palavras do executivo, os automóveis híbridos figuram como uma “excelente transição de dois, três, quatro anos” até a chegada dos modelos com propulsão completamente elétrica. 

Forte defensor de investimentos em pesquisa para incentivar o uso do etanol, Pablo Di Si menciona que o combustível hoje amplamente integrado à matriz energética brasileira poderia ser utilizado até mesmo na geração de energia para o abastecimento dos automóveis elétricos no futuro. Sobre o tema, o presidente e CEO da Volkswagen América Latina comentou que essa seria uma “oportunidade única” para o país. “O flex é uma invenção brasileira e que ficou no Brasil. Se encontrarmos uma solução, isso pode valer não só para o país, mas para o mundo, até porque há carros elétricos em todo o mundo”, declarou Di Si. 

Volkswagen ID.4
Volkswagen ID.4
Imagem: Divulgação

O principal executivo da VW no Brasil mencionou ainda o uso de células de combustível que obtém eletricidade a partir do etanol, projeto no qual a concorrente Nissan está trabalhando inclusive aqui no Brasil em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). “Acredito muito no etanol e em começar a colocar, num carro híbrido, as células de combustível a etanol. E aí podemos começar a falar em bateria, recarga e como produzir. Mas primeiro precisamos mudar a tecnologia. E isso depende de pesquisa, são muitas tentativas, é processo demorado, mas aqui no país há excelentes pesquisadores, e acho que todos estão trabalhando de forma acelerada”, pondera Di Si. 

Sobre o atual contexto econômico e do setor automotivo no Brasil, o responsável pela Volkswagen no país declarou durante a entrevista que “a saída não é incentivar a indústria”. “Não precisa incentivar nenhuma indústria, comecemos com simplificar, nem estou falando em reduzir os impostos. Simplifiquemos. Quando se compara Brasil com Estados Unidos, temos dez vezes mais funcionários na área fiscal, para seguir todas as regulamentações de PIS/Cofins, ICMS, IR… todo o Carnaval que temos de impostos. Sem falar que isso é uma complexidade muito alta para todas as indústrias. Se o governo atacar positivamente a complexidade e ao mesmo tempo reduzir a carga tributária, acho que é o caminho certo”. 

Para Di Si, a decisão do governo paulista de aumentar a alíquota do ICMS para carros novos de 12% para 13,3% “vai na contramão do mundo” e que a elevação da carga tributária terá “impacto no bolso das pessoas e no volume produzido” pela empresa. O executivo revelou também que a Volkswagen “tem planos” para um novo investimento em sua fábrica localizada na cidade de São Bernardo do Campo (SP). 

Por fim, Pablo Di Si alerta para a profunda transformação que o setor automotivo global está passando. “Nos últimos anos, começamos a ter outro tipo de concorrente, como empresas do setor de tecnologia de carros, como a Tesla, que tem carros, mas é muito tecnológica. Então, essa mudança está sendo transformadora e vai ser ainda mais na próxima década. Quase todas as empresas estão alocando muito capital nos carros elétricos, híbridos e autônomos. O resto do orçamento vai ficar apertado para os carros a combustão que já conhecemos. Essa dinâmica ocorre em nível mundial e temos de entender o que está acontecendo e implementar políticas de Estado e empresariais de 10, 20 anos, para ver o que fazer para que a indústria continue no tempo, porque se não fizermos nada, ela vai desaparecer daqui a 20, 30 anos”, conclui o executivo. 

Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América Latina
Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América Latina
Imagem: Divulgação



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